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Lula negocia saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo para abrigar outro nome do União Brasil
Lula negocia saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo para abrigar outro nome do União Brasil| Foto: Reprodução/Redes sociais

Integrantes do União Brasil pressionam o Palácio do Planalto para retirar Daniela Carneiro do Ministério do Turismo e defendem que o partido precisa receber a pasta de "porteira fechada". Ou seja, além do cargo de ministro, o partido almeja que os demais cargos ligados à pasta precisam ser de livre indicação por parte da legenda.

Na esteira dessa disputa, o cargo de Marcelo Freixo, que é o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), também entrou na fatura apresentada pelos líderes do União Brasil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda cobra as mudanças como forma de ampliar o apoio ao Executivo dentro da bancada de 59 deputados da sigla na Câmara dos Deputados.

A justificativa entre os líderes do União Brasil é de que a sigla deve ter o direito de gerir toda a estrutura dos ministérios que integra - da mesma forma ocorre outros partidos do Centrão que compõem o governo, tais como o MDB e o PSD.

Além do ministério comandado por Daniela Carneiro, a sigla também assumiu a pasta das Comunicações, com Juscelino Filho, e a Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes. Esses dois últimos foram indicados pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

As conversas sobre a mudança no Ministério do Turismo têm sido conduzidas por Lula junto a Alcolumbre e com o líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA). A avaliação entre os integrantes da legenda que acompanham essas negociações é de que o apoio na sigla pode chegar a até 45 deputados, caso haja uma ampliação de espaço na gestão petista e a substituição de Daniela Carneiro.

Lula, no entanto, ainda não bateu o martelo sobre a troca de Freixo na Embratur, tendo em vista que o ex-deputado é um dos principais aliados do petista no Rio de Janeiro. Apesar de não contar com verbas de emendas, a Embratur é alvo de cobiça, pois conta com diversos cargos que podem ser distribuídos entre os aliados políticos.

Além disso, a agência comandada por Freixo tem para este ano o dobro do orçamento da pasta do Turismo. Enquanto a Embratur conta com R$ 80 milhões para investimentos em 2023, o Ministério do Turismo conta com R$ 40 milhões.

União Brasil também pressiona Lula por estatais ligadas aos seus demais ministérios

Além da Embratur, Lula recebeu ainda a sinalização de que o União Brasil também tem interesse em comandar os órgãos ligados aos ministérios de Juscelino Filho e de Waldez Goés. No caso da pasta das Comunicações, por exemplo, a queixa se dá em torno da presidência dos Correios.

A estatal está sobre o guarda-chuva do ministério de Filho, mas é presidida pelo advogado Fabiano Silva dos Santos, ligado aos quadros do PT e ao grupo Prerrogativas. Na pasta da Integração e Desenvolvimento Regional, a queixa se dá sobre a presidência do Banco do Nordeste, que foi entregue ao ex-governador Paulo Câmara (PSB), e sobre o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), o qual é controlado pelo Avante.

De acordo com integrantes do Planalto, Lula ainda não deu sinalizações de que pretende ceder à pressão dos líderes do União Brasil por mais espaço. As negociações deram sobrevida para que Daniela Carneiro siga no comando do Ministério do Turismo ao menos até ao final desta semana.

"Está em aberto uma discussão com o União Brasil, que avalia a necessidade de reformulação dos seus indicados. Esse é um debate que já vinha há mais tempo e, neste momento, o União Brasil reforçou isso com maior clareza. Devemos tratar esse tema com o União Brasil, esclarecer um pouquinho melhor o que significa isso e esse tema está, sim, em debate", admitiu o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Lula tenta saída "honrosa" para Daniela Carneiro do Turismo 

Paralelamente às negociações com a cúpula do União Brasil, Lula ainda costura para que a saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo não abra uma nova crise com seu grupo político. O petista se reuniu nesta terça-feira (13) com a ministra no Palácio do Planalto para tratar de sua situação política.

Ela faz parte da cota pessoal de Lula e seu nome foi indicado para compor a Esplanada dos Ministérios em razão do apoio de seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro (Republicanos), no segundo turno das eleições do ano passado. Apesar disso, a ministra não conseguiu atrair apoios da bancada do União Brasil para o governo em votações da Câmara dos Deputados.

Com o avanço das negociações para a troca de ministério, Waguinho Carneiro chegou a afirmar que seu grupo político "pagou um preço caro" por apoiar Lula no reduto eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A ministra Daniela é de um estado importante, o Rio de Janeiro, território totalmente bolsonarista, onde nós levamos a campanha do presidente Lula em toda a Baixada Fluminense, no interior, no noroeste. Encorajamos muitas pessoas e pagamos um preço muito caro por isso", disse em entrevista à GloboNews.

Durante o encontro com Daniela Carneiro, Lula indicou que o governo está satisfeito com a atuação dela como ministra. No entanto, indicou que, como ocupa uma pasta de indicação do União Brasil, partido do qual ela está se desfiliando, a permanência na cadeira dependia da legenda. Na conversa, o presidente ressaltou ainda que quer manter a boa relação com o prefeito e com a ministra, que foi eleita deputada em 2022.

Pelas redes sociais, Waguinho Carneiro, que também esteve no encontro com Lula no Planalto, reforçou a aliança com o petista. "Seguimos ao lado do presidente Lula pelo bem do Brasil, lutando pela democracia e pelos direitos do nosso povo. Vamos juntos porque o trabalho tem que continuar", publicou o político.

Petistas minimizam críticas feitas por Celso Sabino contra Lula  

Principal cotado para assumir a vaga de Daniela Carneiro, o deputado Celso Sabino (União-PA) já proferiu diversas críticas contra Lula. Em 2016, por exemplo, Sabino condenou a manobra da então presidente Dilma Rousseff de indicar Lula para a Casa Civil.

À época, a estratégia era uma forma de garantir foro privilegiado e retirar os processos da Lava Jato contra o petista da vara de Curitiba.

“Aconteceu o que era previsto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de ser empossado como novo ministro da presidente Dilma, ele assume a Casa Civil. Sem ouvir o clamor das ruas, sem observar aquilo que os cidadãos e cidadãs brasileiras pedem. A chefa do Executivo nacional aceitou a manobra do seu partido para garantir o foro privilegiado ao homem que poderia ser preso por crimes como lavagem de dinheiro para não citar outros. Assim caminha a atual conjuntura política brasileira”, disse, no Facebook, em 2016.

Lula, no entanto, teve a nomeação barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após a repercussão da publicação, Sabino acabou excluindo o post de suas redes sociais.

Apesar disso, integrantes do PT minimizaram as críticas feitas pelo deputado. A avaliação é de que outros nomes, como o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também já foram críticos de Lula, mas atualmente estão compondo com o petista.

Além disso, o parlamentar ganhou projeção junto ao governo petista ainda no final do ano passado, quando viabilizou na Comissão Mista de Orçamento a tramitação da chamada PEC da Transição. À época, Sabino era presidente do colegiado e trabalhou pela aprovação da medida, a qual possibilitou furar o teto de gastos e ampliar os recursos para que Lula viabilizasse, por exemplo, o Bolsa Família no valor de R$ 600.

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