
Em meio a tantos exemplos ruins, especialmente vindos de cima, das lideranças nacionais, é bom destacar um caso positivo de alguém que não se deixou abater pelas difíceis condições financeiras. Considero revoltante e ofensivo o discurso esquerdista de que marginais são “vítimas da sociedade”, justamente por esse tipo de mentalidade retirar do indivíduo sua responsabilidade, sua capacidade de escolha, seu livre-arbítrio. São as atitudes individuais que fazem a diferença no final das contas.
Vejam a história de Fernando Henrique Dias Morais, relatada pela Folha. Com 23 anos, de família pobre, ele é o recordista na retirada de livros da biblioteca da Famerp. Foram 126 no ano passado. Fernando vendia jornais nos sinais de trânsito para bancar seu cursinho, e agora está no segundo ano de medicina. Quando o semáforo estava aberto, ele aproveitava para ler os jornais que vendia e se atualizar.
Enquanto tanta gente busca pretextos para não se esforçar, Fernando Henrique lê até mesmo no trajeto da casa para a faculdade, no ônibus, em meio a conversas paralelas e lombadas. Em época de internet, diz preferir ler livros físicos mesmo, e não confia muito no que encontra pela internet. Pena, pois há coisas que prestam sim. E ele, pelo visto, não terá acesso a esse texto em sua homenagem.
O mais interessante é sua persistência em meio a dificuldades. É uma história de superação. Estudou em escola pública, cuja qualidade sabemos ser péssima. A maioria nessa situação pensa apenas em acabar o ensino médio, pegar um diploma e procurar algum serviço. Fernando Henrique queria prosseguir com os estudos. Vendia os jornais para isso, ganhando R$ 630 mensais, o que permitia pagar o cursinho e ajudar a mãe com a diferença.
Sua mãe era empregada doméstica. O padrasto era porteiro. Ambos acabaram perdendo seus empregos, e hoje ela faz pães em casa e ele ajuda a vender. A situação estava bem complicada, quando a diretora do cursinho lhe ofereceu uma bolsa. A “sorte” costuma surgir para quem corre atrás. Claro que a história poderia não ser feliz caso seus sonhos tivessem morrido no caminho, se deparado com obstáculos quase intransponíveis. Mas foi seu mérito pessoal que abriu portas, que rompeu barreiras que pareciam insuperáveis.
Agora Fernando Henrique quer mesmo ser médico, talvez trabalhar em clínica. Tomara que consiga. Tem tudo para ser um bom profissional. Seus sonhos não dependem tanto da sorte, porém, tampouco do paternalismo estatal. É ele mesmo quem tem procurado as oportunidades. Uma história que mostra como o indivíduo é que faz a diferença. Mesmo quando as condições são desfavoráveis. Mesmo quando tudo parece tão distante, impossível…
Rodrigo Constantino



