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Gilberto Kassab, presidente do PSD, filiou recentemente ao partido o prefeito do Rio Eduardo Paes.
Gilberto Kassab, presidente do PSD, filiou recentemente ao partido o prefeito do Rio Eduardo Paes.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Poucos partidos vêm se movimentando tanto no xadrez político nacional em 2021 quanto o PSD. O presidente nacional da sigla Gilberto Kassab quer colocar o partido como alternativa de centro para as eleições do ano que vem e para isso não vem medindo esforços. Ex-prefeito de São Paulo, Kassab tem se afastado do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e costura candidaturas nos estados que podem envolver alianças com o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na mais recente articulação, Kassab convenceu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a trocar o DEM pelo PSD. O partido deve atrair ainda o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e seu grupo político, como os deputados Pedro Paulo (DEM) e Marcelo Calero (Cidadania), hoje secretários da prefeitura carioca.

Vereadores da capital fluminense, incluindo o ex-prefeito e pai de Rodrigo, César Maia (DEM), e o presidente do Legislativo local, Carlo Caiado (DEM), também devem rumar para o partido. Rodrigo Maia encaminhou nesta sexta-feira (14) seu pedido de desfiliação do DEM ao Tribunal Superior Eleitoral.

“É uma liderança com nome nacional e capital político representativo. Qualificará as hostes do PSD”, defendeu o deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) sobre a possível filiação de Maia e seu grupo político ao partido.

Com a chegada de Paes, o Rio de Janeiro será a maior capital administrada pelo PSD no país, desbancando Belo Horizonte, comandada por Alexandre Kalil. Segundo aliados de Kassab, a estratégia mira fortalecer o partido no estado depois que o MDB perdeu espaço devido aos escândalos de corrupção envolvendo velhos nomes da política local, como os ex-governadores Luiz Fernando Pezão, Sérgio Cabral e Anthony Garotinho.

O prefeito carioca será o responsável por construir uma candidatura ao governo estadual para o próximo ano. Eduardo Paes tem mantido conversas com o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) na esperança de compor uma aliança que envolva partidos de esquerda e de centro como alternativa.

O recém-filiado ao PSD também tenta atrair o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, para uma eventual candidatura ao Executivo estadual ou ao Senado. “Não quer dizer que será ele o candidato. Mas ter um quadro como o Felipe me acompanhando é uma forma de contribuir com o processo eleitoral no Rio”, afirmou Paes ao jornal Extra.

Candidatura de Kalil em Minas garantiu apoio a Rodrigo Pacheco

Em Minas Gerais, a aposta do PSD é na candidatura de Alexandre Kalil para o governo estadual em uma aliança que deve contar com o DEM, PT e outras siglas da esquerda e do centro. A estratégia vem sendo desenhada desde o começo deste ano e passou pelo apoio do partido de Kassab ao nome de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado.

O PSD detém a segunda maior bancada da Casa, com 11 senadores, e condicionou o apoio a Pacheco à candidatura de Kalil para o governo de Minas Gerais em 2022. A costura envolveria ainda a candidatura do senador Carlos Viana (PSD-MG) à prefeitura de Belo Horizonte nas eleições municipais de 2024.

Senador pelo partido, Antonio Anastasia (MG) termina seu mandato em 2022 e pretende coordenar a campanha de Kalil no estado. Com isso, Pacheco deve indicar Alexandre Silveira, seu aliado local e que está no comando do PSD de Minas Gerais, para se candidatar ao Senado na chapa de Kalil.

Cenário indefinido em São Paulo, mas com boas perspectivas

Enquanto as alianças no Rio de Janeiro e em Minas Gerais já começam a ser seladas, em São Paulo o cenário para o PSD ainda é de indefinição, embora com boas perspectivas. Apesar de ser aliado do governado João Doria (PSDB), que busca viabilizar sua candidatura à presidência da República em 2022, Kassab quer lançar candidatura própria ao governo paulista e para isso tenta atrair um nome de peso: o ex-governador Geraldo Alckmin.

Historicamente atrelado ao PSDB, Alckmin tem liderado a intenção de voto em São Paulo, mas está sem espaço no ninho tucano, que deve apostar na candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), com a bênção de Doria. Garcia se filiou ao PSDB nesta sexta-feira (14). Se por um lado o gesto enfraquece anda mais as pretensões políticas de Alckmin na sigla, por outro deixa Kassab ainda mais confiante com a possibilidade de contar com a filiação do ex-governador tucano.

Com uma possível chegada no PSD, Alckmin estuda compor uma aliança com o também ex-governador e pré-candidato ao governo paulista Márcio França (PSB), que aparece em segundo lugar em pesquisa de intenção de voto. Os dois foram companheiros de chapa em 2014 e dividiram o governo de 2015 a 2018. França assumiu definitivamente o cargo de governador em abril de 2018, quando Alckmin tentou a Presidência da República. Naquele ano França acabou perdendo a reeleição para João Doria no segundo turno da disputa.

Neutralidade do PSD em relação à disputa presidencial deve seguir até 2022

Enquanto articula candidaturas para governos estaduais, a cúpula do PSD também espera ampliar o seu número de cadeiras no Legislativo. Aliados de Kassab afirmam que a estratégia é dar espaço para nomes fortes da sigla nos diversos estados onde houve crescimento de eleitos nas eleições municipais do ano passado.

Atrás apenas do DEM e do PP, o PSD foi um dos partidos que mais teve prefeitos e vereadores eleitos na última disputa. A legenda passou de 539 para 657 prefeituras em quatro anos, um aumento de 116 cidades, principalmente no Sul, no Nordeste e no Norte. O número de vereadores também cresceu, saltando de 4.650 para 5.694, o que representou um avanço de 22% nas câmaras municipais. Os vereadores são os maiores cabos eleitorais de deputados e senadores.

Hoje a legenda tem a quarta maior sigla da Câmara, e a segunda vice-presidência da Casa. No Senado, além da segunda maior bancada, tem o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (AM), e também, Otto Alencar (BA) na comissão de inquérito. Kassab acredita que Bolsonaro deve sofrer desgaste e "sangrar" até as eleições do ano que vem por causa dos desdobramentos das investigações sobre a condução do governo na pandemia.

O líder do partido já deu declarações de que Bolsonaro não deve chegar ao segundo turno na disputa do ano que vem. Por isso e em virtude de todas as articulações políticas em andamento, uma possível candidatura própria do PSD ao Palácio do Planalto também passou a ser ventilada por Kassab nos últimos dias.

No entanto, interlocutores da sigla dão conta que a estratégia é manter todas as portas abertas e uma decisão final só será fechada no primeiro semestre do ano que vem. Uma ala do PSD representada pelo ministros das Comunicações, Fábio Faria, defende que, com uma recuperação da economia, seria possível apoiar a reeleição de Bolsonaro.

Mesmo assim, Kassab também se mantém próximo do PT, que trabalha na candidatura do ex-presidente Lula. Os dois se reuniram em Brasília, na semana passada, para falar sobre a atual conjuntura política. Como o PT deverá apoiar candidaturas do PSD em alguns estados, os petistas dão como certo o apoio de Kassab em um eventual segundo turno da disputa nacional no ano que vem.

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