Vejo no NYT a divisão de votos do Partido Democrata por faixa etária e não fico nada surpreso. Bernie Sanders, o socialista radical de extrema-esquerda que quer uma revolução em seu país, teve 84% dos votos dos jovens (17-29 anos), enquanto Hillary Clinton, que chega a parecer quase moderada ao lado de uma múmia dessas, apesar de ser bastante esquerdista também, teve 69% dos votos dos idosos (65 anos ou mais).
Aos que perguntam como o socialismo se recusa a morrer, apesar de tantos experimentos fracassados mundo afora, eis a resposta: ele se renova sempre em cima da “inocência”, dos mais jovens iludidos, românticos, em busca de uma ideologia “bonitinha” para chamar de sua e ficar bem na foto, posar de altruísta descolado, ou só porque odeia o colega melhor do que ele e enxerga no igualitarismo uma oportunidade de vingança mesmo.
Enquanto houver inveja no mundo, idealismo boboca e infantil, recalque, vaidade e mentes fracas facilmente encantadas com discursos hipócritas e politicamente corretos, lá estará algum socialista, explorando essa fraqueza nas pessoas, especialmente nos mais jovens, que não viveram as desgraças impostas pela nefasta ideologia. Enquanto for possível prometer drogas, sexo livre seguido de aborto e ódio aos mais velhos, inclusive aos pais que impõem limites, lá estará um socialista, abusando como um abutre dessa carniça juvenil sedenta por libertinagem. Alguém se espanta com a esquerda que defende o voto de eleitores cada vez mais novos, ao mesmo tempo em que retira a responsabilidade de seus atos depois?
Em Esquerda Caviar, dediquei um grande capítulo ao tema “juventude”, exatamente por entender como essa fase da vida representa um terreno fértil para as baboseiras socialistas. Exceções há, e felizmente em quantidade crescente. Hoje, o jovem que usa uma camisa do porco assassino Che Guevara seduz cada vez menos mocinhas idiotas, e paga de otário para muitos mais esclarecidos. Mas basta ver o avanço de Sanders nos Estados Unidos, especialmente nos campus universitários tomados por marxistas ou seguidores de Foucault, para saber que a praga está longe de desaparecer.
Quando observamos isso, vemos a magnitude do crime que é a doutrinação ideológica em salas de aula, o proselitismo de professores canalhas que se recusam a ensinar o aluno a pensar por conta própria, preferindo seduzi-lo com lixo socialista só para exercer poder sobre ele, ou talvez levá-lo ou levá-la para a cama. Os socialistas que venderam a ideia, desde maio de 1968, de que a sabedoria estava na juventude, não na experiência, foram os arquitetos dessa covardia. Jogar os filhos contra os pais e “empoderar” esses jovens como se fossem a representação de todo o saber na Terra, eis algo que somente gente pérfida poderia fazer.
Nazistas, os primos nacionalistas dos socialistas, são vermes humanos, todos sabem. Mas ao menos jogam de forma mais aberta. Considero comunistas e socialistas ainda piores, justamente pelo simulacro de bondade feito sob medida para atrair inocentes úteis e depois fritar seus cérebros. Uso Alain Besançon, autor de A infelicidade do século, para concluir: “O comunismo é mais perverso que o nazismo porque ele não pede ao homem que atue conscientemente como um criminoso, mas, ao contrário, se serve do espírito de justiça e de bondade que se estendeu por toda a terra para difundir em toda a terra o mal. Cada experiência comunista é recomeçada na inocência.”
PS: Vale notar outro detalhe: as vítimas de Sanders são basicamente da classe média ou alta, os “riquinhos burgueses” e os “senhorzinhos satisfeitos” que têm de tudo, mas são mimados e compram sua consciência sendo radical de esquerda, como se assim falassem mesmo em nome dos mais pobres. Elite culpada e mimada é um perigo!
Rodrigo Constantino
