O Palácio do Planalto confirmou que a atriz Regina Duarte estará em Brasília na quarta-feira (22) para "conhecer a Secretaria Especial de Cultura do governo federal". A decisão foi tomada após "conversa produtiva" entre a atriz e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A confirmação da viagem para um período de teste da atriz na administração, entretanto, é uma das poucas definições que há sobre a possível chegada de Regina à gestão Bolsonaro.
O governo nega qualquer status de oficialização na indicação da atriz. Tampouco está claro se, caso Regina aceite o convite, a Secretaria de Cultura permanecerá em sua condição atual, que é de vinculação ao Ministério do Turismo. O governo cogita desde reposicionar a Cultura como um ministério autônomo como subordinar a área diretamente ao Palácio do Planalto, o que garantiria proximidade entre Regina e Bolsonaro.
Por enquanto, a área segue sob o comando interino de José Paulo Soares Martins, que assumiu provisoriamente a função desde sexta-feira (17), após a queda de Roberto Alvim, de quem era secretário-adjunto.
Tanto Regina quanto Bolsonaro utilizaram a metáfora do casamento – a preferida do presidente – para falar sobre a nomeação. O chefe do Executivo falou, em Brasília, que havia ficado "noivo" de Regina Duarte, e a atriz dissera antes que estava "noivando" com Bolsonaro.
Globo indicou suspensão para Regina; com Huck, falou mais grosso
Caso Regina Duarte aceite o convite para ingressar no governo Bolsonaro, terá seu contrato com a Rede Globo suspenso. A atriz é vinculada à principal emissora do país, e um dos principais alvos de Bolsonaro em ataques à imprensa, há mais de 40 anos.
A informação foi confirmada pela Globo em nota divulgada na tarde desta segunda-feira (20). "A atriz Regina Duarte tem contrato vigente com a Globo e sabe que, se optar por assumir cargo público, deve pedir a suspensão de seu vínculo com a emissora, como impõe a nossa política interna de conhecimento de todos os colaboradores", disse o texto.
O posicionamento da Globo em relação à atriz foi mais brando do que o manifestado pela emissora quanto ao projeto presidencial do apresentador Luciano Huck, também membro de seu quadro. Huck tem atuado na política nos últimos anos e se colocou como pré-candidato para a disputa de 2018, mas acabou não concretizando a iniciativa. Para 2022, o apresentador tem se mobilizado ainda mais e angariado apoio em diferentes partidos. Em setembro do ano passado, organizou um jantar com figuras de ponta da política como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na ocasião, reportagem do UOL noticiou que a Globo havia vetado a candidatura de Huck em 2018. A emissora negou a informação, mas indicou que, caso Huck realmente queira se lançar como opção eleitoral, deverá efetivamente deixar a empresa e não poderá retornar. "Diante das especulações de que seria candidato, a Globo o procurou para saber se de fato ele concorreria à Presidência e enfatizar que, se assim fosse, teria de se submeter às regras da emissora, segundo as quais a vida politico-partidária é incompatível com a permanência nos quadros da Globo, mesmo depois do processo eleitoral. Tais regras estão em vigor e são válidas para todos os talentos da emissora", afirmou a nota da Globo.
Dilma teve testes e convites que não vingaram
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que governou o Brasil entre 2011 e 2016, passou por casos de certo modo similares ao de Bolsonaro e Regina Duarte – o de convites para ministérios que acabaram não se efetivando, ou que ocorreram em caráter de teste.
- Ciro Gomes: em 2010, quando exercia mandato de deputado federal e não havia sido reeleito para o cargo, foi convidado por Dilma para ser o ministro da Integração Nacional, função que exercera durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma estava montando a equipe para o seu primeiro governo. Ciro disse não ter interesse no posto e expôs preferir o Ministério da Saúde. Acabou ficando sem nenhuma das pastas.
- Luiza Trajano: a empresária, dona da rede Magazine Luiza, foi formalmente convidada por Dilma para comandar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em agosto de 2011. A pasta ainda não havia sido criada – se instituída, se tornaria o 39º do governo da petista. Trajano declarou estar "lisonjeada" com o convite, disse que iria pensar, mas a nomeação acabou não evoluindo: Dilma destinou o cargo ao então vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos. Filiado ao PSD, ele fazia com que mais um partido se somasse à base aliada da petista.
- Ministério "test drive": no início de 2014, Dilma nomeou uma espécie de "ministério provisório", como revelou reportagem da Folha de S. Paulo à época. O objetivo da presidente era testar os indicados para ver se eles teriam condição de se tornarem efetivos no caso de um segundo mandato da petista, o que acabou ocorrendo. Entre os "provisórios", estavam Aloizio Mercadante (Educação) e Arthur Chioro (Saúde).
Malafaia x Edir Macedo: o que está em jogo na disputa pela prefeitura do Rio
Interpol incomoda juízes ligados a Moraes e Bolsonaro muda tom na eleição paulista; acompanhe o Entrelinhas
Abusos de Moraes impulsionam plano da direita para dominar o Senado em 2027
PF teria pedido ao X informações sobre deputado federal, sem ordem judicial
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião