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As explosões em Beirute e a mídia abutre
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Duas explosões seguidas em Beirute, capital do Líbano, ocorridas nesta terça-feira (4) na zona portuária da cidade deixaram vários mortos e feridos. O impacto foi tão grande que pôde ser sentido em diversas áreas da capital e até no Chipre, ilha mediterrânea situada a cerca de 200 quilômetros de Beirute. O cenário foi de destruição e os moradores da cidade ficaram em pânico.

Ainda não há confirmações oficiais sobre a causa das explosões. A agência de notícias estatal libanesa afirmou que elas foram ocasionadas por um incêndio em um armazém com produtos inflamáveis confiscados nas proximidades do porto da capital, mas não há maiores esclarecimentos até o momento. Os primeiros relatos são de que havia quase três toneladas de nitrato de amônio armazenado no local.

Foi levantada a hipótese de que as explosões poderiam ter sido causadas por Israel. Isso porque elas ocorreram em meio às crescentes tensões que se desenrolam no Sul do Líbano entre Israel e a organização paramilitar xiita libanesa Hezbollah, que também é apoiada pelo Irã. Ambos, porém, negaram qualquer tipo de participação na tragédia. Sob a condição de anonimato, um funcionário do governo israelense afirmou que o país “não tem nada a ver” com a explosão, informou a agência de notícias Associated Press.

As suspeitas se deram porque o primeiro-ministro Netanyahu havia postado uma mensagem no mesmo dia, mas era sobre uma operação na Síria de retaliação por bombas colocadas na fronteira ao norte de Israel, e nessa operação foram mortos quatro terroristas. Ao que tudo indica, foi um acidente mesmo, possível pela estupidez e irresponsabilidade de quem guardou tanto nitrato no porto.

Mas o caso desperta na memória a desgraça que se abateu sobre o Líbano, cuja capital Beirute foi outrora considerada a "Paris do Oriente Médio". Os xiitas do Hezbollah conseguiram destruir o país. No livro De Beirute a Jerusalém, o jornalista do NYT Thomas Friedman faz um relato sombrio da situação e conta que a população, para se adaptar, chegava a fazer piadas para aliviar a barra, como quando alguém dizia já entrar no avião com uma bomba, pois a probabilidade de ter duas no mesmo voo era mais remota.

O Brasil tem muitos libaneses, vários oriundos das fugas ocorridas nessa época. O presidente Bolsonaro deu o tom certo, portanto, diante da tragédia:

Seria bom se o presidente adotasse com maior frequência essa postura diplomática. O teor da mensagem é basicamente o mesmo do assessor Filipe G. Martins:

Já a mídia abutre não quer que a tragédia no Líbano desvie a atenção para a contagem mórbida de cadáveres do coronavírus. Vera Magalhães, ícone da "patota do selo azul", foi totalmente infeliz em sua postagem, mostrando a amargura e o oportunismo com que lida com os fatos:

Não foi um caso isolado. Guilherme Macalossi foi na mesma linha, entre outros:

Deixando de lado a tentativa de se politizar a pandemia, e não levando em conta que o governador de São Paulo poderia ser responsabilizado mais do que o presidente sobre as mortes no estado, vale apontar para o crasso erro jornalístico desse pensamento. Um colega, experiente jornalista de Goiás, foi direto ao ponto e explicou o óbvio:

A pandemia, até jornalisticamente, deixou de ser manchete há muito. Virou notícia corriqueira, que se cobre com repórter setorista, a não ser uma possível novidade ou outra, como o teste de uma nova vacina, um possível remédio ou uma explosão de mortos fora da curva. Já esta tragédia em Beirute é chocante, para o mundo todo. Do ponto de visto jornalístico, além do humano, manchete na veia. Aliás, Bolsonaro fez muito bem ao se manifestar há pouco dizendo-se muito triste com a explosão, lembrando que o Brasil é terra de destino dos libaneses e afirmando que sente o desastre como se fosse no Brasil. É isso mesmo. Agiu como um presidente de verdade. Gostaria que fosse sempre assim, e eu me sentiria representado.

Uma explosão é um fenômeno único, que choca, que assusta, até porque as imagens correram o mundo e são impressionantes. As mortes causadas pela pandemia, infelizmente, tornam-se parte do nosso cotidiano, como, aliás, são as centenas de milhares de mortes causadas todos os anos por doenças respiratórias. Mas Vera não é capaz de esconder sua real intenção, e deve ter se controlado bastante para não sapecar o nome do presidente em seu post.

Depois essa turma reclama quando é alvo de desprezo ou críticas duras na internet. Parecem todos uns "coronalovers" mesmo, torcendo pelo pior para poder jogar para o colo de Bolsonaro a desgraça. Por isso Átila Iamarino foi até entrevistado pelo Roda Viva, para tentar dar aura de seriedade a um youtuber oportunista que chegou a prever quase três milhões de mortos no Brasil pela doença.

O povo fora da bolha "progressista" percebe o truque, o jogo sujo, e por isso a aprovação de Bolsonaro tem sido resiliente. Era o momento de simplesmente lamentar as mortes nessas explosões em Beirute, mas como essa gente ousa deixar de lado a contagem mórbida de cadáveres do coronavírus, claramente associada ao presidente que frequentava padarias sem máscara?!

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