
Ouça este conteúdo
A praia mais famosa de Balneário Camboriú (SC), conhecida pelos arranha-céus à beira-mar e pelo metro quadrado mais caro do Brasil, segundo o Índice FipeZap, vai ganhar uma obra "invisível", mas decisiva para o futuro da orla milionária. Trata-se de um muro subterrâneo de 6 quilômetros de extensão, feito em concreto armado, que começou a ser construído em agosto para proteger a orla da Praia Central.
A obra, que faz parte do projeto de reurbanização da Praia Central, tem 1,5 km de extensão, entre a rua 3920 e o molhe da Barra Sul, com investimento previsto de aproximadamente R$ 40 milhões, incluindo urbanização, infraestrutura e paisagismo. A equipe de reurbanização executou a primeira etapa entre 2023 e 2024, entre as ruas 4400 e 4600.
Após o alargamento da faixa de areia em 2021, que aumentou a largura da praia para 70 metros, poças de água passaram a surgir em períodos de maré alta, lembrando pequenas piscinas naturais em alguns pontos.
O muro subterrâneo, com base de pedra e estrutura em concreto armado, servirá para reforçar a proteção da orla milionária e propiciar segurança da população e do patrimônio urbano. A execução da obra teve licença ambiental do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e autorização da Secretaria do Patrimônio da União (SPU).
Muro subterrâneo resguarda a cidade enquanto orla milionária passa por reurbanização
Giovanni Beninca, engenheiro da Secretaria de Planejamento de Balneário Camboriú, explicou à Gazeta do Povo que a praia conta, há décadas, com uma estrutura semelhante à que está sendo construída agora.
“O que parece ser apenas o atual calçadão esconde, logo abaixo da calçada, um muro com quase dois metros de profundidade. Esse dispositivo foi executado na década 1960 em toda a orla e funciona como uma barreira de proteção contra cenários extremos”, afirmou.
O novo projeto dá continuidade a esse sistema de contenção. Beninca destacou que o maior desafio técnico está na influência da maré e no rebaixamento do lençol freático, necessários para executar a estrutura. O projeto urbanístico da nova orla tem um desenho orgânico, com curvas que precisam ser acompanhadas pelo muro subterrâneo.
O secretário de Planejamento de Balneário Camboriú, Carlos Humberto Silva, reforçou que não faria sentido executar a reestruturação do calçadão e de toda a orla milionária sem garantir a proteção contra o avanço do mar. “Santa Catarina é sujeita a marés altas e eventos climáticos que podem impactar a faixa de areia. O muro serve justamente para resguardar esse patrimônio público e evitar que a cidade fique vulnerável”, afirmou.
Primeira etapa na Barra Sul avança com obras estratégicas
O secretário destacou que a reurbanização também busca recuperar características ambientais da praia. Balneário Camboriú é uma praia urbana, sem restinga ou mata.
“Vamos trazer o verde de volta, com o plantio de árvores e a recuperação de uma faixa de aproximadamente cinco metros de restinga ao longo da orla. Esse resgate paisagístico vai dar mais sombra, conforto e qualidade de vida para moradores e turistas”, explicou.

A equipe de obras tem 20 meses para concluir a primeira etapa da Barra Sul, de 1,5 km, executando segmentos de 250 metros para reduzir o impacto no acesso à praia. “Já no lado norte, está em andamento uma das maiores obras de macrodrenagem litorânea do Brasil, com 3,8 km de extensão, que vai melhorar a drenagem pluvial e se integrar ao projeto de revitalização da orla”, comentou o secretário.
Orla milionária ganhará parque urbano com lazer, infraestrutura e segurança
Enquanto o muro protege a orla, a reurbanização vai transformar a beira da praia em um grande parque urbano, combinando infraestrutura, lazer e áreas verdes. Estimada em R$ 300 milhões, esta é a segunda etapa da renovação urbana da Praia Central de Balneário Camboriú.
Após a obra de alargamento da faixa de areia, concluída em 2021, a reurbanização prevê:
- ciclovias e pistas para caminhada e corrida
- academias e playgrounds
- áreas para animais de estimação
- pista exclusiva de serviços públicos (transporte, recolhimento de resíduos, saúde e segurança)
Com 250 mil metros quadrados de extensão, a nova orla terá 30 metros de largura e será executada em etapas. O projeto paisagístico está sendo revisado.
A equipe de paisagismo projets plantar 510 árvores, entre palmeiras e espécies nativas, e distribuí-las em canteiros e jardins na etapa da Barra Sul, entre a rua 3920 e o Molhe da Barra Sul.
A área de lazer contará com:
- 12 playgrounds
- 6 espaços para cães
- 10 canchas de bocha
- 4 academias assistidas
- 16 estações de alongamento
- 2 pontos de apoio ao surfe
- 10 postos de salva-vidas
- 61 quiosques
- 3 ranchos de pesca
Para o acesso, haverá:
- 38 decks (um a cada 150 metros)
- 6 rampas acessíveis
A infraestrutura incluirá:
- 37 chuveiros
- 245 paraciclos
- 133 postes de iluminação em LED na faixa de areia
- 11 pontos de ônibus
- Sistemas modernos de sonorização, telegestão, telemetria e fiação subterrânea
Na área de segurança, o projeto prevê 237 câmeras distribuídas por toda a orla milionária e pontos de apoio com presença da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Para a limpeza, serão instalados 878 lixeiras e 270 contentores subterrâneos de mil litros cada, organizados em seis unidades por travessia.
VEJA TAMBÉM:
- Alargamento de praia de R$ 38,2 milhões aposta na valorização imobiliária no litoral de SC

- Ilha particular em Florianópolis pode ser comprada pela metade do preço

- Cobertura mais exclusiva do Brasil está à venda por R$ 125 milhões e é vizinha de Neymar

- Quais são as pendências que antecedem a obra de R$ 300 milhões contra alagamentos no litoral do PR








