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Política com música

Esquerda usa artistas para reunir milhares em atos contra anistia e PEC da Imunidade pelo Brasil

Milhares de manifestantes de esquerda participam de ato com música e artistas na Avenida Paulista (Foto: Luisa Purchio / Gazeta do Povo)

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Foi em clima de carnaval fora de época e adornado com camisetas e bonés vermelhos que milhares de manifestantes da esquerda se reuniram na avenida Paulista na tarde deste domingo (21), para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Imunidade Parlamentar, também conhecida como PEC da Blindagem, e a PEC da Anistia, que perdoa os crimes de pessoas condenadas pelo 8 de janeiro. No Rio de Janeiro, a manifestação foi um show de música na praia de Copacabana com os ex-anistiados Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque protestando contra a atual anistia.

Os protestos do domingo tiveram aspecto de "showmício", onde manifestantes da esquerda se colocavam contra o Congresso, ostentavam bandeiras da Palestina e vociferavam contra a anistia aos presos de 8 de janeiro de 2023 e a Proposta de Emenda à Constituição da Imunidade. Há anos a esquerda não conseguia levar multidões às ruas.

Também houve atos convocados pela esquerda em Salvador, Belo Horizonte e em outras cidades brasileiras. Veja aqui imagens das manifestações.

Em São Paulo, além de idosos e famílias com crianças, era possível ver na multidão grupos segurando latinhas de cerveja e copos de chope, além de cigarros de maconha. As principais palavras faladas em coro eram “sem anistia”, além de xingamentos a Bolsonaro e apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A atmosfera foi conduzida principalmente pela trilha sonora da manifestação, que contou com bateria de escola de samba desfilando na avenida e músicas com batidas de carnaval tocadas em um carro de som estacionado na frente do Museu de Arte Moderna (Masp) e de onde os principais políticos e artistas discursaram e cantaram.

Diferente das manifestações da direita, onde a ênfase é dada aos discursos políticos, nos atos da esquqerda a música foi usada para atrair os manifestantes. Fizeram shows os rappers Emicita e Dexter, que cantaram músicas e instigaram a multidão. Também estavam no ato cantor Jottapê e os cantores e compositores Otto, Thunderbird e Nando Reis. A cantora Marina Lima estaria presente, mas não conseguiu chegar ao carro de som.

Também estiveram presentes e discursaram lideranças da esquerda, como os deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), além do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e outros nomes da esquerda.

No Rio, o recurso à música para atrair público foi ainda mais escancarado. A manifestação foi descrita como "ato musical" nas redes sociais e políticos estavam presentes mas não fizeram comícios no trio elétrico principal. Entre eles estavam Talíria Petrone (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e Duda Salabert (PDT-MG). Alguns fizeram discursos em um carro de som secundário.

O trio elétrico principal, posicionado no Posto 5, recebeu os artistas Maria Gadú, Caetano Veloso, Djavan, Gilberto Gil, Chico Buarque, Geraldo Azevedo e Ivan Lins. Havia muitos militantes, mas também público mais interessado nos shows dos artistas.

Guilherme Boulos e Tabata Amaral reforçaram narrativa de polarização em São Paulo

Sobre o carro elétrico na Paulista, o principal organizador do evento e um dos nomes mais fortes da esquerda na atualidade, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), discursou contra a anistia, enfatizando a narrativa falsa de que quem defende a democracia é a esquerda.

"Não tem meio termo, não tem 'anistia light'. Vamos trabalhar contra. Vamos sepultar a anistia. Ficou claro que tem de um lado quem quer defender bandido com a PEC da Blindagem e anistiar golpista. Do outro, quem é a favor da democracia e não quer esse absurdo", disse ele se referindo à PEC da Imunidade.

A deputada federal e vice líder do PSB, Tabata Amaral, também esteve presente e discursou. "De um lado os corruptos e bolsonaristas, do outro o povo brasileiro, que quer a reforma do imposto de renda, quer poder andar em segurança, quer educação de qualidade, e não mais privilégio para corrupto", disse ela.

"Tenho certeza que com essa maioria pluripartidária que está aqui a gente vai derrubar a PEC no Senado Federal, e vamos enterrar essa proposta da Anistia, para dizer que o Brasil é soberano e que a nossa democracia vai seguir cada vez mais forte", complementou.

Também estiveram presentes no carro de som o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e os deputados federais por São Paulo Luiza Erundina (PSOL), Orlando Silva (PcdoB), Erika Hilton (PSOL), Sâmia Bomfim (PSOL) e Rui Falcão (PT), além de vereadores do PT e do PSOL.

Durante o ato, os participantes gritaram palavras de ordem contra a anistia e carregaram placas e cartazes. Também foi aberta uma bandeira gigante do Brasil, em um contraponto ao ato ocorrido no Sete de Setembro, em que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestaram a favor da anistia, e quando uma bandeira dos Estados Unidos foi aberta também na Avenida Paulista.

Agentes da Guarda Civil tentaram começar a desobstruir uma das postas da Avenida Paulista por volta das 16h, mas foram hostilizados por manifestantes com xingamentos. Alguns ativistas chegaram a se debruçar nas janelas dos carros das forças de segurança para intimidar os guardas. Mas em seguida a tensão se amenizou e o ato foi dispersado sem a necessidade do acionamento de tropas de choque.

Entidades sindicais e organizações estudantis presentes em peso

Além do carro elétrico principal, um carro elétrico menor estava estacionado na frente do parque Trianon, com uma grande bandeira da Frente Negra Revolucionária (FNR) e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP). Sobre o carro, militantes discursaram e cantaram músicas como “Pisa Ligeiro”, manifestação cultural indígena.

Dezenas de bandeiras da Palestina, além de balões gigantes de entidades sindicais e organizações estudantis estavam sendo hasteados na avenida, entre eles da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do PcdoB, do DCE Livre da USP, da União da Juventude Rebelião, além de sindicatos ligados à profissionais da educação municipal de São Paulo.

Por volta das 16h40, uma forte chuva dispersou os manifestantes. A multidão que antes ocupava em massa a avenida Paulista da rua Padre João Manuel até a Alameda Campinas (cinco quarteirões), passou a ocupar apenas o trecho da rua Peixodo Gomide até a rua Pamplona (dois quarteirões).

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