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A embaixadora e secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Maria Figueiredo Padovan, lamentou a repercussão negativa com o vazamento da suposta espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o governo do Paraguai e negou a anuência do governo Lula no caso.
A ação hacker foi noticiada pelo UOL, no dia 31 de março, a partir dos depoimentos de dois servidores da Abin à Polícia Federal (PF) e da confirmação de um agente a par da investigação. Segundo a reportagem, o hackeamento dos sistemas do governo paraguaio teria ocorrido para se obter informações sigilosas referentes às negociações da tarifa de venda de energia da usina de Itaipu Binacional.
No mesmo dia, após a divulgação da reportagem, o governo brasileiro admitiu a existência da operação, alegando, no entanto, que ela foi iniciada no governo Bolsonaro e encerrada em março de 2023, já durante a atual administração do presidente Lula.
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“Sobre o Paraguai, um país amigo, lamentamos profundamente o que aconteceu. E a nossa informação, que dispomos no momento, é o que está na nota. Houve um programa iniciado no governo passado, encerrado neste governo. E realmente não nos passaria pela cabeça espionar um país amigo”, disse a embaixadora, nesta quinta-feira (3), ao conversar com jornalistas sobre a participação do presidente Lula na Cúpula da Celac, que será realizada na próxima semana.
“Acho que as instituições envolvidas estão fazendo seus processos internos de averiguação, inclusive do lamentável vazamento à imprensa, não deveria ter ocorrido. Porque há coisas que são feitas mas que não devem ser publicadas por razões óbvias”, continuou a embaixadora.
Padovan reforçou que “o Itamaraty não tem absolutamente nada a ver” com o caso e que o governo trabalha para evitar o desgaste das relações com o Paraguai. A embaixadora também disse que possivelmente novas informações sobre o caso serão divulgadas nos próximos dias.
Tarifas de Trump
Questionada sobre o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a embaixadora disse que o tema não será prioridade nos debates da Celac.
“Acho inevitável que ocorram discursos, mas não é o foco e talvez haja um parágrafo na declaração, mas não vejo capacidade de unir todas as diferentes realidades e eu acho que cada país tem a sua estratégia de como resolver o tema”, afirmou Padovan.
Na quarta-feira (2), após semanas falando no “Dia da Libertação”, Trump anunciou uma tarifa recíproca de 10% para o Brasil. O valor representa a taxa mínima imposta por Trump na comparação com outros países.
Além do Brasil, foram taxados com o mesmo percentual (10%) o Reino Unido e o Chile. A tarifa para a China será de 34%; União Europeia, 20%; Vietnã, 46%; Camboja, 49%; África do Sul, 30%; Israel, 17%; Japão, 24%.
Após o anúncio feito por Donald Trump, o governo brasileiro se manifestou sobre a medida. Em nota conjunta, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC), lamentaram as tarifas contra o Brasil e afirmaram que vão buscar alternativas para lidar com as taxas.
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