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Usuários de drogas se aglomeram com barracas na cracolândia, no centro da capital paulista.
Usuários de drogas se aglomeram com barracas na cracolândia, no centro da capital paulista.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Levantamento da Gazeta do Povo, com dados da Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos da prefeitura de São Paulo, evidencia a média de 108 dependentes químicos, frequentadores da cracolândia, encaminhados diariamente para o serviço socioassistencial. Desse total, apenas quatro aceitam ir voluntariamente para a internação, o que representa pouco mais de 3% dos usuários da região central da capital paulista.

Os números referem-se aos sete primeiros meses do ano. De acordo com a prefeitura de São Paulo, a administração pública mudou a estratégia com os usuários de droga, o que fez dobrar o número de internações voluntárias, passando de duas para quatro por dia. Sem citar a mudança em si, a prefeitura divulgou, em nota que “em fevereiro inaugurou o Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e outras Drogas (SCP), que conta com quadro técnico especializado no manejo clínico e terapêutico durante 24 horas, sete dias na semana, com capacidade para até 39 leitos. O objetivo do SCP é reinserir os pacientes na sociedade do ponto de vista biopsicossocial e econômico”, diz o comunicado.

“Com a estratégia de ampliar o acesso e o cuidado às pessoas em situação de rua na região, 10 equipes multidisciplinares de consultório na rua e 6 de redenção na rua atuam diariamente integrando e articulando as ações”, informa a prefeitura de São Paulo.

A administração municipal ressaltou que, no caso da internação voluntária, o paciente pode pedir alta a qualquer momento e abandonar o tratamento. Recentemente, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendeu a internação compulsória na cracolândia. No entanto, para a medida ser colocada em prática, é preciso de autorização judicial para cada usuário, individualmente.

“A gente precisa discutir esse tema sem paixões ideológicas, com uma visão de humanidade para salvar a vida daquelas pessoas, de poder dar apoio aos médicos para receitarem a internação compulsória e o juizado aceitar”, declarou o prefeito de São Paulo.

A administração municipal informou que foi feita apenas uma internação compulsória na região da cracolândia neste ano. A atual gestão também ressalta o trabalho das equipes médicas no centro da capital.

“Foram 2.421 encaminhamentos específicos para tratamento da dependência química na rede de saúde municipal. Além disso, foram 1.351 encaminhamentos para outros tratamentos de saúde. E 17.926 encaminhamentos para a rede socioassistencial – como centros de acolhida ou de referência”. A nota da prefeitura se refere a “encaminhamentos”, o que significa que é opção do usuário ir para a internação.

Ricardo Nunes coloca grades em locais do centro para conter usuários da cracolândia

Desde março, a prefeitura de São Paulo espalhou grades em locais estratégicos do centro, na tentativa de afastar o fluxo de usuários de drogas e moradores de rua de pontos turísticos. É o caso das praças da Sé, Patriarca, Padre Manuel da Nóbrega, entorno do Theatro Municipal, Pateo do Collegio e Largo São Bento. Nas proximidades, ficam posicionados policiais ou guardas civis.

Coronel Camilo (PSD), subprefeito da região e ex-comandante geral da Polícia Militar, disse na época que a grade contribuía para a zeladoria e protegia os canteiros e a grama que havia acabado de ser plantada. Quatro meses depois, as grades seguem no local e se expandem pelo centro da capital paulista. Além disso, de acordo com moradores da região, as equipes de limpeza da prefeitura têm intensificado a lavagem das calçadas e retirado as barracas.

"Rua não é endereço, barraca não é lar. Hoje, por exemplo, a gente tem vaga ociosa nos abrigos municipais".

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo.

Órgãos como a Defensoria Pública de São Paulo chamaram a medida de higienista e acionaram o Supremo Tribunal Federal, na tentativa de manter as barracas e retirar as grades.

Membros da administração municipal que conversaram com a Gazeta do Povo ressaltam as vagas abertas em alojamentos e abrigos da prefeitura. “Os usuários não querem ir para um “centro de acolhida” porque lá terão que seguir regras e não poderão beber e nem se drogar”, declaram.

Em nota, a prefeitura diz que "em breve" acabarão os serviços de zeladoria e as grades serão retiradas. "Alguns locais recebem o cercamento com as grades. Essa medida é necessária para as ações de zeladoria, protegendo os canteiros durante o plantio de grama ou nos serviços de limpeza do piso. Essas grades serão removidas conforme as intervenções forem concluídas nesses locais", diz o comunicado.

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