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Em um país onde até as cidades mais ricas sofrem com uma “fábrica” de moradores de rua, não é surpreendente descobrir que apenas 4,6% dos municípios no território possuem um alto nível de desenvolvimento. Esse é o número revelado pelo mais recente Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que avaliou 5,5 mil municípios brasileiros com base em dados de 2023.
No Brasil inteiro, são apenas 255 municípios com um IFDM considerado alto. Isso significa que esses locais possuem bons resultados nos itens "emprego e renda", "saúde" e "educação". Para cada um, são avaliados critérios como:
- absorção de mão de obra formal
- PIB per capita
- médicos a cada mil habitantes
- taxa de abandono no ensino fundamental e médio.
“Os municípios são essenciais para [avaliar] a eficácia das políticas públicas e para o desenvolvimento local”, pontua o estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), entidade que desde 2008 acompanha o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Para Luiz Césio Caetano, presidente da federação, a realização do índice ajuda a "chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer têm quantidade razoável de médicos para atender a população".
Como exemplo, ele ressalta que, nas cidades com desenvolvimento considerado crítico, o cálculo é de duas décadas de atraso em relação às mais desenvolvidas do país. "É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, afirma.
Quais são os 10 municípios mais desenvolvidos?
Apesar do desempenho positivo das 255 localidades, que estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste brasileiras, nenhuma atinge a nota máxima, considerada um. Os estados de Paraná e São Paulo dividem o top 10 igualmente entre si. Segundo a Firjan, no estado paranaense, cerca de 5,7 milhões de pessoas vivem nas faixas de desenvolvimento alto. Já em São Paulo, o número sobe para 28,8 milhões.
Para se ter uma noção, o levantamento do IFDM aponta que, em todo o Brasil, o número de habitantes nos municípios de alto desenvolvimento é de 46 milhões, ou 21,7% da população. Abaixo, estão elencados quais são os 10 municípios mais desenvolvidos do Brasil, sua nota no IFDM e o número aproximado de habitantes segundo a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2024.
1 - Águas de São Pedro (SP)
- Nota no IFDM: 0,8932
- População estimada: 2.829 pessoas
2 - São Caetano do Sul (SP)
- Nota no IFDM: 0,8882
- População estimada: 172.109 pessoas
3 - Curitiba (PR)
- Nota no IFDM: 0,8855
- População estimada: 1.829.225 pessoas
4 - Maringá (PR)
- Nota no IFDM: 0,8814
- População estimada: 425.983 pessoas
5 - Americana (SP)
- Nota no IFDM: 0,8813
- População estimada: 246.655 pessoas
6 - Toledo (PR)
- Nota no IFDM: 0,8763
- População estimada: 158.620 pessoas
7 - Marechal Cândido Rondon (PR)
- Nota no IFDM: 0,8751
- População estimada: 58.140 pessoas
8 - São José do Rio Preto (SP)
- Nota no IFDM: 0,8750
- População estimada: 501.597 pessoas
9 - Francisco Beltrão (PR)
- Nota no IFDM: 0,8742
- População estimada: 101.302 pessoas
10 - Indaiatuba (SP)
- Nota no IFDM: 0,8723
- População estimada: 267.796 pessoas
As cidades que nunca saíram do top 10 entre as mais desenvolvidas do país
Os 10 municípios apontados como os mais desenvolvidos do país possuem diferenças nítidas entre si. Dentre os melhores resultados, há cidades com milhões de pessoas, centenas de milhares, dezenas de milhares ou até somente milhares. Apenas uma capital (Curitiba) aparece no levantamento, enquanto os outros nove destaques são cidades de interior.
Então, o que há de comum? Além da nota, acima de 0,87, o gerente de estudos econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, aponta que os 10 municípios "mantêm um histórico consistente de bons resultados e que, ao longo da série histórica, sempre estiveram entre as 500 melhores do país". O economista ressalta que Maringá (PR) e Americana (SP) nunca saíram do top 10.
Na educação de alto desenvolvimento, por exemplo, apenas oito em cada 100 alunos do Ensino Médio estão acima da idade recomendada, indicando que 92% dos adolescentes não estão repetindo de ano ou entrando atrasados no ensino. Na área da saúde, locais com alto desenvolvimento se destacam por terem aproximadamente 3,7 médicos por mil habitantes.
Embora o número de profissionais pareça pouco, em locais de desenvolvimento crítico, o número cai para 0,5. Por fim, no caso de emprego e renda, os 10 municípios possuem 39,4% da população com emprego formal e 22,3% vivendo em situação de pobreza ou baixa renda. No Brasil de baixo desenvolvimento, o primeiro número cai para 9,3% e o segundo cresce para 66,8%.
"Essas cidades têm desempenho acima da média nas três áreas, mas o que mais chama atenção é a força do mercado de trabalho local. Todas registraram notas superiores a 0,9 ponto em emprego e renda, com destaque para Maringá e Curitiba, que atingiram nota máxima nesse indicador", enfatiza Goulart.
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