Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo

Se a oposição não reagir de verdade, poderá herdar um país em ruínas

Tenho sido um duro crítico dos tucanos, principalmente pela postura acovardada diante da ameaça petista. Entendo a estratégica política: deixar a coisa piorar muito para chegar ao poder em 2018. Condeno esse raciocínio utilitarista e pouco patriótico. Primeiro, pois o país não merece e talvez não aguente mais 3 anos de petismo; segundo, pois há um risco de o tiro sair pela culatra. Foi o mesmo erro de 2005, quando resolveram deixar Lula sangrando com o mensalão.

Em sua coluna de hoje no GLOBO, o historiador Marco Antonio Villa fez um bom resumo do caos e do absurdo que tem sido a era lulopetista, sem paralelo na história do nosso país, e conclui com um alerta da mesma natureza direcionado aos “opositores”:

O projeto criminoso de poder ainda tem muita lenha para queimar. E estão queimando. Destruíram a maior empresa brasileira. Atacaram com voracidade os fundos de pensão dos bancos e empresas estatais. Agora, estão solapando as bases do FGTS com a complacência das centrais sindicais pelegas. Possuem uma ampla base de apoio que é sustentada pelo saque do Estado. A burguesia petista ainda tem os bancos e benesses oficiais como suas propriedades. Os sindicatos nunca tiveram tanto dinheiro, produto do famigerado imposto sindical. Os tais movimentos sociais sobrevivem com generosas dotações governamentais sem que haja qualquer controle da utilização destes recursos. E são milhares de sindicatos e associações. Isto sem falar em outros setores, como os blogueiros e jornalistas amestrados, os artistas — em tempo: o que Chico Buarque acha do triplex e do sítio do Lula? São tenebrosas transações? Pseudointelectuais et caterva.

Estamos em meio a uma selva escura. E, pior, sem que um Virgílio nos conduza. Fazer o quê? Este é o paradoxo que vivemos. O projeto criminoso de poder nunca esteve tão debilitado, desmoralizado. Sobrevive porque não encontra obstáculos na estrutura legal do Estado — as instituições, diferentemente do que dizem as Polianas, não funcionam —, e inexiste uma oposição política digna deste nome. Há esforços isolados, quando muito. Os líderes oposicionistas não estão à altura do momento histórico. São fracos, dispersivos. Não gostam de serem obrigados a ter de enfrentar o governo e seus asseclas. Preferem o ócio, a conciliação parlamentar. Acreditam que a Lava-Jato e a gravidade da crise econômica vão, por si só, derrotar a quadrilha que tomou conta do aparelho de Estado. Não entenderam que, assim como o hábito não faz o monge, a crise pode não conduzir mecanicamente a uma queda imediata do petismo. Pode sim empurrar o Brasil para uma depressão econômico-social nunca vista na nossa história. E quando forem assumir o governo, só haverá ruínas.

Uma máfia tomou o estado de assalto, e se iludem aqueles que pensam que nossas instituições estão funcionando bem. Em que mundo vivem? Não confundam atos isolados e corajosos com sólidas instituições. Dilma tem 5% de aprovação, segundo pesquisa recente. Que democracia é essa que preserva no poder uma presidente tão rejeitada? Após tantos escândalos de corrupção, há alguns poderosos presos, mas a quadrilha continua no poder. Instituições funcionando? Sério?

Diante desse quadro tenebroso, em que os líderes da “oposição” não parecem à altura do desafio, eis o que propõe a esquerda radical, aquela que pretende surfar na onda da decadência petista como se ela não tivesse absolutamente nada a ver com o esquerdismo em si: mais esquerdismo, mais intervencionismo estatal ainda! Mas claro que isso não será apresentado assim, de forma tão escancarada e direta. Os lobos são espertos. Eles se oferecem como cordeiros, como democratas, deturpando totalmente o conceito. Foi o que fez Chico Alencar, deputado socialista, em artigo bem ao lado do meu hoje.

Para o deputado do PSOL, a linha auxiliar do PT, a solução para a crise em que a esquerda nos meteu é “democratizar”. E, num verdadeiro samba do crioulo doido, Alencar mistura o carnaval de rua com a política, alegando que o problema está na falta de participação popular. Claro, para ele isso significa mais deputados socialistas com mais poder, como na Venezuela. Lá há “excesso de democracia”, como diria Lula com os aplausos do deputado do PSOL. Essa gente é simplesmente patética.

Se uma oposição verdadeira, que mereça tal nome, não reagir imediatamente e à altura, o Brasil chegará em 2018 em ruínas. E quem acredita que o PSOL é mesmo oposição ao PT vive no mundo da Lua, alienado. Quem acredita também que o PSDB tem feito uma oposição firme, está viajando. Uma ala do partido sim, tem tentado assumir tons mais duros e combativos. Mas a ala da velha guarda, essa só falta estender um tapete vermelho para Lula e seus cúmplices.

Estamos órfãos de líderes corajosos e preparados, que enfrentem a corja vermelha no poder. Alguém se espanta com a reverência que o deputado Jair Bolsonaro tem recebido de forma crescente? O povo brasileiro não aguenta mais tanto abuso dos que estão no poder, tanta covardia dos que deveriam fazer oposição, e tanto cinismo dos que fingem fazer oposição para defender apenas mais do mesmo. Já deu!

Rodrigo Constantino

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.