• Carregando...
Você realmente entende de Economia para dar tantos pitacos?
| Foto:

O Brasil tem 200 milhões de técnicos de futebol, de juristas, de psicólogos, de médicos, de economistas… Ou seja, o Brasil tem uma massa enorme de palpiteiros, de gente que acha que entende dos mais variados (e complexos) assuntos. O que falta é certamente mais humildade – e mais estudo. Cada macaco no seu galho. A ignorância não é o maior problema. O maior problema é quando o sujeito ignora a própria ignorância. Aí vira estupidez.

Em sua coluna de hoje na Gazeta do Povo, o economista José Pio Martins, reitor da Universidade Positivo, comenta essa mania de todos se julgarem economistas em nosso país. Claro que não poderia sair coisa boa disso. Na verdade, como vemos, há muita barbaridade proferida com ar professoral por aí, como se bastasse voluntarismo político para decretar o progresso ou a igualdade. Diz o autor:

Embora possa ser mais ou menos entendido por um leigo, o corpo humano somente é conhecido em sua estrutura, organização interna e funcionamento por alguém que estudou Anatomia e outras disciplinas médicas. O mesmo se dá com a economia. Grosso modo, é possível entender a lógica interna e o funcionamento do sistema econômico. Mas a compreensão de suas relações, estrutura e organização sistêmica somente é possível a quem estude a ciência e seu objeto de estudo.

Apesar disso, é grande o número de pessoas no meio político, intelectual e da militância partidária que falam e opinam como se fossem especialistas, mesmo sem terem conhecimento técnico e científico do assunto. Assim, não é de estranhar que o estoque de bobagens seja elevado, como a afirmação de certo líder social segundo o qual “o único problema do Brasil é a desigualdade de renda e basta tirar de quem tem e transferir aos pobres para que a pobreza seja superada”.

[…]

Se tudo o que o Brasil produz fosse distribuído igualitariamente, continuaríamos sendo uma nação de pobres. Portanto, a meta maior não é tirar de quem tem mais. Definitivamente, a meta principal é fazer o PIB crescer mais que o crescimento da população. Nenhuma outra meta é mais importante que essa.

A Economia não é a ciência da bondade. É a ciência do necessário e do viável. Roberto Campos dizia que o mundo será salvo pelos eficientes, não pelos caridosos, e que o respeito ao produtor de riqueza é o começo da solução da pobreza. Se os eficientes não produzirem, os caridosos não terão o que distribuir. O socialismo morreu por duas razões: uma, não é passível de funcionar sem supressão das liberdades individuais; outra, é péssimo para produzir riqueza.

O melhor exemplo que tivemos recentemente foi o da Venezuela, citado pelo autor. “Com seu socialismo bolivariano, a Venezuela, sentada sobre a terceira maior reserva de petróleo do mundo, conseguiu a proeza de implantar o terror, provocar o desabastecimento de energia (atualmente, o país vive um racionamento pesado) e promover a falta de papel higiênico e de medicamentos”. O igualitarismo simplesmente não funciona. Ele produz apenas mais miséria, distribui somente o caos, pois mata a galinha dos ovos de ouro, asfixia os criadores de riqueza.

Compreender o funcionamento básico da economia não é tarefa tão trivial. É verdade que o bom senso de uma dona de casa já ajuda muito, às vezes mais do que alguns mestrados e doutorados, que podem servir para afastar ainda mais o sujeito da realidade, como vemos no caso da Unicamp. Mas seria saudável se as pessoas compreendessem que a Economia é uma ciência séria, que exige estudo e lógica, não apenas “boas intenções”.

A quem tiver mais interesse de aprender sobre o funcionamento básico da economia, como se gera inflação, quais os mecanismos de incentivo mais adequados, por que a abertura comercial é desejável etc, recomendo meu curso Bases da Economia, pela Kátedra, o mesmo que o deputado Jair Bolsonaro está fazendo. Com certeza após ele você deixará de ser um palpiteiro e passará a ter o mínimo de base para saber do que está falando.

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]