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Coordenador do Hospital das Clinicas defende transição de gênero em crianças e adolescentes na CPI
Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas (HC), ao lado do presidente da CPI, deputado estadual Gil Diniz (PL-SP).| Foto: Carol Jacob/Divulgação/Alesp

Numa sessão que durou mais de quatro horas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o médico psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) do Hospital das Clínicas (HC), discorreu sobre os procedimentos do bloqueio hormonal e transição de gênero.

Foi mais uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Transição de Gênero em Crianças e Adolescentes da Alesp, realizada na quinta-feira (17). O médico psiquiatra começou a fala dizendo que a transição de gênero não é uma doença e que o ambulatório começou o trabalho há 13 anos, não por vontade médica e sim por demanda das próprias famílias que buscam o HC para o procedimento. O médico ressaltou que na época não havia nenhuma legislação sobre o assunto.

Saadeh explicou que, desde então, 1,2 mil famílias procuraram o ambulatório - 30% seguem com acompanhamento e, dessa porcentagem "apenas um número reduzido" está fazendo bloqueio hormonal, segundo o médico. O psiquiatra enfatizou que o Hospital das Clinicas segue a resolução 2.265 do Conselho Federal de Medicinal (CFM), e que não faz cirurgias em crianças e adolescentes, apenas bloqueio hormonal.

“Não estou aqui para defender o que fazemos, mas para deixar claro que não temos intenção nenhuma de transformar ninguém. Com todo respeito eu não sou a besta do apocalipse ou o 666”.

Alexandre Saadeh, médico psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do HC

O médico esclareceu que “o sexo é sempre biológico, mas a identidade de gênero é uma noção subjetiva de quem se é”. Saadeh ainda disse que muitas famílias buscam o ambulatório apenas para aconselhamento e ressaltou que nem todos são tratados com bloqueio hormonal.

“Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar que visa facilitar a vida dessas pessoas. Imagem vocês se perceberem como mulheres e terem barba e gogó, ou o contrário, se perceberem como homem e possuir mamas. Quem sou eu para dizer que aquela pessoa não é o que ela diz ser?”, completou o médico.

Saadeh afirmou que o bloqueio hormonal só pode ser realizado num intervalo curto durante o começo da puberdade e que a idade varia conforme a pessoa. O médico diz que o bloqueio hormonal é totalmente reversível e que não é feito nenhum tipo de cirurgia em crianças e adolescentes: isso só é possível a partir dos 18 anos de idade.

Quanto ao bloqueio hormonal, o médico atesta que, até o presente momento não houve nenhum efeito colateral grave e todos que realizam essa alternativa fazem acompanhamento periódico no ambulatório do Hospital das Clinicas da Universidade de São Paulo.

Participaram da sessão da CPI na Alesp os parlamentares Gil Diniz (PL), Beth Sahão (PT), Tenente Coimbra (PL), Professora Bebel (PT), Tomé Abduch (Republicanos), Guto Zacarias (União Brasil), Guilherme Cortez (PSOL) e Doutor Elton (União Brasil).

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