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Reformas sobem no telhado, petistas comemoram, e Brasil fica à beira de um colapso
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O presidente Temer, cada vez mais enfraquecido por conta das delações de Joesley Batista, viajou para a Rússia, mas a crise não foi com ele. Permaneceu no Brasil, e a derrota no Senado durante a votação da reforma trabalhista, com direito a voto contrário de tucano, mostra que as reformas realmente subiram no telhado. Se está difícil aprovar a trabalhista, imagine a previdenciária!

As forças reacionárias de resistência à modernização do país se aproveitam do clima político para impedir os avanços necessários. São os “bichos do pântano” agindo para salvar o Antigo Regime, preservar os privilégios dos parasitas que exploram os trabalhadores brasileiros. A imagem dessa turma petista comemorando a derrota do governo ontem diz tudo:

Paulo Paim, aquele que até colega petista já ironizou como alguém cujas propostas (populistas) não caberiam no PIB; Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, da tropa de choque de Lula; e Randolfe Rodrigues, o petista disfarçado de Rede: se essa patota está festejando, então é sinal de que o Brasil certamente está perdendo, e feio.

E, de fato, está. Se as reformas não saírem do papel, a crise vai se acentuar, o desemprego vai aumentar ainda mais, o futuro estará comprometido. E olha que as reformas em pauta estão muito aquém do que precisamos. Seriam um começo apenas, para evitar a catástrofe. Enquanto os petistas celebravam, com o apoio dos sindicalistas, eis o que o povo fazia no Rio, por exemplo:

Com leis trabalhistas datadas da era Vargas, inspiradas no regime fascista de Mussolini, os que querem encontrar trabalho não terão a menor chance. O modelo brasileiro, com suas “conquistas trabalhistas”, atende apenas aos interesses dos políticos de esquerda e dos sindicalistas, prejudicando a enorme massa de trabalhadores na informalidade ou desempregados.

Não fosse a agropecuária, sempre ela, a situação seria ainda pior. O Brasil não é competitivo, e a esquerda retrógrada comemora. Tenta, inclusive, obstruir a reforma, após sentir o gostinho de sangue nesta terça. A cara de felicidade desses senadores da extrema-esquerda prova sua total falta de sensibilidade para com o povo sofredor. Tudo é cálculo político, busca pelo poder. E dane-se o Brasil!

Sem essas reformas, que os investidores ainda parecem confiantes de que sairão do papel, o Brasil vai afundar de vez. Não é terrorismo, pessimismo ou retórica política: é fato. É constatação da pura realidade, de quem, aliás, alertava lá atrás que chegaríamos a essa situação caótica de hoje, mesmo quando todos estavam animados com a era da bonança artificial. E tenho ao meu lado analistas sérios, como Alexandre Schwartsman, que escreveu em sua coluna de hoje:

Um observador que houvesse dormido durante as últimas quatro semanas teria dificuldade para inferir os percalços da atual administração apenas a partir dos preços de mercado.

No entanto, o problema é bem mais sério do que os preços sugerem.

[…]

Engana-se, portanto, quem acredita que a reforma possa ser postergada até a posse do próximo governo.

Essa posição supõe em primeiro lugar que a nova administração seja simpática às reformas, o que está longe de ser óbvio. No entanto, mesmo que isso seja verdadeiro, o tempo entre assumir e aprovar as reformas provavelmente não será suficiente para evitar que o setor público se torne inviável.

Não se conclui daí que cessarão os serviços federais: o elo mais fraco da corrente é o teto para o gasto, que em tal cenário não sobreviveria, independentemente de estar inscrito na Constituição. O mesmo Congresso que o aprovou cuidará de revogá-lo, e a estratégia de ajuste fiscal de longo prazo será irremediavelmente comprometida.

Assim, tal como no fim do governo Dilma, teríamos uma administração incapaz de lidar com o endividamento crescente, e as preocupações com a sustentabilidade da dívida retornariam ainda maiores.

Segundo Jared Diamond, sociedades entram em colapso quando não conseguem identificar um problema a tempo, ou, mesmo identificando-o, não dispõem dos meios para lidar com ele, ou ainda quando não conseguem se organizar politicamente para resolvê-lo, embora conseguindo identificá-lo e dispondo de meios para tanto.

O Brasil se parece cada vez mais com o terceiro caso, mas poucos parecem se preocupar com isso.

A aparente tranquilidade não condiz com o perigo real e imediato que o Brasil enfrenta. Sem as reformas, podem dar adeus a qualquer expectativa de um futuro decente para nossos filhos e netos. Ou mesmo para os trabalhadores de hoje, na ativa. E uma combinação de elevado desemprego com ausência de esperança num amanhã melhor costuma ser explosiva do ponto de vista social. Os parasitas podem estar festejando à beira de um vulcão prestes a entrar em erupção…

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

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