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Luz amarela contra a democracia: ela já acendeu há muito tempo!
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José Murilo de Carvalho escreveu um texto, publicado hoje no GLOBO, sobre as falas recentes de militares que, segundo o historiador, acendem uma luz amarela contra a democracia. O impeachment, diz ele, é instrumento legal previsto na Constituição, mas a intervenção militar nos assuntos políticos seria a desgraça, um retrocesso de 30 anos. Ele conclui:

O comportamento das Forças Armadas após 1985 em relação à vida política do país, à exceção da recusa em abrir a documentação do período militar, tinha sido até agora quase modelar. Minha impressão pessoal, derivada de contatos com oficiais-alunos da Escola de Guerra Naval, era a de que estavam todos convictamente voltados para suas atividades profissionais, vendo 1964, de fato, como história. As manifestações públicas do general Mourão mudam o cenário. Podem ser sintoma do surgimento do único perigo real para nossas instituições, o envolvimento político das Forças Armadas, um retrocesso de 30 anos. E o general ainda tinha que ter o mesmo nome daquele outro que, em 31 de março de 1964, colocou sua tropas nas ruas, em Juiz de Fora, deslanchando o golpe civil-militar de 1964. Está acesa a luz amarela.

Sou totalmente contra uma intervenção militar, enquanto for possível salvar nossa democracia dentro da própria democracia. Ou seja, enquanto o Brasil ainda contar com instituições republicanas que preservem minimamente as regras do jogo, é assim que deve ser travada a batalha contra o PT. Usando a Polícia Federal, o Ministério Público, a imprensa, o impeachment, as urnas.

Mas discordo totalmente do historiador quando ele diz que somente agora foi acesa a luz amarela que ameaça nossa democracia. Por onde ele andou nos últimos 13 anos? Hibernando? Não viu tudo que o PT fez ao longo desse tempo contra a democracia, tentando destruí-la de dentro dela, como aconteceu com a Venezuela?

O mensalão foi o primeiro grande golpe, na tentativa de comprar o Congresso todo. Mas não foi o único. Tivemos várias tentativas de censurar a imprensa. O aparelhamento da máquina estatal foi assustador, e nem o STF ficou de fora. As eleições foram sujas, o PT abusou da máquina do estado como nunca antes visto na história deste país. Um historiador desse gabarito deveria saber disso tudo, não é verdade?

Quando vemos as declarações e ações de petistas e seus braços armados dos “movimentos sociais”, sabemos que o PT não tem apreço algum pela democracia, pelo debate civilizado, pela escolha popular. O partido está disposto a “fazer o diabo” para ficar no poder. Mira nos exemplos bolivarianos dos vizinhos que admira. Inspira-se até mesmo em Cuba, ditadura mais longa e cruel do continente e até hoje respeitada pelos petistas.

Portanto, não venha dizer que a luz amarela só acendeu agora, com a reação de alguns militares cansados de tudo isso. Não! O clamor por uma intervenção militar pode até ser equivocado ou, no mínimo, precipitado. Esperamos que jamais seja necessária novamente, e estamos lutando para salvar nossa democracia do PT, usando os instrumentos democráticos.

Mas daí a ignorar que a luz amarela já foi acesa há muito tempo, pelo próprio PT, isso é inaceitável, ainda mais para um historiador. O alerta dos que prezam a democracia deveria ter sido feito lá atrás, quando um partido totalitário chegou ao poder disposto a tudo para nunca mais abandoná-lo.

Rodrigo Constantino

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