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Balneário Piçarras (SC) lançou pela quarta vez em dois anos o edital para o alargamento da Praia Central. O investimento de R$ 38.288.895,54 prevê a adição de 379.166,76 m³ de areia ao longo de dois quilômetros, do espigão da Avenida Getúlio Vargas até a barra do Rio Piçarras.
Os editais anteriores não foram concluídos por falta de propostas ou de empresas habilitadas para executar o serviço. Caso o atual certame seja concluído, será o quarto alargamento da Praia Central nos últimos 27 anos.
A intervenção visa criar uma barreira contra o avanço do mar e a erosão causada por ressacas e ampliar o espaço para banhistas e visitantes. A medida deve gerar oportunidades de emprego e renda para o município, impactando diretamente na economia local.
Balneário Piçarras tem 27 mil habitantes e registrou crescimento populacional de 58% entre os censos de 2010 e 2022. A praia, que se estende por sete quilômetros, é o principal atrativo turístico e econômico da cidade.
Piçarras tem histórico de tentativas para fazer alargamento na praia
A prefeitura detalhou os problemas enfrentados nos três alargamentos anteriores, realizados em 1998, 2008 e 2012:
- Primeira obra (1998): foi feito apenas o aterro, sem elementos para contenção da areia, resultando em baixa durabilidade.
- Segunda obra (2008): executadas estruturas de pedras (molhes) para contenção da areia, que duraram por um período determinado.
- Terceira obra (2012): realizada manutenção, mas houve retorno da erosão devido aos materiais utilizados.
A atual intervenção foi planejada com estimativa de duração entre 15 e 20 anos, buscando corrigir os problemas das obras anteriores. "Além de todos os benefícios para os usuários na praia, enfrentamos problemas com ressacas marítimas em nossa orla. Já sofremos com esses eventos alguns anos atrás", pontua o prefeito Tiago Baltt (MDB).
O alargamento proporcionará proteção à costa, justifica a prefeitura. "Estamos comprometidos em promover o desenvolvimento sustentável de Balneário Piçarras, e essa obra representa um passo nessa direção", acrescenta o prefeito.

Projeto para obra em praia enfrenta disparidade entre valores estimados e propostas recebidas
Os recursos para o alargamento da orla serão provenientes do Fundo de Manutenção da Praia (Fumpra) e dos cofres municipais. A contratação será feita por concorrência pública, utilizando o critério de menor preço para julgamento das propostas. O certame receberá propostas através do Portal de Compras Públicas até 5 de setembro.
A planilha orçamentária foi elaborada com base nos projetos técnicos e utilizou como referência os indicadores do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), Sistema de Custos Referenciais de Obras do Departamento Nacional de Trânsito de Santa Catarina (Dnit-SC) e Sistema Nacional de Pesquisa de Custos da Caixa Econômica Federal (Sinapi).
Segundo o secretário de Administração e Gestão Interna de Balneário Piçarras, Márcio da Rosa, a adoção da planilha de custos do INPH foi necessária após dificuldades enfrentadas em licitação anterior devido à incompatibilidade entre valores estimados e propostas recebidas. "Realizamos reuniões no instituto para garantir que a licitação seja publicada e concluída com êxito", explica.

O projeto de alargamento integra um conjunto de melhorias na infraestrutura local. Está em andamento a urbanização da avenida José Temístocles de Macedo, no bairro Itacolomi, entre a rua Canto do Sol e o limite com Barra Velha.
A obra contempla sistemas de drenagem, pavimentação em paver (peças em concreto), concretagem de muro de contenção, instalação de postes de iluminação e montagem de decks. Em complemento a essas ações está a construção de um molhe de 70 metros na Praia de Piçarras, construído em 2024 com o objetivo de controlar a erosão costeira, reduzir a perda de sedimentos e promover a estabilidade da praia.
Praias de Piçarras de olho em certificação ambiental internacional
Com prazo de execução de 70 dias, a nova obra planejada utilizará dragagem hidráulica em mar aberto para obtenção dos 379.166,76 m³ de areia necessária. A operação empregará equipamentos de grande porte, incluindo uma draga autotransportadora tipo hopper com capacidade mínima de 2.700 m³, embarcações de apoio logístico com potência de 350kW e tratores de esteira com potência entre 250 e 380 HP.
Todo o processo seguirá o Plano Básico Ambiental (PBA) aprovado pela Licença Ambiental de Instalação nº 5474/2025, emitida pelo Instituto do Meio Ambiente de Balneário Piçarras (IMP). As dragas utilizadas deverão possuir sistemas de posicionamento GPS para monitoramento da rota, defletores rígidos para proteção de tartarugas marinhas, observadores de bordo para mamíferos aquáticos e válvulas verdes para reduzir sedimentos em suspensão.
A área de dragagem preservará pequenas ilhas intocadas para permitir a recolonização da fauna bentônica, minimizando impactos ambientais. Todas as praias da cidade estão pré-selecionadas para o título internacional da Bandeira Azul da temporada 2025/2026.
O reconhecimento abrange a Praia da Ponta do Jacques (certificada desde 2023), Praia de Piçarras (certificada desde 2018), Praia Central de Balneário Piçarras (certificada desde 2024) e a Praia da Barra do Rio Piçarras (primeira certificação prevista para 2025/2026).
Este selo internacional, concedido pela Foundation for Environmental Education (FEE), reconhece praias que atendem critérios de qualidade ambiental, segurança e gestão sustentável. O anúncio dos destinos contemplados para a temporada 2025/2026 está previsto para outubro.
Setor de imóveis projeta valorização imobiliária com alargamento de praia em Piçarras
O corretor imobiliário e gerente comercial da Via Praia Imóveis Janderson de Souza avalia que o alargamento da faixa de areia terá impacto na valorização imobiliária e na atratividade turística do município. "Este tipo de obra proporciona benefícios que transcendem os imóveis de frente para o mar, impactando toda a cidade", avalia.
Ele evidencia a praia como principal ativo local. "Mantém a certificação Bandeira Azul há cinco anos, e praticamente toda a orla já possui esse reconhecimento, o que reforça a qualidade de vida que oferecemos. Ao ampliar a faixa de areia, Piçarras proporciona mais segurança contra ressacas e ciclones, além de mais espaço para os banhistas", reforça o corretor.
Nos negócios, a obra na praia fortalece argumentos de venda, diz ele, "uma vez que o potencial litorâneo é o que impulsiona nosso mercado". O corretor destaca que o impacto se estende por toda a cadeia imobiliária.

"Os imóveis com vista para o mar são os mais disputados e estabelecem o padrão de valor por metro quadrado para toda a cidade. Bairros mais distantes, como Nossa Senhora da Paz, também se valorizam, pois Piçarras desenvolve-se a partir da praia e todo o entorno acompanha essa dinâmica de crescimento", analisa o corretor, acrescentando que a tendência de valorização beneficia inclusive municípios vizinhos.
Souza observa ainda um movimento migratório de famílias que buscam alternativas a Balneário Camboriú. "Muitas pessoas encontram aqui um crescimento mais ordenado, com localização, fácil acesso pela BR-101, proximidade com aeroportos e um conjunto de fatores como o Parque Linear, o Parque Ecológico e a certificação Bandeira Azul".
De acordo com ele, Piçarras figura entre as cidades mais procuradas do Brasil para investimentos em imóveis de alto padrão. "Piçarras não representa mais uma promessa futura: é uma realidade no mercado imobiliário", diz.
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