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Balneário Camboriú (SC) mantém o metro quadrado mais caro do Brasil, segundo o Índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas — segundo os dados de julho, o valor ultrapassa R$ 14 mil. Com uma valorização de 120% desde janeiro de 2019, a cidade catarinense segue há três anos no topo do ranking nacional de valorização imobiliária do Brasil.
O resultado confirma a força de um mercado que registra mansões como um triplex de R$ 20 milhões na praia do Estaleirinho, em meio à Mata Atlântica, e uma residência de R$ 28 milhões em condomínio fechado. Os imóveis são os mais caros entre as mansões disponíveis à venda na cidade, ao lado da cobertura mais exclusiva do Brasil, à venda por R$ 125 milhões.
A cobertura é um quadriplex, vizinha de Neymar, e está nas proximidades do 80º andar do YachtHouse do renomado estúdio de design italiano Pininfarina. Com 1.060 m², quatro andares, piscina privativa, academia de R$ 1 milhão e vista 360º da cidade e do mar, o quadriplex é um exemplo extremo do padrão milionário que domina a cidade.
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No topo das casas mais caras da cidade litorânea está uma propriedade de R$ 28 milhões, que possui mais de mil metros quadrados de área construída, cinco suítes com vista para o mar, piscina com borda infinita, hidromassagem, garagem para oito veículos e elevador. Localizada em condomínio fechado, oferece acesso ao centro da cidade e às praias em poucos minutos.
"Essa casa é a mais cara à venda hoje em Balneário Camboriú", afirma Bruno Cassola, corretor especialista no mercado de imóveis de alto padrão. Segundo ele, a fachada da mansão combina concreto e brises de madeira. O projeto privilegia amplitude e iluminação natural. Os acabamentos incluem revestimentos italianos da marca Rocca, móveis sob medida, peças de mobiliário Breton, cortinas de linho e sistemas de automação.

“O living principal possui pé-direito duplo e mezanino com lareira. A sala de jantar conecta-se à adega climatizada e cozinha gourmet com churrasqueira a carvão, todos voltados para a varanda com vista para o mar”, detalha o corretor imobiliário.
Outro diferencial atrativo, na visão de Cassola, é a suíte master que inclui área de estar privativa, sala de banho com banheira, closet e vista para o mar. “Três suítes têm vista oceânica, sendo uma equipada com lareira. Os banheiros contam com claraboias para entrada de luz natural”, acrescenta.

Triplex em meio à Mata Atlântica incorporou ao design formações rochosas originais
Outra mansão na lista das mais caras de Balneário Camboriú é o triplex localizado na Praia do Estaleirinho. A propriedade possui 920 metros quadrados de área privativa em condomínio de apenas 10 terrenos. Foi construída há 15 anos e está sendo vendida pela família proprietária, que é de Curitiba (PR) e que utilizava o espaço para temporadas, conforme revela o corretor.
O projeto arquitetônico, assinado por Carlos Ehlke e Eduarda Leal Ehlke, preservou as formações rochosas originais do terreno e incorporou-as ao design. Cassola destaca que o pé-direito duplo e esquadrias de 7 metros permitem integração com a vegetação nativa. “A vista panorâmica de 180 graus abrange o oceano”, enfatiza.

