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Embora o senador Espiridião Amin (PP) estivesse no palco, foi a deputada federal Caroline de Toni (PL) que recebeu gritos de "senadora, senadora" do público. A manifestação popular veio durante a fala da parlamentar catarinense na última quinta-feira (4), no Congresso de Municípios, Associações e Consórcios de Santa Catarina (Comac), em Balneário Camboriú (SC).
Pré-candidata para a disputa das duas vagas ao Senado pelo estado catarinense em 2026, De Toni tem recebido apoios explícitos e suprapartidários desde que o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, declarou que os candidatos na chapa que vai buscar a reeleição do governador Jorginho Mello (PL) serão o próprio Amin e Carlos Bolsonaro (PL), vereador pelo Rio de Janeiro.
Diante da reação de políticos catarinenses e até de correligionários do PL a favor da deputada, o próprio filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu se mexer para marcar posição. Na última terça-feira (2), Carlos esteve em Brasília para confirmar seu desejo de disputar a vaga na chamada Casa Alta e, na sexta (5), buscou se encontrar com o governador de Santa Catarina.
Até a declaração do presidente do PL, no dia 28 de agosto, os dois postulantes à candidatura por Santa Catarina avançavam suas peças no jogo sem entrarem em colisão. Nas redes sociais, em julho, Carlos postou foto abraçado com De Toni, elogiou-a e se mostrou disposto a "aprender e dividir vivências".
No final de junho, em entrevista à Rádio Cidade FM, a deputada federal rebateu a posição da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), que emitiu nota contra a vinda de "políticos de fora" para disputar cargos no estado. "O que está em jogo não é o bairrismo neste momento, mas a continuidade ou não das liberdades no Brasil", disse ela na ocasião.
O posicionamento de Valdemar da Costa Neto acabou por acirrar a disputa entre os dois, meses antes das convenções partidárias, e a pressão deve aumentar sobre o presidente do PL em Santa Catarina, que no caso é o próprio governador Jorginho Mello. Fiel da balança para a formação da chapa de 2026, ele já chamou De Toni de "minha senadora" em fevereiro e se mostrou favorável à ida de Carlos para o tabuleiro catarinense, em junho. Dois meses depois, desconversou sobre o filho do ex-presidente, dizendo que o 02 poderia sair senador pelo Espírito Santo ou até Roraima. No último domingo (7), posou ao lado de Carlos Bolsonaro durante desfile de Independência em Florianópolis (SC).
Para esquentar ainda mais o jogo, na quarta-feira (4), pesquisa eleitoral da Real Time Big Data, encomendada pela Record, apontou que o vereador do Rio de Janeiro é o preferido entre os catarinenses. Carlos Bolsonaro aparece com 45% das intenções de voto, seguido por Carol De Toni, com 33%. O levantamento ouviu 1.200 eleitores catarinenses entre os dias 2 e 3 de setembro, com margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Um Espiridião Amin no meio do caminho
A terceira posição para o Senado, na pesquisa da Real Time Big Data, é a do experiente Espiridião Amin (PP), que aparece com 21%. É justamente o senador que pode barrar as pretensões eleitorais de Carlos Bolsonaro e Caroline De Toni para 2026. Primeiro dos três a lançar pré-candidatura, Amin é a primeira escolha de Jorginho Mello para a formação da chapa de 2026. O governador, que pretende se reeleger, está de olho no apoio da maior bancada da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que aumentou sua relevância a partir da formação da federação União Progressista, com o União Brasil.
Em 2026, entram em disputa 54 das 81 cadeiras de senador, dois a serem eleitos por cada estado, e Carlos Bolsonaro em Santa Catarina faz parte da estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de eleger membros do clã para o Senado, com Flávio Bolsonaro pelo Rio de Janeiro, Eduardo Bolsonaro por São Paulo e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pelo Distrito Federal. O ex-presidente, que no início do ano havia declarado apoio à deputada federal Caroline De Toni, tem defendido o nome do filho e sugerido que o PL lance os dois na chapa e o PP lance Amin, deixando a escolha para os catarinenses.
Lideranças do PL defendem que Carlos tente se eleger senador por São Paulo, na vaga que seria destinada ao irmão Eduardo, autoexilado nos Estados Unidos e sem data para voltar ao Brasil. Até mesmo Michelle Bolsonaro, do PL Mulher, já declarou que De Toni é uma das pré-candidatas preferidas ao Senado para 2026 e que Carlos Bolsonaro deveria escolher outro estado para se candidatar.
No entanto, se mantiver a intenção de sair por Santa Catarina, Carlos Bolsonaro irá se posicionar com a força do sobrenome, além do respaldo do pai e do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. A própria deputada Caroline De Toni já reconheceu que ele seria o preferido dos catarinenses na entrevista que deu em junho à Rádio Cidade FM. "Quando aparecer Bolsonaro na urna, o pessoal vai votar direto. Ele tende a ser o mais votado em Santa Catarina", avaliou.

Caroline De Toni lidera em cenário sem Carlos Bolsonaro
Neste que é o segundo mandato como deputada federal, Caroline De Toni tem se destacado na linha de frente da bancada de oposição ao governo Lula (PT). É a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados e líder da minoria, cargo indicado pelos partidos e blocos oposicionistas da Casa.
A defesa dela para pautas conservadoras tem ganhado cada vez mais a simpatia do eleitor de Santa Catarina, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro teve 69,67% dos votos nas eleições de 2022. Ainda na pesquisa da Real Time Big Data, a parlamentar lidera na intenção de voto em um cenário sem Carlos Bolsonaro como opção:
- Caroline De Toni (PL): 36%
- Esperidião Amin (PP): 27%
- Adriano Silva (Novo): 22%
- Júlia Zanatta (PL): 19%
- Décio Lima (PT): 19%
- Paulo Alceu (sem partido): 9%
- Antídio Lunelli (MDB): 9%
- Nulo/branco: 8%
- Não sabe/não respondeu: 5%
O desempenho da deputada pode ser medido também pela reação da cena política ao nome de Carlos Bolsonaro para o Senado. Um dia depois que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse que "a Carol é muito querida, deve voltar para deputada", lideranças de diferentes regiões do estado se manifestaram a favor dela. A vice-prefeita de Florianópolis (SC), Maryanne Mattos (PL), chegou a classificar a fala de Valdemar como uma grande injustiça, e a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), lamentou a possibilidade de a parlamentar perder espaço na disputa do próximo ano.
O vento contra parece ter mexido com Carlos Bolsonaro, que foi a Brasília e buscou se reunir com o governador catarinense. Vereador pelo Rio de Janeiro há 25 anos, ele estaria consolidando moradia em São José, na Grande Florianópolis. Ele é considerado pelo próprio pai como o grande responsável pela vitória de 2018 nas eleições presidenciais, devido à sua atuação com marketing digital. Depois de anos vendo a ascensão da família de sua cadeira de vereador na cidade do Rio de Janeiro, o filho 02 quer ocupar cargos mais relevantes em 2026.
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