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A Polícia Federal intimou nesta terça (15) o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, para prestar depoimento sobre a suposta espionagem do órgão ao governo do Paraguai em meio às negociações do tratado da venda de energia excedente da usina de Itaipu Binacional.
Além dele, também foi intimado o ex-diretor-adjunto, Alessandro Moretti. Em princípio, segundo fontes, os depoimentos estão marcados para quinta (17).
À Gazeta do Povo, a Abin afirmou que Corrêa está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sobre a suposta espionagem e que "remetem a decisões tomadas em gestão anterior" (veja na íntegra mais abaixo).
No mês passado, a suposta espionagem foi noticiada pelo UOL a partir dos depoimentos de dois servidores da Abin à Polícia Federal e da confirmação de um agente a par da investigação. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de ter autorizado o monitoramento de autoridades paraguaias pela Abin.
Segundo a apuração, o hackeamento dos sistemas do governo paraguaio teria ocorrido para se obter informações sigilosas referentes às negociações da tarifa de venda de energia. Em meados de maio de 2024, o Brasil concordou em aumentar o valor pago, embora abaixo do solicitado pelo país vizinho.
Fontes relataram à reportagem que a investigação está avançada tanto no Brasil como no Paraguai, mas principalmente no país vizinho por conta do envolvimento de autoridades e de sistemas de um país soberano.
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O governo brasileiro informou que não há confirmação se as informações supostamente obtidas pela Abin influenciaram diretamente nas negociações das tarifas de energia entre os dois países.
“O governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje (segunda, 31), contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria”, disse a Secretaria de Comunicação Social (Secom), da presidência da República, em nota.
Já o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, adotou cautela sobre a suposta espionagem. No entanto, afirmou que se a informação for verdadeira, seria “extremamente grave” e causaria uma “deterioração das relações” entre os dois países.
“Até ouvirmos alguma explicação para a origem desses vazamentos, devemos ter cautela. [...] Precisamos conversar com o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) e tirar conclusões com absoluta certeza”, disse em entrevista ao jornal paraguaio ABC Color.
Giménez ainda afirmou que a relação entre Lula e o presidente Santiago Peña é “estreita” e de “grande sentimento de confiança”.
Veja abaixo o que disse a Abin sobre a intimação do diretor-geral Luiz Fernando Corrêa pela Polícia Federal:
O diretor-geral da ABIN está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência.









