
Acabo de ver “O conselheiro do crime”. Que desperdício de elenco! Quando você vai ver um filme com Michael Fassbender (impecável no excelente “Shame”), Javier Barden, Penélope Cruz, Brad Pitt e a bela ícone da esquerda caviar Cameron Diaz, todos dirigidos por Ridley Scott, o mínimo que espera é um grande filme. Esse não é.
O roteiro é fraco, a trama é previsível, e somente o bom desempenho dos atores salva as duas horas de cinema, com uma cabeça cortada no meio para divertir os homens e enojar as mulheres. A sensação que fica é a de que tinha tudo para ser muito melhor. A decepção é inevitável.
A única mensagem clichê que fica? Sai da boca do traficante e líder do cartel, que assume o papel de filósofo existencialista e joga uma ducha de realismo na cara do advogado dos criminosos que resolve, ele mesmo, entrar para o crime. Há certas coisas na vida que não têm volta.
Uma vez tomada a decisão lá atrás, o que vem é conseqüência, e por mais desesperado que você fique com ela, implorando por alguma chance qualquer de reverter o quadro, de trocar de lugar com algum ente querido que vai sofrer em seu lugar, nada adianta. Resta-lhe somente aceitar a realidade, o mundo como ele é, esse novo mundo que você decidiu entrar quando ainda era viável evitá-lo.
A ganância desmedida: sempre ela a destruir vidas. O sujeito amava a mulher, que era linda, tinha uma boa vida, mas queria mais, muito mais, e estava disposto a cruzar uma perigosa linha para pegar um atalho à riqueza. Fez um pacto com o diabo, assinou um contrato faustiano. O único destino possível é Mefistófeles.
Tudo bem. Não deixa de ser um recado razoável. Mas não era necessário reunir esse time de primeira para tanto. Todos ali já tiveram experiências melhores em outras ocasiões. Eu fui alertado antes, até pela crítica da Veja. Resolvi entrar naquele mundo mesmo assim. Era tarde para voltar atrás, para evitar as conseqüências de minha escolha…



