Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Incentivos fiscais

Como SC pretende atrair bilhões em investimentos privados para gerar quase 19 mil empregos até 2028 

Programas de incentivos fiscais devem gerar 18,6 mil empregos até 2028.
Programas de incentivos fiscais devem gerar 18,6 mil empregos até 2028. (Foto: Marco Favero/Governo de Santa Catarina)

Ouça este conteúdo

O estado de Santa Catarina projeta a atração de R$ 4,4 bilhões em investimentos do setor privado que prometem gerar 18,6 mil empregos nos próximos quatro anos. Para isso, foram aprovados 50 novos projetos em programas de incentivos fiscais que apostam em inovação, economia circular e energia renovável.

Assim, indústrias que incorporam tecnologias da chamada indústria 4.0 recebem condições atrativas ofertadas pela gestão pública, sob administração estadual de Jorginho Mello (PL). A proposta é de que, com a modernização do setor, as empresas podem chegar a juros zero na devolução do ICMS postergado.

A estratégia do governo catarinense é fortalecer o setor, atrair novos negócios e ampliar a competitividade. Santa Catarina é o estado com a menor taxa de desemprego do país (2,2%). Junto com Rondônia (2,3%), o resultado deixa esses dois estados brasileiros à frente de todos os países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), incluindo o G7, formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

“A nossa indústria é diversificada, competitiva e inova com produtos de alta qualidade, que abastecem o país e o mundo”, destacou o governador Jorginho Mello. Entre 2023 e agosto de 2025, 404 projetos foram contemplados em 11 rodadas de concessão de incentivos fiscais. As empresas envolvidas assumiram o compromisso de investir R$ 28 bilhões e criar quase 104 mil empregos diretos e indiretos no estado.

VEJA TAMBÉM:

SC aposta em incentivos para modernizar indústrias e ampliar arrecadação

Os projetos aprovados nesta rodada do projeto do governo catarinense incluem a instalação e expansão de fábricas, construção de subestações de energia elétrica e aquisição de maquinário para aumentar a produtividade industrial. Os incentivos variam de postergação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelo Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec) à desoneração de impostos na aquisição de bens e serviços via Pró-Emprego. O Tratamento Tributário Diferenciado (TTD 489) permite limites adicionais para transferência de créditos, condicionados à expansão de atividades ou à criação de novos negócios.

De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda, os incentivos devem viabilizar um aumento de R$ 46,3 bilhões no faturamento das empresas até 2028. Esse montante, por sua vez, deverá retornar aos cofres públicos por meio da arrecadação de impostos, tendo como base que, à medida que mais empregos são criados e a produção aumenta, a base de ICMS também se expande.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o secretário da Fazenda de Santa Catarina, Cleverson Siewert, defendeu que, na prática, cada real que o estado concede em incentivo tem potencial de retornar múltiplas vezes em arrecadação futura. “A lógica é simples: abrir mão de parte da receita imediata para ampliar a base econômica e garantir arrecadação futura ainda maior”, afirmou.

VEJA TAMBÉM:

Governo monitora impacto dos incentivos fiscais na economia de SC

A Secretaria da Fazenda, em conjunto com o Planejamento e a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviço, monitora os resultados dos programas. Estudos internos do governo indicam que os incentivos fiscais geram efeito direto na ampliação da arrecadação de ICMS a médio e longo prazos e, consequentemente, impulsionam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.

Siewert observou que, em 2024, o PIB do Brasil cresceu 3,4%, ao passo que o de Santa Catarina avançou 5,3%. Já no primeiro semestre de 2025, a economia nacional subiu 3,2%, contra um salto de 6,1% registrado por Santa Catarina.

Ele citou como exemplo a menor taxa de desemprego do país, de apenas 2,2% — o menor percentual desde 2012 — e o aumento nas vendas em supermercados e hipermercados no estado. “Esses e outros indicadores comparativos, somados aos investimentos estruturais realizados nesta gestão, demonstram que a lógica de estímulo à economia tem sido bem-sucedida”, enfatizou.

VEJA TAMBÉM:

Santa Catarina busca fortalecer atratividade com mão de obra e logística

Siewert ressaltou que não se pode associar incentivo fiscal à renúncia de receita. “Pelo contrário. Muitas empresas não estariam em Santa Catarina se não contassem com o estímulo do estado em algum momento”, avaliou.

Ele enfatizou que os incentivos funcionam como uma ferramenta dentro de uma estratégia mais ampla. O diferencial catarinense, segundo ele, é a soma de fatores como mão de obra qualificada, infraestrutura logística, ambiente de negócios favorável e segurança jurídica.

Para o secretário, esses programas complementam a competitividade natural e ajudam o estado a tornar-se ainda mais atrativo. "Tudo isso consolidado por uma gestão que prioriza a responsabilidade fiscal e o desenvolvimento econômico”, reforçou.

A terceira rodada do ano desse programa estadual contempla todas as regiões de Santa Catarina e empresas de setores variados, como agroindústria, alimentício, têxtil, máquinas e motores elétricos e de energia. O balanço mostra a seguinte distribuição:

  • Prodec: 8 projetos, R$ 276,5 milhões
  • Pró-Emprego: 22 projetos, R$ 3,3 bilhões
  • TTD 489: 20 projetos, R$ 800 milhões

Silvio Drevek, secretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços, afirmou, em entrevista à Gazeta do Povo, que os incentivos fiscais permitem que as empresas invistam sem depender de financiamentos com juros elevados. “Com esse modelo, a indústria consegue usar o próprio fluxo de caixa para crescer, modernizar e ampliar suas operações".

