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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou o governo Lula (PT) por ter autorizado um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer a ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, condenada pela Lava Jato, ao Brasil, mas não fazer o mesmo sobre o traslado do corpo da publicitária brasileira Juliana Marin, que morreu ao cair de uma trilha em um vulcão da Indonésia.
Mais cedo, o Itamaraty disse, em nota, que “o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos”, justificando o impedimento com base em um decreto de 2017 da Lei de Migração.
“Eu me envergonho de ver o governo brasileiro mandar um avião da FAB buscar uma corrupta lá no Peru, condenada pela Lava Jato, que nós enterramos aqui no Brasil […] mas a má vontade é grande, por exemplo, com relação a brasileira que faleceu na Indonésia. E tem a burocracia: ‘não está na lei para trazer ou para o avião da FAB ir buscar’, mas para trazer a corrupta do Peru pode”, disse o senador durante a sessão desta tarde.
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Heredia é esposa do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016). A ex-primeira-dama pediu asilo no Brasil alegando perseguição política após ela e Humala terem sido condenados pela Justiça do Peru a 15 anos de prisão no caso Odebrecht, conduzido pela Lava Jato local.
Os dois foram acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro qualificada por financiamento ilegal, por parte do ex-ditador venezuelano Hugo Chávez e da construtora brasileira Odebrecht, para campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011.
A FAB impôs sigilo de cinco anos sobre os custos operacionais dos voos realizados para buscar a ex-primeira-dama do Peru, segundo apuração da coluna de Tácio Lorran, do portal Metrópoles, divulgada nesta quarta-feira (25). A FAB foi questionada sobre as despesas via Lei de Acesso à Informação (LAI), mas disse ao Metrópoles que os dados são de acesso restrito, uma vez que “são essenciais para os planos e as operações estratégicos das Forças Armadas”.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que o uso do avião da FAB era “a única forma que havia de retirá-la com segurança e rapidez do país”, com anuência do governo peruano.
Ao explicar o caso de Juliana, o Itamaraty afirmou que a legislação determina que a assistência consular do governo brasileiro “não compreende o custeio de despesas com sepultamento e traslado de corpos de nacionais que tenham falecido do exterior, nem despesas com hospitalização, excetuados os itens médicos e o atendimento emergencial em situações de caráter humanitário”.
Juliana sofreu a queda na última sexta-feira (20), seu corpo foi encontrado nesta terça-feira (24), após cerca de quatro dias de espera pelo resgate. O pai da jovem, Manoel Marins Filho, está na Indonésia para realizar os trâmites necessários para o traslado.
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