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A polícia de Santa Catarina tem apostado no uso de tecnologias e na inteligência artificial para ampliar o trabalho de policiamento preventivo - agora, com uma nova etapa de testes do sistema de segurança em grandes eventos. O método é de reconhecimento facial por drones, equipados com câmeras e conectados ao sistema de segurança do estado.
A primeira aplicação prática ocorrerá nas comemorações do aniversário de 61 anos de Balneário Camboriú, no próximo fim de semana (dias 19 e 20). Drones equipados com "câmeras inteligentes" vão sobrevoar áreas com alta densidade de público, com a proposta de transmissão dos dados em tempo real para as centrais de monitoramento. Para o show da banda Jota Quest, na tarde do domingo, a estimativa é de 25 mil pessoas na praia central.
A operação será conduzida pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, com apoio das forças policiais. "Estamos elaborando um estudo de viabilidade técnica para aprimorar o uso da inteligência artificial e vamos lançar no próximo mês. Através dos drones, que estarão sobrevoando o público em grandes eventos, será possível identificar pessoas que possuam algum tipo de mandado de prisão em aberto ou pessoa cadastrada no sistema de desaparecidos", promete o secretário estadual da Segurança Pública, coronel Flávio Graff.
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Como funciona o reconhecimento facial por drone
A operação tecnológica tem arquitetura similar à de um "satélite urbano": capta, cruza e interpreta dados em tempo real. As câmeras identificam rostos na multidão. Uma central de segurança recebe os dados, para análises e comparações no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões e do Sistema Integrado de Segurança Pública.
Ao encontrar correspondência com registros de foragidos ou desaparecidos, o sistema emite alertas automáticos para as guarnições mais próximas. Três equipamentos serão usados durante a festa de aniversário de Balneário Camboriú.
A primeira grande aplicação da ferramenta de reconhecimento facial com cruzamento de informações ocorreu em Florianópolis, durante o carnaval, mas com câmeras instaladas em pontos estratégicos da capital catarinense. Durante o evento, o sistema identificou 13 pessoas com mandado de prisão em aberto e 15 desaparecidos, segundo a polícia.
Festas do Pinhão e da Tainha foram laboratórios para o reconhecimento facial
Com a estrutura, o governo de Santa Catarina enaltece o que caracteriza como conceito de "cidade sensível", no qual sensores e algoritmos participam da gestão urbana tanto quanto semáforos e patrulhas. Durante a Festa do Pinhão, em Lages, nenhum furto foi registrado ao longo dos 17 dias de evento, realizado em junho, conforme a divulgação oficial.

A festa reuniu mais de 200 mil pessoas. O dado serviu como argumento técnico para a ampliação dos testes e reforçou a hipótese de que a dissuasão tecnológica pode ser tão efetiva quanto a presença ostensiva de agentes armados, informa o governo estadual.
Na Festa da Tainha, em Balneário Barra do Sul, as câmeras fixas com tecnologia de reconhecimento facial fizeram parte da estratégia de segurança aos participantes entre os dias 10 e 14 de julho.
Governo Jorginho Mello afirma que 10 mil câmeras monitoram escolas públicas de SC
Para além dos eventos com grandes aglomerações de pessoas, o governo de Santa Catarina anunciou na última segunda-feira (14) a instalação de 10 mil câmeras para o monitoramento das 1.038 escolas da rede pública, com apoio de inteligência artificial para análise de riscos em tempo real. O pacote tecnológico inclui a implantação de um “botão do pânico” – dispositivo que aciona as forças policiais em caso de emergência.
A divulgação oficial diz que os equipamentos contam com algoritmos de inteligência artificial treinados para detectar humanos e veículos com precisão, reduzindo falsos alertas e aumentando a eficiência das centrais de monitoramento. As câmeras, de alta definição, permitem a busca de objetos específicos nas imagens, como mochilas, bicicletas ou outros elementos relevantes para investigações.
"Essa tecnologia vem alcançando resultados positivos nos estudos técnicos que a secretaria vem realizando. O monitoramento de áreas estratégicas e de grande circulação permitirá identificar possíveis riscos, como pessoas com mandado de prisão em aberto", afirma o secretário catarinense da Segurança Pública.

SC tem menor índice de homicídios do país
O estado catarinense ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de segurança pública. O estado registrou 9 homicídios por 100 mil habitantes, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A taxa catarinense é a mais baixa do país.
São Paulo aparece em segundo lugar, com 11,2 homicídios (mortes com intenção de matar) por 100 mil habitantes. A média nacional é de 21,2 — o menor índice dos últimos 11 anos. A publicação do Atlas da Violência traz informações consolidadas do ano de 2023, com metodologia que promete corrigir subnotificações e discrepâncias regionais.
Além da baixa taxa de homicídios, Santa Catarina também se destaca na elucidação dos crimes. Entre 2019 e 2024, o estado alcançou uma média de 77,17% de resolução de casos de homicídio.
O índice supera com folga a média nacional, que foi de 39% em 2022, segundo o Instituto Sou da Paz. Esse desempenho aproxima Santa Catarina de países com altos padrões de segurança pública, como Alemanha, Reino Unido e Canadá — onde índices de resolução de homicídios variam entre 70% e 85%.
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