
Meu artigo mais lido nos dois anos de blog na VEJA foi a carta aberta a Letícia Spiller, escrita após um assalto que a bela atriz sofreu em sua própria casa, com ela e o filho feitos de reféns. Foi uma tentativa sincera de mostrar a ela o equívoco da típica visão esquerdista que trata marginais frios e implacáveis como “vítimas da sociedade”. Letícia é ícone dessa esquerda caviar, e defende até mesmo a ditadura cubana em nome da “justiça social”.
Milhões de pessoas leram a carta. Se a própria atriz refletiu ou não sobre seu conteúdo, não sei dizer. Sei que nunca respondeu minha mensagem, e que continuou defensora das bandeiras politicamente corretas de esquerda. Talvez eu tenha plantado uma semente de dúvida, quem sabe? Gosto de crer que sim, pois quase ninguém é caso perdido e as pessoas têm o direito de mudar, reconhecer erros.
O que me traz a essa nota da coluna de Ancelmo Gois hoje:
Confesso que não vi nem meio capítulo dessa novela para julgar, mas por outros desempenhos da atriz posso atestar que é boa no que faz. Esse, aliás, é um erro comum de muita gente: confundir alhos com bugalhos e passar a repudiar ou adorar a atuação de alguém em uma área porque tem repúdio ou adoração por seu discurso ideológico e político. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, bem diferente.
Em Esquerda Caviar, cheguei a colocar em letras garrafais o alerta:
NÃO DEVEMOS CONFUNDIR A ADMIRAÇÃO À OBRA DO ARTISTA COM SUA PRÓPRIA PESSOA OU SUAS IDEIAS POLÍTICAS.
Uma pessoa pode ser excelente artista e péssimo marido ou esposa, pai ou mãe, ser humano enfim. Pode ser ultra habilidoso em determinada tarefa e um ignorante político. Pode ser genial até em sua área de atuação, e desonesto intelectualmente. São coisas diferentes, e no Brasil é muito comum a confusão. Basta o sujeito ser pagodeiro ou jogador de futebol famoso que logo o que ele “pensa” sobre política ganha enorme relevância. Não deveria ser assim.
Voltando ao caso da atriz, sua personagem atual enfrentará o risco de ter Alzheimer, e ela será atormentada pelos erros do passado, segundo diz a nota. Na vida real, faria bem a ela se Letícia pudesse esquecer de certas coisas e se fosse atormentada pelos erros do passado, como viajar a Cuba para afagar o maior tirano assassino do continente, por exemplo. Atitude tão nefasta deveria pesar na mente de qualquer um com uma consciência.
Ainda é possível mudar, reconhecer os erros, alterar a mensagem. Basta ver o que o ex-comunista Ferreira Gullar tem feito, com coragem e maestria. Não por acaso escolhi seu caso para fechar meu livro, tentando dar um toque de esperança ao final. Você também pode mudar, Letícia! Pode abrir os olhos para os absurdos que defendeu até hoje, e se tornar uma crítica ferrenha do socialismo abjeto. Sei que você levou seus filhos para a Disney nas férias, não para Cuba. No fundo você sabe o que é melhor: o capitalismo.
Por que então esse papel de vilã na vida real? Como atriz tudo bem: você é realmente convincente quando banca a malvada insensível. Mas precisa extrapolar isso para o dia a dia? Que tal experimentar um “papel” de mocinha na vida real, e abandonar esse lado sinistro? Você ainda pode se endireitar, Letícia. Nunca é tarde demais. Seria bom ter alguém com seu talento e sua beleza lutando pelas causas certas, pela liberdade, em vez de agir como propagandista do que há de pior na política mundial.
Rodrigo Constantino



