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Comércio internacional

Exportações de SC para os EUA caem 19,5% no primeiro mês de tarifaço do Trump

Apesar do recuo nas exportações de Santa Catarina, os EUA seguem como principal destino dos embarques de produtos do estado.
Apesar do recuo nas exportações, os EUA seguem como principal destino dos embarques de produtos catarinenses. (Foto: Portonave/Fiesc/Divulgação)

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No primeiro mês em que vigorou a nova tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos exportados pelo Brasil, Santa Catarina teve um recuo de 19,5% em relação a agosto de 2024. O setor de madeira e móveis foi um dos que mais sentiu o impacto, com encolhimento de até 34,9% em alguns segmentos na comparação entre os dois anos. Considerando as vendas externas globais, no entanto, o estado catarinense registrou alta de 1,54% em agosto, somando US$ 971,4 milhões.

Na visão do economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt, o desempenho refletiu dois fatores associados ao "tarifaço": a antecipação de pedidos por clientes norte-americanos – que estocaram produtos antes da entrada das tarifas em vigor – e a suspensão dos pedidos após a vigência da sobretaxa de 50%.

“Foi uma redução significativa em agosto, mas foi um movimento que já esperávamos. Nos próximos meses, teremos condições de analisar como as exportações para os Estados Unidos vão se comportar no futuro”, explicou o economista. Apesar do recuo nas exportações, os EUA seguem como principal destino dos embarques de produtos catarinenses. No oitavo mês do ano, as exportações para o mercado norte-americano somaram US$ 119,2 milhões.

“O setor de madeira e derivados tem se mostrado um dos mais vulneráveis ao tarifaço. A elevada exposição aos Estados Unidos, combinada com a produção de itens customizados para aquele mercado, torna a situação complexa, sem perspectivas de solução no curto prazo”, destacou Bittencourt.

Apesar do recuo nas exportações, os EUA seguem como principal destino dos embarques de produtos catarinenses.

O setor apresentou queda de 34,9% nas exportações de obras de carpintaria para construções, recuo de 30% nas de madeira compensada e de 17,2% nas de madeira serrada. Além desses segmentos, as partes de motor (-42,7%) e a carne suína (-6,2%) também caíram. Entre os principais produtos exportados pelo estado que apresentaram alta em agosto estão:

  • carne de aves (+9,9%)
  • soja (+16,1%)
  • motores elétricos (+4,2%)
  • transformadores elétricos (+28,7%)
  • papel kraft não revestido (+34,4%).

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Os resultados de agosto ainda estavam sendo tabulados quando o grupo de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) retornou de uma missão a Washington. A comitiva foi recebida por membros do Congresso, da Câmara de Comércio, de órgãos governamentais, de associações setoriais e por clientes de empresas brasileiras. Presente nos encontros, o vice-presidente da Fiesc, André Odebrecht, avaliou a agenda como positiva.

"Todos estes protagonistas estão mais bem informados sobre o ambiente de negócios brasileiro, a qualidade dos produtos e a capacidade de inovação e competitividade de nossas indústrias. Além disso, estão cientes do risco que a ausência de produtos brasileiros em algumas cadeias produtivas ou mercados consumidores pode provocar, tanto do ponto de vista de perda de qualidade quanto da diminuição da concorrência e seus potenciais efeitos negativos sobre a economia norte-americana”, afirmou.

Exportações Santa Catarina sofrem recuo em primeiro mês de vigência do tarifaço dos EUAA comitiva foi recebida por membros do Congresso, da Câmara de Comércio, de órgãos governamentais, de associações setoriais e por clientes de empresas brasileiras. (Foto: Divulgação/CNI)

A CNI, por meio do embaixador Roberto Azevêdo, fez uma defesa oral durante a audiência pública realizada no dia 3 no Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), na investigação aberta sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.

Na percepção de Odebrecht, as iniciativas pavimentaram o caminho para negociações futuras, quando o ambiente político for mais favorável. “Tivemos a oportunidade de mostrar os diferenciais do Brasil em relação aos seus competidores, destacando as similaridades na cultura e os mais de 200 anos de relacionamento”, afirmou o industrial.

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Os embarques de produtos catarinenses registraram um aumento de 5,9% de janeiro a agosto, com um valor acumulado de US$ 7,94 bilhões. Contribuíram para o resultado a alta nas exportações de proteína animal, que é o principal item da pauta.

As vendas externas de carne de aves cresceram 8,1% no ano até agosto, totalizando US$ 1,44 bilhão, enquanto as de carne suína avançaram 12,7%, com US$ 1,14 bilhão. Destacaram-se no período os embarques de carnes de aves para o México e de carne suína para o Japão.

O principal destino dos embarques foram os Estados Unidos, apesar do recuo de 1,3% no ano até agosto. As exportações para a China, o segundo país do ranking, também mostraram declínio (-6,3%), assim como para o México (-1,1%).

Por outro lado, as vendas externas para a Argentina, terceira no ranking, cresceram 31,7% no ano. Os embarques para o Japão, o quinto principal destino, também subiram 13,8%. O crescimento das exportações para o Chile também foi destaque, com alta de 39,2% no ano, na comparação com os oito primeiros meses de 2024.

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Considerando apenas o mês de agosto, as importações catarinenses recuaram 10,6%, totalizando US$ 2,75 bilhões. As importações de partes e acessórios para veículos – o terceiro item na pauta – recuaram 12,6%, enquanto as compras de pneus de borracha caíram 29,8%.

O destaque positivo foi o aumento de 150,9% nas importações de fertilizantes nitrogenados. O cobre refinado, primeiro item da pauta, registrou um incremento de 12,9%. As importações recuaram nas cinco principais origens das compras catarinenses: China (-16,5%), EUA (-3,5%), Chile (-6,9%), Alemanha (-27,4%) e Argentina (-15,3%).

No acumulado do ano, as importações subiram 2,6%, atingindo US$ 22,48 bilhões. A principal origem das importações continua sendo a China, com US$ 9,58 bilhões e alta de 2% em comparação com o período entre janeiro e agosto de 2024. Estados Unidos e Chile mostraram recuos de 6,6% e 3,3%, respectivamente. As importações da Alemanha cresceram 3,3% no ano, enquanto as argentinas recuaram 6,1% no período.

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