A dívida pública federal do Brasil cresceu 0,38% em julho sobre junho, a praticamente R$ 4 trilhões, mostrou relatório divulgado pelo Tesouro Nacional nesta quarta-feira. No mesmo período, a dívida pública mobiliária interna teve alta de 0,52%, chegando a 3,846 trilhões de reais.
O professor Ricardo Bergamini pontuou o enorme estoque da dívida em poder o Banco Central, normalmente ignorado pela mídia:
Hoje é dia de divulgação da dívida da União com base em julho de 2019 e, como sempre, a imprensa omite o estoque da dívida em poder do Banco Central no montante de R$ 1.789,1 bilhões (25,60% do PIB), sendo essa a parte mais importante da dívida, visto que nada mais é do que uma “pedalada oficial” (aumento disfarçado de base monetária, ou emissão de dinheiro falso) que não existiria se o Banco Central fosse independente.
Vejam que essa orgia saiu de 17,86% do PIB em 2010 para 26,28% do PIB em 2018. Crescimento real em relação ao PIB de 47,14%. Em julho de 2019 migra para R$ 1.789,1 bilhões (25,60% do PIB). Redução de 2,59% do PIB, comparativamente ao ano de 2018. É nessa lama que o Brasil joga os seus criminosos e imorais déficits fiscais primários.
Em 2010 o estoque correto da dívida líquida da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (83,06% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 35,14%. Em julho de 2019 migra para R$ 5.782,3 bilhões (82,73% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 0,40%, comparativamente ao ano de 2018.
O nível de endividamento público no Brasil chegou a patamares absurdos para um país emergente, e isso denota grande fragilidade para casos de crises internacionais. Durante uma fase de bonança e baixo custo de capital no mundo, os investidores podem ignorar esse quadro assustador, apostando na melhora do filme à frente.
Mas quando o mau humor se instala, como pode acontecer em breve com a guerra comercial entre Estados Unidos e China gerando tensão no mundo, aí os investidores vão se lembrar desse cenário insustentável. Não por acaso o dólar já encostou nos R$ 4,20, e isso só com espirros lá fora. Daí a extrema urgência de se aprovar reformas estruturais para valer, cortando gastos públicos e desburocratizando nossa economia. A situação é grave!
Rodrigo Constantino
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