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Presidente da Câmara vê mundo colorido, após jantar na casa de Moraes

Na sessão que marcou os 40 anos da redemocratização do país, o presidente da Câmara, Hugo Motta, fez um discurso de quem acabou de chegar de Marte, ignorando completamente a realidade brasileira. Na verdade, ele tinha chegado de um jantar com Alexandre Moraes. Jurou, de pés juntos, que não existe mais censura no país, nem perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos, nem crimes de opinião.

Ele não estava brincando. Fez as declarações em tom de conversa séria. Qualquer pessoa que não tenha ficado completamente alienada da realidade nos últimos anos sabe que o cenário cor de rosa pintado por Motta não existe no Brasil.

A não ser que se apague da história que o tal inquérito das fake News, que acaba de completar seis anos, foi criado justamente após um ato de censura contra reportagem da revista Crusoé que falava sobre “o amigo do amigo do meu pai”, ligando o ministro Dias Toffoli ao empreiteiro Emílio Odebrecht. Será preciso também erradicar da memória que essa censura, autorizada pelo STF, com a ressalva de Cármen Lúcia de que deveria ser excepcionalíssima, virou prática comum pelas mãos de Alexandre de Moraes. Sozinho e de ofício, ele disparou dezenas de ordens secretas para remover postagens e derrubar contas nas redes sociais. Sem dar satisfação a ninguém.

Jantar de Moraes teve efeitos mágicos

As palavras do presidente da Câmara fazem pouco caso das revelações de assessores de Moraes. Flagrados em conversas de WhatsApp, eles eram cobrados para “ser criativos” na busca de alguma coisa para derrubar perfis de veículos de comunicação de direita. Ao dizer que não existem exilados nem perseguição política, Motta normaliza as penas draconianas aplicadas a manifestantes de 8 de janeiro, superiores às aplicadas a ladrões e criminosos. E ignora solenemente as centenas de pessoas que buscaram refúgio na Argentina, na Europa e nos Estados Unidos, por se recusarem a ser bodes expiatórios na sanha condenatória do STF.

A “conversão” de Hugo Motta para o moraesismo ocorreu após um jantar oferecido por Alexandre de Moraes, às vésperas do ato de celebração de 40 anos da redemocratização. Outro que estava presente no jantar, o presidente do STF, Roberto Barroso, disse que num momento "em que há escuridão no horizonte global, nós podemos ser as luzes do caminho (...) Temos tudo para ser a sensação do mundo". Como se vê, definitivamente havia algum ingrediente mágico nos pratos servidos durante o convescote.

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