• Carregando...
Maximiano CPI
Presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, anunciou que o depoimento de Francisco Maximiano ficou para agosto.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

A decisão do presidente da CPI da Covid do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), de transferir para agosto o depoimento do proprietário da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, foi celebrada por integrantes do colegiado que fazem oposição ao governo. A avaliação dos parlamentares é que o período até a oitiva pode prepará-los para o interrogatório e também se transformou em tempo para o estudo de documentos que envolvem a empresa e estão de posse do colegiado.

"Foi um adiamento produtivo para a investigação. Permite mais tempo para análise dos documentos e das quebras de sigilo relacionadas a ele", disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Já Humberto Costa (PT-PE) definiu o adiamento como bom "para os dois lados". Segundo ele, a medida traz mais tempo para Maximiano se preparar para a CPI, mas também abre espaço para os senadores fazerem o mesmo.

A fala de Maximiano estava prevista para acontecer nesta quarta-feira (15), mas teve sua data modificada por Aziz pelo fato de a CPI ter ouvido, no mesmo dia, a diretora da Precisa, Emanuela Medrades. A oitiva de Medrades estava agendada para a terça (13), mas um impasse judicial travou o depoimento e o arrastou até o dia seguinte. Inicialmente, a CPI ouviria tanto Medrades quanto Maximiano no mesmo dia, mas a prorrogação da fala da diretora levou à mudança de data do dono da empresa.

Foi a segunda ocasião em que a CPI precisou reagendar o depoimento de Maximiano. O primeiro dia reservado para o seu depoimento foi 23 de junho. Na véspera, porém, ele alegou que precisava cumprir quarentena, por ter estado na Índia dias antes. A manifestação contrariou senadores, que viram uma espécie de "provocação" por parte do executivo — a crítica se deu pelo fato de ele ter pedido o adiamento apenas na véspera, sendo que sua viagem à Índia havia ocorrido com mais antecedência.

Maximiano entrou no radar da CPI ainda no início de junho, quando os senadores oposicionistas do colegiado começaram a questionar o fato de a vacina Covaxin receber supostos privilégios dentro do Ministério da Saúde. A Covaxin é fabricada pela empresa indiana Bharat Biotech, que no Brasil tem a Precisa como representante. O imunizante é o mais caro entre os comercializados com o governo brasileiro e a negociação é a única que envolve uma empresa intermediária, não sendo um diálogo direto entre a fabricante e o Ministério da Saúde.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que também faz oposição ao governo Bolsonaro na CPI, disse que o ideal seria ouvir Maximiano na sequência do depoimento de Emanuela Medrades. “É ele que tem que falar para fechar os pontos", disse a parlamentar. Segundo ela, Medrades fez críticas a servidores do Ministério da Saúde e poupou autoridades como o ministro Onyx Lorenzoni e o ex-secretário-executivo da Saúde Elcio Franco. “Foi uma tentativa de proteger alguém", declarou.

Do lado do governo, a expectativa é que até agosto a situação que envolve a Precisa esteja resolvida. A avaliação é do senador Marcos Rogério (DEM-RO). Segundo ele, o depoimento de Medrades e outros elementos coletados pela CPI são um “atestado de honestidade ao governo Bolsonaro". O parlamentar destaca o desmentido de que houve oferta de vacina a US$ 10 e também o fato de que a negociação entre a Precisa e o governo brasileiro não ter sido efetivada.

A CPI deve entrar em recesso, assim como o restante do Congresso Nacional, a partir de sexta-feira (16). A previsão inicial é de que o colegiado só retome os trabalhos a partir de 3 de agosto.

CPI ouve representante da Davati e vota requerimentos nesta quinta

Antes da paralisação, porém, a CPI terá ao menos um depoimento: o de Cristiano Carvalho, agendado para esta quinta-feira (15). Ele é o representante da empresa Davati Medical Supply, que teria negociado vacinas com o Ministério da Saúde.

A Davati é a empresa para a qual trabalhava o policial militar Luiz Dominguetti, que denunciou cobrança de propina por parte de membros do Ministério da Saúde. Segundo Dominguetti, o ex-diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, disse que a negociação para a compra de vacinas seria encaminhada se fosse paga propina no valor de US$ 1 dólar por dose. Tanto Dominguetti quanto Dias foram à CPI, e o ex-diretor do Ministério chegou a ser preso por supostamente ter mentido à comissão.

Os depoimentos de Dominguetti e Dias não encerraram o interesse da CPI pela Davati. Ao contrário: muitos senadores, tanto da oposição quanto os governistas, passaram a questionar elementos das histórias relatadas por Dominguetti e Dias. Como, por exemplo, o fato de Dominguetti ter se apresentado como negociador das vacinas AstraZeneca, sendo que a empresa negou ter intermediários para a venda de imunizantes.

O senador Marcos Rogério disse reconhecer como "acusação grave" a denúncia de Dominguetti, mas chamou o episódio de "crime impossível", uma vez que não houve a consumação de qualquer negociação. Já Humberto Costa definiu Carvalho como "pessoa-chave" e disse que há "muitas coisas para ele explicar".

A CPI pode votar também nesta quinta um requerimento que pede a convocação do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. A convocação dele foi demandada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Os parlamentares querem que o diretor da Abin fale sobre uma declaração de Bolsonaro que sugeriu que o coronavírus foi criado artificialmente pela China e também que explique o que alguns senadores consideram como medidas de intimidação dos membros da CPI feita por parte da agência.

Marcos Rogério chamou a proposta de "desvio de foco" e falou que a atuação de Ramagem não tem nenhuma conexão com a pandemia. E o senador Alessandro Vieira disse ser "perfeitamente possível" a convocação, mas ressaltou que "é preciso avaliar se é produtivo".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]