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O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), anunciou um pacote de R$ 435 milhões para apoiar os setores mais afetados pelo tarifaço de 50% nas exportações brasileiras ao país norte-americano. Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, o segmento mais atingido é o de madeiras e derivados, incluindo móveis de madeira, responsáveis por 48,5% das exportações para os EUA.
Também são bastante impactados os setores catarinenses que produzem blocos de motor e compressores (17%) e motores elétricos e transformadores (14,5%). Na análise do governo catarinense, a região norte do estado é a mais impactada, respondendo por 44% das exportações para os EUA, seguida pelo Vale do Itajaí, com 22%. Em 2024, Santa Catarina exportou R$ 9,9 bilhões ao país, e 95% desse volume está diretamente exposto à nova tarifa.
De acordo com o governador de Santa Catarina, o objetivo com as medidas anunciadas é preservar cerca de 73 mil empregos, manter a competitividade das empresas e garantir a operação das indústrias. O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Gilberto Seleme, destacou que as companhias deverão “concentrar esforços na manutenção dos postos de trabalho, contribuindo para a estabilidade econômica do estado”.
Destino dos recursos anunciados por Jorginho Mello
Dos R$ 435 milhões anunciados pela gestão pública catarinense, R$ 134 milhões serão aplicados em medidas tributárias e R$ 301 milhões em linhas de financiamento.
Medidas tributárias anunciadas por SC
- Liberação do crédito acumulado de ICMS de exportação: pagamento do saldo atual em três parcelas mensais a partir de setembro de 2025, para cerca de 295 empresas que destinam pelo menos 5% do faturamento às exportações para os EUA.
- Postergação do pagamento do ICMS: prazo estendido em 60 dias, válido por três meses, também a partir de setembro de 2025, para as mesmas empresas.
Medidas financeiras
- Financiamento para capital de giro: cobertura dos custos fixos proporcionais às exportações para os EUA por quatro meses, com início imediato. O cálculo considera o histórico de exportações dos últimos 12 meses, sem vínculo com exportações futuras.
Podem ter acesso ao benefício empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões e impacto classificado como “crítico”, “alto” ou “relevante” pela nova tarifa; ou negócios com faturamento de até R$ 100 milhões enquadrados no nível “gerenciável” de impacto.
R$ 8,5 bilhões em exportações ameaçadas
As empresas aptas ao programa são as que correm risco real de perda de competitividade no mercado internacional, enquadradas nos níveis de risco “gerenciável”, “relevante”, “alto” e “crítico”. Juntas, elas respondem por cerca de R$ 8,5 bilhões em exportações anuais para os EUA.
“As medidas seguem critérios técnicos, baseados em dados concretos, com foco em atender quem mais precisa e minimizar o impacto social e econômico para o estado”, afirmou o secretário da Fazenda de Santa Catarina, Cleverson Siewert. Levantamento com base em dados da Declaração Única de Exportação (DUE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e declarações fiscais mostra que 829 empresas catarinenses, responsáveis por 281 mil postos de trabalho e faturamento de R$ 250 bilhões, estão sob risco com as medidas protecionistas americanas.
As exportações catarinenses para os EUA somam R$ 9,4 bilhões por ano. Embora a exposição média das empresas seja de 13%, o impacto varia de acordo com o setor e o porte da companhia.
- Impacto crítico: 40 empresas, com 75% ou mais das exportações voltadas aos EUA. Elas empregam 4 mil pessoas, faturam R$ 2,2 bilhões e exportam R$ 1,9 bilhão (exposição média de 86%).
- Alto impacto: 45 empresas, com 50% a 75% das exportações destinadas aos EUA. Empregam 5 mil pessoas, faturam R$ 2 bilhões e exportam R$ 1,2 bilhão (exposição média de 60%).
- Baixo risco: 534 empresas (64,5% do total), com até 5% de exposição. Empregam 208 mil trabalhadores (74% do total) e faturam R$ 204 bilhões, mas exportam apenas R$ 1 bilhão para os EUA.
- Impacto gerenciável: 155 empresas (18,5% do total), empregando 58 mil pessoas. Apesar de não estarem no grupo mais exposto, respondem por R$ 4,4 bilhões em exportações para os EUA — 47% do total do estado para esse mercado.
Setor de madeira é o mais atingido pelo tarifaço
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), o setor de madeira e derivados — o mais impactado pelo tarifaço — gera 180 mil empregos diretos no país, dos quais cerca de 100 mil estão no Sul. O estado de Santa Catarina lidera essa lista, com 45 mil trabalhadores empregados no segmento, seguido por Paraná (38 mil) e Rio Grande do Sul (16 mil). Cerca de 90% da produção nacional está concentrada nos três estados.
Conforme dados da Fiesc, os EUA foram o principal parceiro comercial de Santa Catarina em 2024, com 14,9% de todas as vendas externas do estado.
Principais produtos exportados para os EUA:
- Produtos de madeira: US$ 650,7 milhões (R$ 3,51 bilhões – 37,3% do total)
- Veículos e autopeças: US$ 258,6 milhões (R$ 1,39 bilhão – 14,8%)
- Equipamentos elétricos: US$ 232,3 milhões (R$ 1,25 bilhão – 13,3%)
- Máquinas e equipamentos: US$ 119,2 milhões (R$ 641,4 milhões – 6,8%)
- Apenas móveis: US$ 117,6 milhões (R$ 634,8 milhões – 6,7%)
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Outros estados também anunciaram auxílio à produção estadual após tarifaço de Trump
Ainda no mês de julho, cinco governadores considerados presidenciáveis em oposição a Lula em 2026 lançaram programas de crédito subsidiado para empresas exportadoras que vendem aos EUA, totalizando mais de R$ 1,1 bilhão. São Paulo e Minas Gerais destinaram R$ 200 milhões cada; o Paraná ofereceu mais de R$ 400 milhões; o Rio Grande do Sul liberou R$ 100 milhões via BRDE; e Goiás, criou um fundo de R$ 628 milhões.
No último dia 7, Jorginho Mello esteve em Brasília, junto com governadores de direita de outros oito estados para cobrar do governo Lula (PT) medidas práticas contra o tarifaço imposto pelos EUA.
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