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Senador petista critica partido, governo e não vê alternativa a Lula para 2026

Humberto Costa
Humberto Costa vê que resultado das eleições municipais deste ano é um recado direto ao PT. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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O senador petista Humberto Costa (PT-PE), líder do grupo que coordena a estratégia eleitoral do partido, vê o resultado das últimas eleições como um alerta para sua própria legenda e o governo. Falta de diálogo com a sociedade, entender as novas demandas além dos velhos programas sociais que agora são vistos como direitos, e um novo rumo para o futuro são algumas das muitas falhas que o parlamentar aponta que precisam de uma maior atenção na sigla.

Para ele, tanto o PT quanto o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisam de uma “chacoalhada” para retomar um diálogo mais amplo com a sociedade. Sem isso, o PT de 2026 pode sofrer para se manter relevante.

“Se a chacoalhada, no caso do governo, é mudar ministros, aí é um julgamento do presidente da República. Agora, que o governo precisa ter uma chacoalhada, tem que ter. Assim como o PT”, disse Costa em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda (4).

Humberto Costa considera que o PT deveria discutir se seu projeto político ainda está adequado ou se mudanças mais profundas são necessárias. Ele acredita que o partido perdeu um certo dinamismo que teve no passado.

“Hoje há uma parcela importante da sociedade com a qual nós não temos muito diálogo. O PT, que sempre foi um partido inovador nas ideias, hoje não tem tido essa característica inovadora”, afirmou.

Para ele, a perda desse dinamismo afeta inclusive a sucessão presidencial de 2026, em que não há nenhum outro líder suficientemente forte para concorrer como alternativa a Lula. Apesar da candidatura à reeleição depender apenas o presidente, Costa não vê outra possibilidade.

“Eu acho que ele não tem muita alternativa e certamente será o nome mais forte para essa disputa”, disse. O senador avalia que as realizações sociais e econômicas do governo já foram assimiladas pela população, o que exige um esforço maior do PT para comunicar suas ações de forma mais eficaz.

Ele, inclusive, considera uma “evidente falha de comunicação” do governo que impede o partido de obter maior apoio popular.

A articulação do governo com o Congresso também é outro ponto de crítica e de preocupação para Costa – o que também tem sido evidente neste terceiro mandato de Lula. O que pareceu mais fácil para o presidente nos dois primeiros, se mostrou problemático desde o ano passado.

Para ele, os ministros têm falhado na relação com seus parlamentares, e vê que é preciso uma melhor orientação para a defesa das ações das pastas e dos embates no plenário.

“Criaram uma máxima de que oposição fala e discute, governo vota. Mas isso aqui é, acima de tudo, uma Casa de debate político, de formar a opinião da sociedade”, disse Costa, ao defender que o governo não deve se acomodar e precisa enfrentar a oposição, ao mesmo tempo em que busca acordos políticos.

Para Costa, a postura de evitar debates polêmicos no Congresso para evitar derrotas foi um erro estratégico. Ele sugere que o governo deve buscar resultados sem deixar de lado o confronto político quando necessário.

Ele também se mostrou preocupado com a sucessão da liderança do partido com a saída de Gleisi Hoffmann (PT-PR) no ano que vem. Para ele, o PT não deve ir para o lado do regionalismo na escolha do próximo presidente, embora enxergue em Camilo Santana (PT-CE) um nome forte.

O atual ministro da Educação conseguiu fazer seu candidato, Evandro Leitão, como prefeito de Fortaleza, e Lúdio Cabral, candidato do PT ao segundo turno em Cuiabá.

“O candidato do PT que chega ao segundo turno num estado conservador daquele alguma coisa tem para dizer ao PT”, afirmou o senador, citando também a campanha de Natália Bonavides (PT-RN) em Natal como exemplo de renovação nas estratégias eleitorais petistas.

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