A mansão possui seis suítes, oito banheiros e quatro vagas de garagem. A área social no terraço integra cozinha, espaços de convivência e deck com piscina e hidromassagem voltados para o mar. Sistemas de automação e climatização completam a estrutura.
Cassola diz que o condomínio do Estaleirinho possui nove lotes de 2 mil metros quadrados cada, com taxa de ocupação limitada a 500 metros quadrados por preservação ambiental. As propriedades no local custam a partir de R$ 15 milhões. Os vizinhos da mansão em meio a Mata Atlântica incluem empresários de tecnologia, construtoras que investem na região e familiares de jogadores de futebol, revela o corretor.
Qualidade de vida é atrativo para a compra de imóveis em Balneário Camboriú
Cassola enumera fatores que, na análise dele, sustentam a valorização na região. "A qualidade de vida aqui é diferenciada. Temos o quarto melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, considerando fatores como renda, educação, saúde e segurança", afirma.
Ele evidencia a segurança como fator determinante para o público de alta renda. "Se você tem uma Ferrari em São Paulo, precisa sair com seguranças. Aqui vemos Lamborghinis e Ferraris estacionados na calçada tranquilamente".
Segundo ele, a geografia contribui para a valorização. "Temos a Costa Esmeralda - a mistura da Mata Atlântica com águas mais calmas e cristalinas. A península de Bombinhas e a ilha de Florianópolis protegem nosso mar das ondas mais fortes do oceano, deixando-o mais calmo".
O mercado de alto padrão expande-se além da orla central. "A gente vê que o cliente de alto padrão está valorizando muito não só a verticalização da orla central, mas o privilégio de acordar sem ver vizinhos, na tranquilidade", observa.
A região conta com o selo Bandeira Azul — certificação internacional de qualidade ambiental das praias. Os condomínios oferecem segurança 24 horas, portarias monitoradas, academias, salões de festas, quadras poliesportivas e áreas verdes.

Para Paula Reis, economista do grupo OLX, o avanço da cidade faz parte de um movimento mais amplo de valorização de cidades litorâneas. "A pandemia mudou hábitos de moradia. Muitas pessoas passaram a trabalhar de casa e buscaram locais que unissem infraestrutura, qualidade de vida e contato com a natureza", afirma.
A economista lembra que as condições de crédito durante a pandemia foram determinantes para aquecer o setor. "Com juros historicamente baixos, o financiamento ficou mais acessível, ampliando a procura. Isso abriu espaço para novos empreendimentos e gerou um ciclo de valorização que se manteve com força na região", explica.
Na percepção dela, o diferencial de Balneário Camboriú e cidades vizinhas foi a velocidade e continuidade do processo. "É por isso que elas lideram o ranking do metro quadrado mais caro do país e se consolidam como referência nacional em imóveis de luxo", completa.
O fenômeno se estende a municípios como Itajaí, Itapema e Florianópolis, que figuram entre os cinco primeiros lugares do ranking nacional, ao lado de Vitória (ES) — a única fora do litoral catarinense a aparecer na lista. O relatório FipeZap de julho aponta um salto expressivo no mercado imobiliário de Itajaí: o preço médio do metro quadrado subiu 10,74% em 12 meses.
Com esse desempenho, o município supera grandes centros nacionais como São Paulo e Rio de Janeiro, consolidando-se entre os mercados mais valorizados do país, aponta o relatório. O valor médio em Itajaí é de R$ 12.615/m², acima das duas capitais. Em áreas nobres do litoral norte, como a Praia Brava e o bairro Fazenda, os preços ultrapassam a marca dos R$ 35 mil/m², revelando o peso do segmento de alto padrão no avanço local.
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Mercado imobiliário aquecido
O mercado imobiliário brasileiro deve movimentar US$ 89,9 bilhões até 2030, de acordo com projeção da consultoria internacional Grand View Research, que aponta uma taxa média de crescimento anual de 5,1%. Um dos motores dessa expansão é a demanda crescente por empreendimentos sustentáveis, que se consolidam como diferencial na hora da compra.
Cassola explica que os valores do metro quadrado variam bastante conforme a localização. “Na beira-mar, imóveis antigos podem começar em R$ 20 mil por metro quadrado, enquanto lançamentos de alto padrão variam entre R$ 50 mil e R$ 80 mil, e coberturas podem ultrapassar R$ 100 mil. Uma média ponderada gira em torno de R$ 45 mil, mas nos próximos cinco anos valores entre R$ 80 mil e R$ 100 mil por metro quadrado são uma perspectiva real”.

Cassola ressalta que imóveis na planta valorizam entre 2% e 3% ao mês durante a obra, e que revendas podem oferecer oportunidades para quem aproveita o momento certo de compra. Segundo ele, investimentos bem planejados podem gerar valorização anual de 12% a 15%, e até 20% a 30% ao ano com boas estratégias e consultoria especializada.
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