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Depois de vir à tona que o ministro Gilmar Mendes, por meio de seu instituto, o IDP, fechou um contrato milionário com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a CPI do Judiciário voltou à pauta. "A gente se concentra muito nas cortes superiores, mas imaginem vocês tudo que deve acontecer em instâncias inferiores", questionou o jornalista Leandro Narloch, no programa Última Análise desta segunda (14), que debateu o mais novo escândalo do Judiciário.
O jurista André Marsiglia questionou por que os ministros deixaram de se declarar suspeitos ou impedidos em casos que os interessam diretamente. Em janeiro deste ano, por meio de liminar, Gilmar Mendes devolveu o mandato de presidente da CBF a Ednaldo Rodrigues. "Nós destruímos alguns institutos importantes dentro do Brasil, que eram uma espécie de filtro moral. A suspeição e o impedimento eram dois desses institutos", afirma Marsiglia.
O caso envolvendo Gilmar Mendes e a CBF veio à tona porque o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado por Gilmar Mendes, assumiu a responsabilidade pelos cursos da CBF Academy Brasil em agosto de 2023. O acordo é financeiramente vantajoso para o IDP, que fica com uma fatia de 84% da receita estimada em R$ 9,2 milhões anuais.
Seis meses após a formalização da parceria, o então presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo. No entanto, numa reviravolta chamou a atenção, com o próprio Gilmar Mendes rapidamente reconduzindo Rodrigues à presidência.
Casta intocável
Ao comentar sobre a dificuldade de punir Gilmar Mendes e outros ministros do STF em relação a denúncias, Marsiglia explica: "Porque envolve uma casta, uma casta no país inatingível. E essa casta está dentro do poder do Judiciário".
Narloch ainda acusa a "venda de influência" nas cortes superiores no Brasil, sublinhando o "fetiche" do Brasil com o poder, que contribui para que indivíduos e instituições recebam mais poder do que merecem. Com isso, a necessidade de uma CPI do Judiciário em caráter de urgência, avalia o comentarista, para investigar a existência de corrupção nas altas instâncias do poder.
O escândalo do Judiciário com a CBF ganhou notoriedade também por envolver algo "sagrado", como caracterizou o vereador Guilherme Kilter, para o brasileiro: o futebol. Marsiglia completou dizendo que "a derrota do Brasil para a Argentina pode ser sintomática do estado de coisas na CBF e da maneira como o futebol é conduzido no país".
O programa Última Análise estreou este mês na grade de conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir com mais reflexão, e menos paixão, os grandes temas desafiadores para o futuro do país.
