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A atividade econômica de Santa Catarina e do Paraná cresceu 6,1% entre janeiro e junho de 2025, conforme dados do Banco Central divulgados na quarta-feira (27). O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), indica que os estados superaram a média nacional, que teve um aumento de 3,2% no mesmo período. Eles não foram os únicos nesse crescimento:
- Santa Catarina: +6,1%
- Paraná: +6,1%
- Pará: +5,6%
- Goiás: +5,4%
- Bahia: +3,9%
- Minas Gerais: +3%
- Espírito Santo: +2,9%
- Ceará: +2,6%
- Amazonas: +2%
- Rio de Janeiro: +1,7%
- São Paulo: +1,4%
"Santa Catarina cresce economicamente graças à sua força competitiva, à indústria variada, ao turismo, ao agronegócio e a uma logística que funciona. O estado é um modelo para o Brasil em captar investimentos, gerar empregos e oferecer a melhor segurança. Como resultado, mais empresas e pessoas investem aqui, fazendo a nossa economia avançar", comemorou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
Apesar do desempenho positivo, o cenário para o segundo semestre permanece desafiador, que apontam para redução no consumo e aumento da inadimplência, com alta dos juros (Selic em 15% ao ano) e taxação de 50% sobre uma vasta gama de produtos brasileiros dedicados à exportação, decretada pelos EUA no início de agosto.
Segundo o presidente da Fecomércio SC, Hélio Dagnoni, o primeiro semestre no estado teve resultados acima das expectativas, tanto em crescimento econômico quanto em geração de empregos. Agora, no entanto, os efeitos dos juros elevados — atualmente no maior nível em quase duas décadas — começam a impactar todos os setores.
"Todos os indicadores apontam para uma desaceleração econômica neste segundo semestre. Esse resultado foi influenciado pela piora na percepção sobre o mercado de trabalho e o crédito, que se torna mais restritivo com juros tão altos. Nossa esperança é que a inflação recue de forma mais significativa, permitindo uma rápida melhora do ambiente econômico", afirma Dagnoni.
Também divulgados esta semana dados da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC), em parceria com a Confederação Nacional dos Comércios de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que indicam que a intenção de consumo das famílias catarinenses diminuiu em 4,1% em agosto, atingindo o menor patamar dos últimos dois anos. As quedas mais expressivas ocorreram nas compras de bens duráveis (–7,5%) e na avaliação do emprego atual (–5,5%), que já está no terceiro mês consecutivo de retração.
De acordo com a economista da Fecomércio-SC Edilene Cavalcanti, a queda na intenção de consumo foi observada em todas as faixas de renda, mas teve maior intensidade entre os consumidores que ganham até dez salários mínimos.
Bom desempenho na produção e inadimplência entre consumidores
Nos primeiros seis meses de 2025, a indústria, o comércio e os serviços em Santa Catarina cresceram acima da média nacional, impulsionando o bom desempenho da atividade econômica do estado. O comércio foi destaque ao crescer 6,2% no volume de vendas, enquanto a média nacional avançou apenas 1,8%.
Com isso, Santa Catarina foi o segundo colocado no ranking nacional, atrás somente do Amapá (7,8%) e empatado com a Paraíba (6,2%). O setor de serviços, que ficou em sexto lugar entre os estados e o Distrito Federal, cresceu 4,6% no mesmo período em Santa Catarina, ante a média nacional de 2,5%.
Já a indústria teve um aumento de 4,4% entre janeiro e junho deste ano, mais que o dobro da média nacional de 1,2%, colocando o estado na terceira posição, atrás de Pará (6,9%) e Paraná (5,2%).
Mais uma vez, o otimismo com os números não parece reverberar entre os consumidores. Além da baixa no consumo, em julho Santa Catarina apresentou um percentual de 28,6% de famílias com contas em atraso, o maior nível de inadimplência em dois anos. Em julho de 2023, o índice era de 31%.
Outro indicador relativo à economia de Santa Catarina que acende o alerta é o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar as dívidas, que chegou a 8%, o maior patamar registrado neste ano.
"Estamos vendo uma deterioração do ambiente econômico como reflexo dos juros excessivamente altos. Muitos esperavam uma retração já no primeiro semestre, mas os resultados ainda foram positivos. Agora, com o cenário externo também adverso, observamos a piora de alguns indicadores. Acreditamos que o aumento da inadimplência pode ser um reflexo disso", avalia Hélio Dagnoni, presidente da Fecomércio-SC.
Apesar da alta, a inadimplência em Santa Catarina segue abaixo da média nacional, que ficou em 30,2%. Por outro lado, supera a média histórica estadual, estimada em aproximadamente 22%.
Junho foi o terceiro mês consecutivo de retração na economia de Santa Catarina
A tendência de desaceleração econômica de Santa Catarina pode ser notada no próprio Índice de Atividade Econômica Regional, do Banco Central. Apesar do bom resultado acumulado de 6,1% no primeiro semestre, o mês de junho foi o terceiro consecutivo de recuo.
Segundo o Observatório Fiesc, a produção industrial também tem diminuído o ritmo. Em junho, a queda foi de 0,8% em comparação com maio. A fabricação de móveis foi o setor com a maior retração, com uma queda de 8,7%, seguida pela fabricação de produtos de borracha e de material plástico, que declinou 5,9%. O segmento de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias também apresentou queda, de 4,9%.






