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"Pré-sal caipira"

De olho na cana-de-açúcar, São Paulo impulsiona produtores de cachaça 

São Paulo aposta na cachaça, enquanto explora potencial da cana-de-açúcar
São Paulo aposta na cachaça enquanto explora potencial da cana-de-açúcar (Foto: Divulgação/Governo de SP)

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Líder na produção nacional de cana-de-açúcar, o estado de São Paulo avança na estratégia de consolidar o agronegócio como motor da transição energética. Com a meta anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de tornar São Paulo o primeiro estado brasileiro a “substituir completamente” o diesel por combustíveis renováveis, a cana-de-açúcar desponta como a principal matriz dessa política.

O potencial de uso da biomassa na produção de energia, apelidado de “pré-sal caipira”, ganha cada vez mais espaço no planejamento governamental. Nesse cenário, a cachaça, bebida tradicional e emblemática, também ganha destaque por ser parte da mesma cadeia produtiva da cana.

Com ações estaduais de incentivo, o setor busca capitalizar sobre a visibilidade do agronegócio paulista, valorizando a produção e ampliando seu mercado. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento, São Paulo respondeu por 52,2% da produção nacional de cana-de-açúcar na safra 2024/25, totalizando 353,5 milhões de toneladas.

Com um volume expressivo de matéria-prima, o estado busca consolidar sua posição não apenas na produção de biocombustíveis como no segmento de destilados de cana.

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Estado criou concurso e rota para impulsionar a produção de cachaça

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo tem sido o principal órgão à frente das iniciativas de valorização da cachaça. Em 2025, foram abertas as inscrições para duas ações-chave: o II Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista e o projeto da Rota da Cachaça Paulista. Ambas têm o objetivo de impulsionar o setor, com prazos de inscrição até 15 de setembro.

O concurso, em segunda edição, busca reconhecer a excelência da produção local, com incentivo à qualidade e à competitividade. Em 2024, o evento premiou 78 rótulos, em um processo que envolveu avaliações técnicas e sensoriais.

Para o secretário de Agricultura do estado, Guilherme Piai, o concurso representa um compromisso governamental em atender às necessidades do produtor rural e fortalecer as cadeias produtivas que movimentam o agronegócio. A cachaça Santa Capela, de Santa Bárbara d’Oeste, foi um dos destaques do evento anterior, tendo obtido medalhas de ouro e prata.

Paralelamente ao concurso, o projeto da Rota da Cachaça Paulista está em fase de levantamento de informações para lançamento ainda neste ano. A proposta é identificar e promover os produtores que se destacarão em materiais turísticos oficiais, como livros e vídeos, integrando-os ao circuito de valorização de produtos agropecuários do estado, que conta com as rotas do Vinho e do Café. O projeto busca a valorização da produção artesanal, ampliando as oportunidades de negócios e o turismo rural.

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Setor da cachaça tem avançado nacionalmente

A valorização da cachaça em São Paulo se alinha a um movimento de crescimento no setor no país. Dados do Anuário da Cachaça, divulgado em maio de 2025 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, revelam um crescimento significativo.

O volume de produção nacional declarado em 2024 ultrapassou 292,459 milhões de litros, o que representa um aumento de 29,58% em relação ao ano anterior. O Brasil ganhou 1.225 novos registros de cachaça no último ano, totalizando 7.223 produtos registrados, um crescimento de 20,4%.

Embora Minas Gerais lidere o número de estabelecimentos registrados com 501, seguido por São Paulo com 179, a cachaça paulista se destaca com a maior fatia de produção do país. O estado é responsável por 45% da produção nacional.

As ações de reconhecimento por meio de concursos e a promoção turística buscam solidificar a cachaça como um produto de valor agregado, capaz de impulsionar a economia local e fortalecer o agronegócio paulista para além dos biocombustíveis. Com a cana-de-açúcar como base, São Paulo projeta um futuro no qual a transição energética e a valorização de seus produtos agrícolas caminham lado a lado.

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