A pesquisa “A Cara da Democracia 2019” identificou uma melhora na confiança dos brasileiros em relação ao funcionamento da democracia no país. No ano passado, 33% se disseram satisfeitos contra 18% em 2018. O descontentamento com o sistema democrático ainda é grande, mas já foi pior: 65% demonstraram insatisfação em 2019. Mas no ano anterior eram 80%.
Além disso, talvez por um reflexo das eleições 2018, entre os entrevistados a maioria confia mais nas informações de grupos de WhatsApp do que nos meios de comunicação tradicionais.
Apesar de a maioria dos entrevistados ser favorável à democracia, a confiança nas instituições que representam classicamente o Estado Democrático de Direito é baixa. Por exemplo, metade não confia no Congresso e mais pessoas confiam na forças policiais do que no Supremo Tribunal Federal (STF). O resultado demonstra o desgaste de instituições tradicionais junto à opinião pública.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação. Foram entrevistadas 2.009 pessoas, em 151 municípios entre 8 e 16 de novembro de 2019. Segundo o instituto, "a pesquisa tem como objetivo produzir um retrato atualizado de como o brasileiro enxerga a democracia no país e como se apropria de informação política".
Maioria é contra golpe militar
Ao contrário de 2018, a maioria das pessoas acreditam que um golpe militar não se justificaria nas seguintes circunstâncias: muita corrupção, muito crime, instabilidade política, crise econômica, muitos protestos sociais e alto desemprego.
Confiança nas instituições da democracia diminui
A descrença da população nas instituições originalmente representativas da população mudou o peso da confiança. Metade não confia no Congresso (50,2%), em 2018 a desconfiança chegou a 56,3%. Mais pessoas confiam na polícia do que no STF. Por exemplo, “confiam muito” na Polícia Federal (33%) e na Polícia Militar (20%), já no STF apenas 12% dos entrevistados.
O Poder Judiciário como um todo também não inspira tanta confiança nos entrevistados. Apenas 8,3% confiam muito na instituição e 38,2% não confiam. A confiança nas Forças Armadas era maior em 2018. Ainda assim, em 2019 a confiança chegou em 29,1%. Já as igrejas inspiram muita confiança em 32% dos entrevistados. E 44% dizem não confiar no presidente da República.
Redes sociais e a mídia tradicional
A aproximação das eleições municipais pode repetir o fenômeno da distribuição de desinformação (fake news) que ocorreu em 2018, a grande maioria disseminada via aplicativos de mensagens. Ainda assim, para 30% dos entrevistados, a principal fonte produtora de notícias falsas é a televisão, seguida dos jornais impressos (20%). Mais pessoas “confiam muito” no grupo de família do WhatsApp, do que nos meios de comunicação.
Lava Jato e Lula
Com os muitos reveses causados à Lava Jato nos últimos anos, a pesquisa mostrou que 53% dos entrevistados acreditam que a corrupção “continuou como estava” depois da operação. Sobre a condenação do ex-presidente Lula a maioria (32%) “discorda muito” e 28% “concorda muito”.
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