
Luis Fernando Verissimo é um dos maiores ícones da esquerda caviar nacional, como os que já leram meu livro sabem. Em sua coluna de hoje, como não poderia deixar de ser, o simpático cronista saiu em defesa, ainda que tímida, envergonhada e (quase) disfarçada, dos mensaleiros que foram dormir na prisão ontem (não sei quanto ao leitor, mas eu dormi em minha própria casa). Vejam:
Se a prisão dos acusados do mensalão estiver mesmo inaugurando uma nova prática jurídica no país, o encarceramento de condenados sem distinção de nível social ou importância política, uma das consequências disso pode ser uma melhora dos serviços penitenciários para receber a nova clientela. Prevejo duas coisas: uma que quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje não dão na vista ou são ignorados. O que só desgravará alguns dos condenados quando não adiantar mais nada.
Não foi por acaso que jogou o nome de Jango no meio desse texto medonho. É para dar um ar de injustiça ao momento histórico da prisão de políticos corruptos do PT. Será que Verissimo quer dizer que vivemos em uma ditadura? Mas é o próprio PT que está há mais de década no poder!
Será que Verissimo pode dar nome aos bois? Quem teria sido injustiçado? Genoino? Dirceu? Marcos Valério? Quem teria colocado o veneno lá? Joaquim Barbosa? O STF escolhido em peso pelo próprio PT? A imprensa “golpista”, na qual o próprio Verissimo destila seu veneno socialista?
Fica muito difícil saber, pois o cronista só fala pelas entrelinhas. Depois ainda cita a Escandinávia, também nada por acaso. Para essa turma, seria um exemplo do socialismo que deu certo. Só que não! Ficou rica graças ao liberalismo, depois quase quebrou, e foram as reformas liberais que resgataram a região do fracasso total.
A Suécia e a Dinamarca nem salário mínimo possuem, o grau de liberdade econômica é muito maior do que o nosso, há mais respeito ao direito de propriedade privada, etc. Não são países socialistas, apesar da elevada carga tributária (essa é a parte ruim, que nós imitamos). A Suécia tem até voucher de educação, bandeira do liberal Milton Friedman.
Mas isso não vem ao caso aqui. O ponto é que esse texto, como tantos outros de Verissimo, vai entrar para a história como mais um equívoco gigantesco desse escritor que tão bem representa a esquerda caviar brasileira. Sempre do lado errado da história, sempre defendendo o que há de pior para defender. Quando exumarem os textos de Verissimo – o filho, claro! – seus herdeiros morrerão de vergonha lá na frente…



