
É assim que funciona: para simular um jornalismo isento, o “jornalista” com claro viés de esquerda pega tudo aquilo que alguns da própria direita já disseram de negativo ou pejorativo contra o alvo e usa para se referir a ele, enquanto do lado de lá, na própria esquerda, os adjetivos desaparecem, os rótulos somem, e sobra uma respeitosa menção aos realmente radicais. Vejam essa chamada do jornal gaúcho ZH, por exemplo:
Não adianta usar aspas para se livrar da responsabilidade. O que esse jornalista fez foi lamentável. Ted Cruz é um advogado respeitado, com incrível currículo. Um senador texano admirado por sua boa gestão e um oposicionista combativo e firme do governo Obama, um dos piores das últimas décadas. Desqualificá-lo dessa forma é ridículo. Reduzi-lo a um “ultraconservador” e um “maluco religioso” é campanha difamatória da esquerda.
Enquanto Cruz é retratado dessa forma infantil, injusta e cruel, o verdadeiro radical, do Partido Democrata, é visto como um sujeito razoável. Bernie Sanders é socialista assumido, e quando os nossos jornais se referem a ele, colocam o socialista no máximo entre aspas, como se não fosse mesmo o caso. Além disso, é um populista que seduz a juventude com promessas absurdas, e um completo ignorante em economia (chegou a reclamar da diferença entre as taxas de juros de um indivíduo e de uma hipoteca, demonstrando não ter a menor noção do que seja colateral).
Já escrevi aqui sobre isso. Mas nunca é demais, pois a campanha de desinformação de nossos jornais é incansável. Eles sempre dão um jeito de distorcer as coisas, de puxar a sardinha para o lado esquerdo e pintar uma imagem caricata do lado direito. Se o sujeito é conservador nos costumes, cristão devoto e liberal na economia, contra um estado intervencionista e paternalista, ele só pode ser uma personagem de um desenho animado, um alienígena que apareceu por aqui.
Mas se ele é um completo imbecil que prega o socialismo e o igualitarismo em pleno século XXI, um demente que quer transformar os Estados Unidos num fracassado país latino-americano, aí ele é um “social-democrata que encanta os jovens”, alguém “que se diz socialista”. Não é mole não!
Rodrigo Constantino



