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No início da noite desta segunda-feira, 15, o ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado a tiros na Praia Grande, no litoral paulista. Fontes era considerado um dos principais inimigos do PCC e atuava como secretário de Administração na Prefeitura do município, tendo chefiado a Polícia Civil de 2019 a 2022, durante o governo de João Doria (PSDB).
Em um vídeo do crime recebido pela PM e ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, o carro onde Fontes estava foi perseguido e colidiu com um ônibus público que transitava pela avenida da praia, no bairro Vila Mirim. Três homens encapuzados então desceram do carro que o perseguia e, armados com fuzis, dispararam contra o alvo.
Fontes é considerado por especialistas de segurança pública como um dos melhores delegados que a corporação já teve e foi um dos pioneiros na investigação sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo. O reconhecimento se deve principalmente devido a sua atuação em 2006, quando ocorreu a grande onda de ataques do PCC contra as forças de segurança pública.
Com uma carreira de 40 anos, Fontes chegou ao cargo máximo da Polícia Civil de São Paulo e foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Ele foi professor de investigação na Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo e professor assistente de Criminologia e Direito Processual Penal na Universidade Anhanguera.
Guilherme Derrite e especialistas comentam o caso
O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, lamentou em suas redes sociais que o ex-delegado geral tenha sido assassinado e afirmou que a pasta trabalha para identificar os autores do crime.
"Determinei integração de força-tarefa, com prioridade definida pelo gov. Tarcísio, para prender os criminosos. O procurador-geral de Justiça ofereceu o apoio do GAECO [Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas]", postou ele em seu perfil no X.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que a ocorrência foi atendida pela Polícia Militar, que localizou o veículo utilizado pelos criminosos. "A cena foi preservada para a realização da perícia, e o caso está sendo registrado na Polícia Civil. Equipes estão em campo, realizando diligências e utilizando ferramentas de inteligência para identificar, prender e responsabilizar os envolvidos", disse em nota.
De acordo com especialistas em segurança pública ouvidos pela Gazeta do Povo, chama a atenção que, no vídeo do crime, os autores do assassinato do ex-delegado geral da Polícia Civil operam de maneira semelhante aos de policiais em operações.
O coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública, chamou a atenção para os elementos em comum entre o assassinato de Ruy Fontes e de Vinicius Gritzbach, delator do PCC morto a tiros por policiais no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ainda assim, Vicente afirmou que ainda é "muito cedo para atribuir a autoria do crime ao PCC".
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