
Esta quarta-feira foi o dia dos relatórios chapas-brancas. Primeiro, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou um calhamaço de 4 mil páginas concluindo seus longos trabalhos, à custa do “contribuinte”, em tom de revanchismo e enaltecimento daqueles que lutavam contra o regime militar, esquecendo-se que lutavam por outra ditadura, muito pior.
A presidente Dilma se emocionou, chegou a chorar, e com a voz embargada falou da tortura dos agentes da ditadura. Não a culpo por isso, e fico até impressionado e feliz de ver que há emoções ali. A tortura por agentes do estado é algo inadmissível. Precisa ser condenada mesmo, em nome do estado de direito e dos direitos humanos.
Porém, seria saudável ver o mesmo tipo de emoção pelas 60 mil mortes que temos no Brasil de hoje, democrático, por conta da violência que o estado é incapaz de conter. Seria bom, ainda, observar o mesmo sentimento em relação às vítimas dos comunistas guerrilheiros, gente simples como o jovem soldado Mario Kozel Filho, entre tantos outros mortos friamente por esses “democratas” amantes de Fidel Castro.
O relatório da CNV pede também a revisão da Lei de Anistia, que foi um passo fundamental para a redemocratização pacífica do país. Deixa claro seu viés vingativo, necessário para pintar os atuais esquerdistas no poder, inclusive a “presidenta”, como heróis que defendiam a democracia naquela época e foram perseguidos por isso.
O STF já resolveu a questão, mas tem até mesmo ministro de lá que não está satisfeito e quer tentar rever a decisão de seus pares. E o malabarismo linguístico segue com tudo: Pedro Dallari, que, como lembra Reinaldo Azevedo, tem a simpática atribuição de “coordenador nacional da Verdade”, algo que nem Stalin tinha para impor a “verdade única e oficial”, disse:
“Nós defendemos que haja a responsabilização. Se o Poder Judiciário entender que não há necessidade de rever a lei, porque já pode haver a condenação independentemente de revisão, não há necessidade de revisão. Essa decisão será do Poder Judiciário”.
Ou seja, como a lei não pode ser revista, tenta-se dar nova interpretação a ela. A anistia é válida, mas não vale para agentes do estado que abusaram, que praticaram excessos, que eventualmente torturaram. Logo, ela não é válida!
Não foi só a Omissão da Verdade ou a Comissão da Inverdade que se destacou nesta quarta como instrumento chapa-branca; a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras finalizou seus trabalhos e, sob a relatoria do deputado Marco Maia, do PT gaúcho, apresentou seu relatório final, no qual não consta pedido algum de indiciamento.
Foram quase mil páginas para concluir, por exemplo, que a compra da refinaria em Pasadena, no Texas, foi normal, dentro dos critérios do mercado. Isso mesmo: a “ruivinha”, como ficou apelidada pelos próprios técnicos da estatal pelo excesso de ferrugem, aquela que produziu rapidamente um prejuízo bilionário, foi uma compra absolutamente calcada em quesitos econômicos.
André Vargas, ex-PT, desrespeitando Joaquim Barbosa para defender DirceuFoi um dia triste para quem zela pelos valores republicanos, pela isenção, pela busca honesta da verdade. Ao menos, como que para compensar isso tudo e oferecer algum consolo a essa gente, o deputado André Vargas, que era do PT, foi cassado na Câmara e ficará inelegível por 8 anos. Isso significa que não teremos de aturar, por esse período, esse companheiro do doleiro Youssef erguendo o braço em gesto de desafio ao STF e apoio ao velho companheiro partidário José Dirceu, o mensaleiro preso e um dos guerrilheiros que combatiam o regime militar.
Aqueles que vibraram de emoção com o relatório chapa-branca da Comissão da Verdade tiveram esse pequeno contratempo no dia, e devem ter lamentado profundamente a cassação do deputado tão fiel a Dirceu. Não fosse isso, seu dia poderia ter sido perfeito…
Rodrigo Constantino



