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Execução de delator do PCC

Derrite diz que policiais presos passarão por processo de expulsão da PM paulista

Derrite PCC
“Desvios de conduta não serão tolerados. A PM é uma instituição com mais de 80 mil homens. A exceção da exceção comete desvio de conduta e podem manchar o nome da instituição. Esses que cometem esse desvio de conduta vão responder por isso, com direito a ampla defesa, mas vão responder”, afirmou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. (Foto: MArcelo Camargo / Governo do Estado de São Paulo)

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O secretário de Segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou que os policiais presos na ação desta quinta-feira (16) suspeitos de participarem da execução de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do PCC, responderão a um processo administrativo para serem expulsos da corporação.

“Isso é regimentado em lei. As pessoas falam ‘por que ele não é expulso na semana que vem?’. Existe um rito dentro da lei e esse rito parte do pressuposto que temos que oferecer a ampla defesa. Eles vão responder penalmente, criminalmente e administrativamente”, explicou Derrite, em uma entrevista coletiva.

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo prendeu 14 policiais militares em uma operação que investiga o homicídio de Gritzbach. Entre os presos está um cabo suspeito de ser autor dos disparos de fuzil que atingiram o dealtor do PCC no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.

Gritzbach foi morto com 29 disparos, tendo sido atingido por tiros de fuzil e pistola. Ele sofreu quatro ferimentos no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um na costela direita. O empresário morreu no local.

Ferramentas de inteligência "colocam" suspeito no local do crime, diz Derrite

De acordo com Derrite várias ferramentas de inteligência foram utilizadas nas investigações para se chegar ao suspeito de ser o autor dos tiros. Entre essas ferramentas, o secretário destacou o uso de quebras de sigilo telefônico e a comparação de dados das estações da rede celular no caminho e no entorno do terminal.

Segundo o secretário, as ferramentas deram base a uma “série de fatores” que colocam o suspeito na cena do crime. Entre essas ferramentas está a análise de imagens e vídeos por meio de um sistema de reconhecimento facial.

“Desvios de conduta não serão tolerados. A PM é uma instituição com mais de 80 mil homens. A exceção da exceção comete desvio de conduta e podem manchar o nome da instituição. Esses que cometem esse desvio de conduta vão responder por isso, com direito a ampla defesa, mas vão responder”, afirmou Derrite.

Para corregedor da PM, policiais presos sabiam do envolvimento de Gritzbach com o PCC

Além do suspeito de ser o atirador, outros policiais que faziam a escolta de Gritzbach foram presos na ação. Para o corregedor da PM de São Paulo, coronel Fábio Sérgio do Amaral, a atuação de policiais neste serviço é ilegal. Segundo Amaral, não há dúvidas de que os policiais militares sabiam que Gritzbach estava envolvido com o crime organizado.

“Alguns estavam trabalhando naquele dia e outros trabalharam em outras datas e não estavam no dia (do assassinato). Alguns não trabalhavam na função de segurança, mas em uma função administrativa. [Gritzbach] Era réu e delator por ser envolvido com lavagem de dinheiro para o PCC. Os policiais tinham conhecimento disso, e conscientemente aderiram e continuaram fazendo segurança pessoal desse indivíduo”, explicou.

Para o corregedor, por terem participado de forma voluntária da escolta de Gritzbach os presos foram considerados como integrantes do grupo criminoso. Ele detalhou as funções de alguns dos policiais detidos. De acordo com Amaral, um tenente preso era o chefe da segurança pessoal do delator do PCC.

Outro militar da mesma patente, segundo o corregedor, facilitava as escalas do serviço de subordinados “com a consciência de que eles faziam segurança para um bandido”. Aamral seguiu, explicando que os policiais presos usavam no trabalho de escolta um veículo que imitava uma viatura descaracterizada.

“A ideia era se valer da função de policial militar para darem aparência de que aquilo era uma segurança pessoal”, completou o corregedor.

Dados obtidos na operação vão ajudar nas investigações, diz diretora do DHPP

Os dados obtidos junto aos presos na operação desta quinta-feira serão compartilhados com a força tarefa que investiga a execução. Para a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Ivalda Aleixo, as prisões farão com que as investigações avancem mais rapidamente.

“Temos quebras (de sigilo telefônico) que nos levam a outras pessoas, que não são policiais militares. Quanto aos mandantes, temos duas linhas de investigação, ambas (consideram que o mandante seria integrante) de facção. Foi um crime encomendado por membro do PCC e temos linhas adiantadas de investigação”, concluiu.

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