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A participação do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ) nas manifestações catarinenses pelo impeachment de Alexandre de Moraes e Lula, no último final de semana, evidencia a intenção do filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em disputar as eleições ao Senado por Santa Catarina. Carlos Bolsonaro participou dos atos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o governo Lula em Criciúma (SC) e em Florianópolis (SC).
Ao lado do irmão Jair Renan (PL-SC), vereador na cidade de Balneário Camboriú, Carlos foi recebido pelos eleitores catarinenses e discursou contra a escalada das medidas impostas por Moraes contra Bolsonaro. “O povo quer paz, o povo quer liberdade e a gente tem o direito de pleitear isso. Eleições sem Jair Bolsonaro, isso sim é golpe”, discursou Carlos durante a manifestação na capital catarinense.
A aproximação do filho do ex-presidente - que tirou fotos e caminhou entre o público durante as manifestações populares - também serve para diminuir a barreira regional, caso a troca de domicílio eleitoral seja confirmada. No final de junho, o plano de mudança de estado para concorrer ao Senado foi criticado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), que declarou que o estado não precisava “importar” candidatos para as eleições de 2026.
O parlamentar carioca encontrou-se com o vereador Flavinho (PL-SC), da cidade de Blumenau, que defendeu a troca de domicílio eleitoral do aliado. “Carlos tem um papel fundamental no enfrentamento das narrativas mentirosas da esquerda — e faz isso há anos, com firmeza e inteligência. Santa Catarina sabe acolher quem está do lado certo da história”, disse pelas redes sociais.

Governado por Jorginho Mello (PL-SC), aliado de Bolsonaro, Santa Catarina é considerado um dos estados mais conservadores do país com amplo eleitorado de direita. Antes da prisão domiciliar imposta por Moraes, o ex-presidente confirmou a pré-candidatura de Michelle Bolsonaro (PL-DF) ao Senado pelo Distrito Federal e a intenção de lançar Carlos por Santa Catarina, evitando o confronto entre irmãos no Rio de Janeiro, onde o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) buscará a reeleição.
Troca de domicílio de Carlos Bolsonaro não é confirmada pelo governador de SC
Em junho, o vereador Carlos Bolsonaro manifestou, pela primeira vez, o interesse de mudar de domicílio eleitoral com a possibilidade de lançar a pré-candidatura ao Senado. “Se concretizar essa mudança, levarei comigo a experiência conquistada na Câmara do Rio e aprendida observando meu pai, para trabalhar pela região que irá me receber - e por todo o Brasil - certo de que valores não mudam com o CEP”, declarou.
Carlos tem o apoio de Bolsonaro, que considera o filho 03 como um dos principais nomes responsáveis pelas campanhas presidenciais de 2018 e 2022. No entanto, o PL catarinense deve alterar o planejamento para as eleições de 2026, caso a pré-candidatura de Carlos seja confirmada.
Pelo PL-SC, as deputadas Carol De Toni e Júlia Zanatta figuram como principais nomes na corrida pelo Senado em 2026. Zanatta - que há dois meses teria demonstrado incômodo nos bastidores com a troca de domicílio eleitoral do filho 03 de Bolsonaro - participou das manifestações ao lado de Carlos, em Criciúma e Florianópolis, e publicou uma foto ao lado do aliado.
As parlamentares foram procuradas pela Gazeta do Povo, mas não se manifestaram sobre a possível ida de Carlos Bolsonaro para o estado catarinense até a publicação desta reportagem. As deputadas do PL participam da ocupação da Mesa na Câmara Federal na obstrução dos trabalhos para pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto de lei da anistia dos envolvidos nos atos praticados em 8 de janeiro de 2023.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, que chegou a declarar apoio a De Toni, afirmou que o estado está de braços abertos para receber Carlos Bolsonaro, logo após o vereador manifestar o interesse em mudar de domicílio. No final do mês passado, Mello comentou que a migração do filho do ex-presidente ainda não foi definida. “Não tem nenhum acordo fechado. Foi aventado do Carlos Bolsonaro ir para o Espírito Santo, para Roraima ou para Santa Catarina. Não tem nada definitivo”, disse o governador em entrevista ao blog da jornalista catarinense Karina Manarin.
Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria de Mello confirmou que o governador estava dialogando com o ex-presidente Bolsonaro — antes da prisão domiciliar deste - para a construção de uma aliança, onde cada um deve indicar um nome para a corrida ao Senado: nas eleições de 2026, cada estado vai eleger dois representantes.
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