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Mauro Cid ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
PF usa vídeo encontrado com Mauro Cid para embasar operação.| Foto: Alan Santos/PR.

A Polícia Federal (PF) está utilizando um vídeo apreendido com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, para justificar ações da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na manhã desta quinta-feira (8). Na operação, que tem como alvo o ex-presidente Bolsonaro (PL) e aliados, foram cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em nove estados e no Distrito Federal.

De acordo com as informações obtidas pela Gazeta do Povo, o referido vídeo registrou uma reunião realizada por Bolsonaro, no dia 5 de julho de 2022, com a presença do então ministro da Justiça, Anderson Torres; do então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno Ribeiro Pereira; do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira; do então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República, Mário Fernandes, e do ex-ministro Chefe da Casa Civil e então futuro candidato a vice-Presidente da República, Walter Souza Braga Netto. Todos hoje são investigados por supostamente colaborar em ações que levariam a um golpe de Estado no país após a eleição presidencial de 2022. A reunião aconteceu pouco antes do encontro de Bolsonaro com embaixadores que foi usado pelo Tribunal Superior Eleitoral para declarar o ex-presidente inelegível.

No documento que embasou a operação, a PF alegou que a reunião gravada “teve como finalidade cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral”. O texto do inquérito interpreta trechos de falas de Bolsonaro e de seus assessores e diz que o objetivo da reunião era "reforçar aos presentes a ilícita desinformação contra a Justiça Eleitoral, apontando o argumento de que as Forças Armadas e os órgãos de inteligência do Governo Federal detinham ciência das fraudes".

Mas em um trecho retirado do vídeo e transcrito pela PF, Bolsonaro deixa claro que não está cogitando o uso da força para intervir nas eleições. Ele teria dito que as providências a serem tomadas em relação a alegadas falhas no sistema eleitoral não envolveriam força ou “tiros” e “tacar fogo” ou “metralhar”. "(...) nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se fo**? Depois perguntar: porquê que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, cara**! Não é dar tiro. Ô Paulo Sérgio, vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, porra!".

Ao alegar que Bolsonaro teria promovido “desvio de finalidade das funções do cargo”, o documento afirma que o ex-presidente teria dito que seus ministros deveriam “promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação”.

“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me ti... demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado. Se tá achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018, e vou provar, o cara tá no lugar errado”, diz outro trecho transcrito a partir do vídeo obtido pela PF e atribuído a Bolsonaro.

O inquérito da Polícia Federal que baseou a operação, no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro, alega que Bolsonaro teria tido acesso à minuta de um decreto que supostamente levaria a um golpe de Estado no país após a eleição presidencial de 2022. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto foi um dos envolvidos na operação e acabou sendo detido depois que a PF encontrou uma arma supostamente irregular em um endereço ligado a ele.

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