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O presidente do PTB, Marcos Vinícius, ao lado da deputada Alana Passos, recém-chegada à sigla
O presidente do PTB, Marcos Vinícius, ao lado da deputada Alana Passos, recém-chegada à sigla.| Foto: Divulgação

O PTB tenta conter os efeitos da briga interna que marca a legenda desde o ano passado e que, somada à decisão do presidente Jair Bolsonaro não ingressar na legenda para disputar a reeleição, abalou os planos da sigla de se tornar a principal força do conservadorismo brasileiro. O discurso atual de petebistas é o de que a disputa interna não afeta o trabalho de base da legenda e que a "ausência" de Bolsonaro não impedirá o partido de se posicionar como uma referência conservadora. O partido apoiará a reeleição do presidente.

A briga dentro do PTB é a disputa pelo comando da legenda, protagonizada por um grupo mais próximo do ex-deputado Roberto Jefferson e outro liderado por Graciela Nienov – ex-aliada que rompeu com ele. Nienov assumiu a presidência do partido após a prisão de Jefferson. Mas sua ascensão foi contestada por aliados do ex-deputado. O grupo de Jefferson venceu o último capítulo do embate: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu a presidência nacional da legenda ao deputado estadual Marcus Vinícius Neskau (RJ).

Lideranças da legenda falam em união. Mas a sigla ainda não está pacificada. "O PTB é um espaço ideal para todos os segmentos que defendem uma sociedade livre, justa e próspera", afirmou o deputado estadual Jeferson Alves (RR). A fala, porém, contrasta com a situação dele no partido. O deputado foi secretário-geral do PTB durante a gestão de Nienov e é um dos protagonistas da disputa atual. A ex-deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, chegou a dizer que Alves "formou uma quadrilha" para obter o controle do PTB. "De quadrilha ela entende", ironizou Alves, ao recordar que a ex-deputada foi presa.

No plano federal, o partido deve passar por modificações em sua bancada. O partido se aproximou do deputado federal Daniel Silveira (RJ), mas o parlamentar não confirmou sua filiação. Já o atual líder da bancada na Câmara, Marcelo Moraes (RS), pode migrar para o PL.

Estatuto é base de conversão do PTB ao conservadorismo

O PTB ganhou holofotes nas últimas semanas após veicular um comercial que relacionava a esquerda à pedofilia. A peça, protagonizada pelo deputado estadual Kennedy Nunes (SC), dizia que a esquerda brasileira chama a pedofilia de "doença" e "opção sexual". A Justiça de São Paulo proibiu a continuidade da execução da propaganda.

Nunes é o presidente do PTB em Santa Catarina. Ele é novato no partido; chegou ao PTB ano passado, originário do PSD. À Gazeta do Povo, disse que "não compete a ele" falar sobre a briga na cúpula da legenda. "Qualquer partido tem suas disputas", relativizou. "Isso está longe de nós. Nós, aqui, estamos trabalhando no estatuto do partido, que coloca muito bem suas questões."

O estatuto citado pelo parlamentar é um símbolo da guinada que o PTB vive desde 2018. O partido é um dos mais tradicionais do Brasil. Desde a redemocratização, entretanto, acabou se posicionando como uma das forças do chamado Centrão do Congresso. Prestou apoio a diferentes presidentes e foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão, que foi denunciado pelo próprio Jefferson. A partir de 2018, porém, resolveu se reposicionar como força conservadora e caminhar ao lado da corrente da sociedade liderada pelo presidente Jair Bolsonaro.

"O PTB é um partido conservador, que defende Deus, família, pátria e liberdade. E que, no seu estatuto, se mostra contra o aborto e considera a pedofilia um crime. Também defendemos o porte de armas para o cidadão se defender. Tudo isso está no estatuto", explica Nunes.

Segundo o parlamentar, o partido se estrutura para o "pós-Bolsonaro". "O PTB é a casa dos conservadores. Temos hoje no Brasil o presidente Bolsonaro como grande líder dos conservadores. Mas precisamos também que pensar no Brasil depois da reeleição dele. Então o nosso projeto não é eleitoral, e sim político", diz.

Apoio a Bolsonaro, mesmo sem Bolsonaro

Nunes diz que a opção de Bolsonaro de não se filiar ao PTB não inibe o apoio do partido ao presidente. Outros representantes do partido endossam essa posição e dizem que o PTB conseguirá se manter como uma referência conservadora.

A deputada estadual Alana Passos (RJ), que está migrando do União Brasil para o PTB, afirma: "O estatuto do PTB é totalmente compatível com as minhas bandeiras ideológicas, com temas como pátria, Deus e família. Vejo o PTB como muito conservador e o partido mais bolsonarista possível".

A parlamentar também avalia que a disputa política de 2022 exigirá que Bolsonaro tenha apoio de diferentes partidos. "Ele precisa de todos os apoios possíveis. De estrutura, de tempo de TV. Então é positivo que se aproxime de diferentes partidos", afirma.

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