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Liberdade de expressão

Após caso Leo Lins, deputado de SP apresenta projeto para proteger os comediantes

Após caso Leo Lins, deputado de São Paulo Guto Zacarias (União), apresenta projeto para proteger os comediantes. (Foto: LARISSA NAVARRO/Alesp)

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O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL), com a justificativa de "defender a liberdade de expressão e de humor no Estado de São Paulo" protocolou, nesta sexta-feira (8), o Projeto de lei nº 734 /2025, que institui que "comediantes e estabelecimentos em que eles se apresentarem não sofrerão qualquer sanção de órgão estatal por conta do conteúdo das piadas".

"A iniciativa visa proteger comediantes e espaços de comédia de sanções estatais baseadas no conteúdo das piadas, garantindo que a sátira, a crítica e a irreverência, pilares do humor, não sejam criminalizadas", justifica o deputado.

A pauta da defesa da liberdade no humor foi impulsionada em junho, quando o comediante Leo Lins foi condenado a oito anos de prisão, inicialmente em regime fechado, por piadas contadas em um show de comédia gravado em 2022.

No texto, o deputado aponta um "limite claro e razoável", não estendendo a proteção sugerida "à imputação falsa e objetiva de crimes, um ato que já é devidamente tratado pela legislação penal, como nos casos de calúnia".

À Gazeta do Povo, Guto destacou que "a luta pela liberdade no humor não se resume ao respeito a uma profissão, mas sim uma defesa da democracia contra o autoritarismo disfarçado de sensatez".

Na última quinta-feira (7), Guto e outras lideranças do MBL lançaram o Fórum Nacional da Liberdade do Humor, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP).

No decorrer da cerimônia, o prêmio Tudo Por São Paulo — "concedido a brasileiros que representem os valores de liberdade que o nosso estado [São Paulo] sempre defendeu, inclusive, nas artes e na cultura" — foi concedido a Leo Lins, um dos presentes no evento.

O objetivo do Fórum foi discutir os limites legais e éticos do humor no país, avaliar possíveis medidas institucionais para assegurar a liberdade profissional dos humoristas, denunciar eventuais abusos e perseguições contra profissionais da comédia, além de promover a articulação entre artistas, juristas e parlamentares em defesa da liberdade de expressão.

Entre os integrantes da mesa estavam o ex-deputado Arthur do Val, também conhecido como MamãeFalei, a vereadora paulistana Amanda Vettorazzo (União-SP), o coordenador nacional do MBL e presidente do partido Missão — sigla que o grupo está em vias de compor — Renan Santos, Guto e alguns comediantes.

O deputado Kim Kataguiri (União-SP) foi um dos primeiros discursantes e afirmou que vivemos "tempos sombrios em relação à liberdade de expressão".

Kataguiri criticou órgãos estatais e argumentou que atualmente "o aparato do Ministério Público e da Polícia está mais preocupado em perseguir humoristas do que manter preso o 'maníaco do parque' — remetendo ao caso de Francisco de Assis Pereira, condenado nos anos 90 a 280 anos de prisão pelo assassinato de nove mulheres, e que se prepara para deixar a prisão em 2028 após 30 anos encarcerado.

À Gazeta do Povo, Vettorazzo afirmou que o evento foi "muito importante para debatermos a liberdade de expressão dentro do humor".

Segundo ela, "atualmente, a justiça vem criando prerrogativas perigosas de censura que vem, cada vez mais, cerceando a liberdade de fala dentro do Stand Up. Isso precisa acabar."

Missão atinge assinaturas necessárias para fundação, quer eliminar traficantes e pode lançar Danilo Gentili à Presidência

A missão, partido proposto pelo MBL e que deve utilizar o número 14, atingiu em junho a quantidade de assinaturas requisitadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para dar seguimento à fundação da legenda.

Com o lema "Prendeu, matou", que estampa camisetas à venda no site do grupo, a nova sigla partidária tem a premissa de fazer um combate massivo às facções criminosas, dando ênfase no que consideram um dos grandes problemas do Brasil, a segurança pública. Recorrentemente fazem elogios às políticas adotadas por Nayib Bukele, o presidente que conseguiu tornar El Salvador seguro depois de multiplicar a população carcerária do país.

A agremiação defende uma guerra total ao crime organizado, com a morte ou a prisão definitiva dos traficantes de drogas, além da reorganização completa do sistema educacional do país e a eliminação de todas as favelas em no máximo 30 anos.

Importante destacar que o grupo esclarece que o lema "Prendeu, Matou" reafirma o compromisso pela eliminação dos integrantes de facções criminosas que resistem às forças do Estado, e não por sua execução depois de presos.

O mascote do partido é uma onça amarela e suas propostas têm sido apresentadas ao longo de uma série de publicações que, somadas, vão compor o chamado Livro Amarelo – uma forma de ironizar tanto o Livro Vermelho, que reúne citações do ditador chinês Mao Tsé-Tung, quanto o Livro Verde, produzido a mando de outro ditador, o líbio Muamar Kadafi.

Fundado em 2014, o MBL se destacou inicialmente por convocar protestos que desaguaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016. Embora se defina como uma organização de direita, o grupo é crítico tanto da esquerda brasileira quanto do que chamam de "direita bolsonarista".

O novo partido tem dois nomes cotados para concorrer à Presidência da República: o apresentador e humorista Danilo Gentili e o próprio Renan Santos.

Caso todas as demais etapas necessárias para a formalização do registro sejam cumpridas a tempo, a agremiação já estabeleceu que pretende participar ativamente do próximo pleito eleitoral, em 2026.

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