Ele lembra que, para acessar os benefícios, as companhias precisam apresentar projetos detalhados, com valores de investimento e geração de empregos comprovados. Após a atualização das regras em 2024, a inovação passou a ter papel de destaque. “Esse estímulo tem acelerado a modernização do parque fabril catarinense e consolidado Santa Catarina como referência em competitividade”, completou Drevek.

VEJA TAMBÉM:

Com incentivos fiscais, Cooperalfa investe em indústria de biodiesel

Com sede em Chapecó, a Cooperalfa é uma das empresas beneficiadas pelo Pró-Emprego. Gilberto Fontana, diretor administrativo, destaca que a adesão ao programa reflete a sintonia entre os objetivos da política pública e os da própria cooperativa.

“Buscamos investir constantemente em novos negócios, modernizar nossas estruturas e contribuir para o crescimento econômico dos municípios onde estamos presentes”, afirmou. Nos últimos três anos, a Cooperalfa foi contemplada em 11 projetos de investimento. O mais recente prevê a construção de uma indústria de biodiesel em Chapecó, avaliada em mais de R$ 200 milhões.

Segundo Fontana, os incentivos reduzem custos de implantação e tornam os projetos mais viáveis, especialmente quando há prioridade na contratação de fornecedores catarinenses. A expectativa é que os projetos aprovados resultem na criação de 256 novos postos de trabalho diretos.

A Cooperalfa é uma das empresas beneficiadas pelo Pró-Emprego.Cooperalfa é uma das empresas beneficiadas pelo Pró-Emprego. (Foto: Divulgação/Cooperalfa)

Os programas de incentivos fiscais em SC

Prodec

Criado em 1988, o Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense concede incentivos para implantação ou expansão de empreendimentos industriais. O benefício ocorre por meio da postergação de percentual do ICMS a ser gerado pelo novo projeto.

  • 8 empresas contempladas
  • R$ 276,5 milhões em investimentos
  • 1.139 empregos diretos e indiretos
  • R$ 7,7 bilhões em faturamento acrescido
  • R$ 158,5 milhões em ICMS gerado

Empresas contempladas nesta rodada com o Prodec

  • Plasbohn Indústria de Plásticos Ltda (Joinville)
  • Homeplast Indústria de Plásticos Ltda (Joinville)
  • Eletropoll Painéis – Indústria e Comércio Ltda (Corupá)
  • Laticínios Bela Vista S/A (Maravilha)
  • Cavazotto Industrial Ltda (Coronel Freitas)
  • Sucatas Orlando Dalmolin (Navegantes)
  • Ilpea do Brasil Ltda (Joinville)
  • PHS do Brasil Ltda (Joinville)

Pró-Emprego

Criado em 2007, o programa concede tratamento tributário diferenciado do ICMS para atrair empreendimentos de interesse socioeconômico no estado.

  • 20 empresas e 22 projetos
  • R$ 3,3 bilhões em investimentos
  • 15.181 empregos diretos e indiretos
  • R$ 35,9 bilhões em faturamento acrescido
  • R$ 1,1 bilhão em ICMS gerado

Novas empresas contempladas pelo Pró-Emprego

  • Cooperativa Agroindustrial Alfa (Chapecó)
  • ABB Wood Brasil Ltda (Santa Cecília)
  • De Nez Produtos Alimentares Ltda (Nova Veneza)
  • Zini Geração de Energia Solar (Tangará)
  • Graúna Transmissora de Energia S/A (Florianópolis)
  • Triton Máquinas Agrícolas Ltda (Luzerna)
  • Cooperativa de Produção e Abastecimento do Vale Itajaí – Cooper (Mondaí)
  • Alto da Serra Energia SPE Ltda (Chapecó)
  • Itapoá Terminais Portuários S/A (Itapoá)
  • M7 Indústria e Comércio de Compensados e Laminados Ltda (Lages)
  • Empresa de Luz e Força Elétrica de Itaiópolis Ltda (Itaiópolis)
  • Alumínio São José Ltda (São José)
  • Schulz S/A (Joinville)
  • Copercampos: Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos – Filias 21, 28 e 62 (Campos Novos)
  • Ceral – Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica de Anitápolis (Anitápolis)
  • Duque Energética S/A (Florianópolis) 
  • Agil Equipamentos e Soluções Ltda (São Miguel do Oeste)
  • Docol Indústria e Comércio Ltda (Joinville)
  • Cooperativa Aliança – Cooperaliança (Içara)
  • Coperzem Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica (Armazém)

Tratamento Tributário Diferenciado (TTD 489)

Criado em 2019, o Tratamento Tributário Diferenciado autoriza limites adicionais para transferência de créditos acumulados de ICMS, vinculados a operações destinadas ao exterior, isentas ou diferidas.

  • 14 empresas e 20 projetos
  • R$ 800 milhões em investimentos
  • 2.254 empregos diretos e indiretos
  • R$ 2,8 bilhões em faturamento acrescido

Novas empresas contempladas com o TTD 489

  • Menegotti Têxtil Ltda (Jaraguá do Sul)
  • Luiz Paulo Rodrigues Mendes (Armazém)
  • Rações Sertaneja (Água Doce)
  • Bold Energy Ltda (Itajaí)
  • Master Agroindustrial Ltda (Papanduva/Videira)
  • Transportes JR27 Ltda (Rio do Sul)
  • Seara Alimentos (7 projetos nas cidades de Itapiranga, Seara, Lages, São José e Salto Veloso)
  • Diamaju Distribuição Ltda (Curitibanos)
  • BRF S/A (Chapecó/Herval do Oeste)
  • Granja Schwendler Ltda (São Carlos)
  • Compensados Fuck (Três Barras)
  • Dellamed S/A (Navegantes)
  • Cooperativa Regional Auriverde (Cunha Porã)
  • RefriBrasil Indústria e Comércio Ltda (Maravilha)

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.