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Viagens de Lula

Organização da sociedade diz que viagem de Lula à Rússia sinaliza apoio a Putin

Lula
Presidente brasileiro participará de comemoração em Moscou da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. (Foto: reprodução/Canal Gov)

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O diretor executivo do Grupo Livres, Magno Karl, enviou uma carta aos senadores criticando duramente a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Rússia, nesta quarta (7). O petista foi convidado pelo presidente russo Vladimir Putin para participar das comemorações do 9 de maio, data em que o país celebra a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial.

Para o, a visita representa um apoio simbólico à política beligerante de Putin e compromete os princípios históricos da diplomacia brasileira. A carta destaca que o dia 9 de maio, escolhido para a visita, não é uma data qualquer.

“É a data comemorativa à vitória dos soviéticos na Segunda Guerra Mundial, ocasião em que Putin anualmente desfila com suas tropas e mísseis nucleares na Praça Vermelha, lembrando ao mundo de seu potencial destruidor", escreveu Karl ressaltando que a presença de Lula envia uma mensagem política perigosa, especialmente no atual contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia.

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Vladimir Putin, que governa a Rússia há 25 anos, é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), emitido em 2023, devido a crimes de guerra durante a invasão da Ucrânia. Como membro fundador do TPI, o Brasil estaria legalmente obrigado a prender o líder russo caso ele pisasse em território nacional.

“É triste ironia ver Lula, uma liderança que surgiu em oposição ao Regime Militar no Brasil, emprestar sua imagem a uma figura tão militarista como Putin”, criticou Karl.

O dirigente do Livres acusa o presidente brasileiro de agir com condescendência em relação ao Kremlin. Ele destaca que Lula trata Putin com cordialidade excessiva e nunca manifestou qualquer reprovação pública às ações russas, ao passo que reserva críticas ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a quem atribuiu parte da responsabilidade pelo conflito. Lula já afirmou que Zelensky “tem interesse em continuar com a guerra” e que seria “igualmente responsável pelo seu início”.

“Durante os três anos de guerra, o governo Lula não demonstrou qualquer solidariedade à parte agredida, tendo acatado diversas teses russas sobre as origens do conflito e suas soluções”, pontua.

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Karl afirma que essa posição contraria tratados internacionais e os princípios constitucionais da política externa brasileira, como a defesa da paz, a autodeterminação dos povos e a prevalência dos direitos humanos, previstos no artigo 4º da Constituição Federal.

Outro ponto abordado é o aumento da dependência brasileira do diesel russo desde o início da guerra. O grupo aponta que 60% do combustível importado vem da Rússia, cerca de US$ 6 bilhões por ano.

“A Petrobras e os consumidores brasileiros abastecem de rublos os cofres do Kremlin, habilitando seus exércitos a prosseguir a escalada de sua barbárie com sangue ucraniano”, declarou o dirigente do Grupo Livres.

Magno Karl argumenta que a visita de Lula será explorada pelo governo russo como prova de apoio internacional, em um momento em que a maioria das democracias do Ocidente se mantém firme ao lado da Ucrânia e das sanções contra Moscou.

Para ele, a foto de Lula “acenando na Praça Vermelha será muito mais do que simbólica: sedimentará nossa posição entre os países ‘contra-hegemônicos’”, alertou.

Lula em Moscou

O presidente Lula chega a Moscou no final da tarde desta quarta (7) para participar das comemorações nos próximos dias, e depois segue para Pequim, entre os dias 12 e 13 de maio, para participar do Fórum China-Celac.

Apesar das críticas do Grupo Livres, o embaixador Eduardo Saboia, secretário do Ministério das Relações Exteriores para Ásia e Pacífico, afirmou que o Brasil procura a paz e tem um “diálogo com a Rússia em vários assuntos”.

“Tem uma relação comercial importante com a Rússia de produtos do agronegócio, e queremos equilibrar nossa balança comercial”, completou.

Segundo a pasta, a Rússia é o quinto país de quem o Brasil mais importa produtos, tendo somado US$ 10,9 bilhões em importações entre janeiro e março deste ano, contra US$ 1,45 bilhão de exportações.

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