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A decoração de Natal no centro histórico de São Paulo em 2025 é um marco na história do município. Milhares de luzes, enfeites e atrações gratuitas em pontos icônicos como a praça da Sé, o Pateo do Collegio e o Theatro Municipal convidam turistas de todas as regiões a caminhar pelo local.
O investimento municipal é alto, de aproximadamente R$ 37,5 milhões, mas é aprovado pelo paulistano, que voltou ao centro após as ações realizadas nos últimos anos tanto pela gestão de Ricardo Nunes (MDB) quanto pelo governo do estado de São Paulo. As medidas — principalmente o fim da cracolândia — permitiram que a região voltasse a ser habitada, especialmente durante a noite.
"O Natal deste ano é um resgate da identidade paulistana, que voltou a frequentar o centro da cidade", diz Marcone Moraes, presidente da Associação Pró-Centro.
Luzes, árvores de Natal e projeções no centro histórico de São Paulo
Mesmo sem a decoração de Natal, os edifícios tombados do centro, com arquitetura do final do século XIX e início do século XX, atraem turistas durante todo o ano. Por décadas, porém, as ruas marcadas pela presença de usuários de drogas, traficantes, pessoas em situação de rua, lixo acumulado e imóveis abandonados afastavam moradores e visitantes.
Nos últimos meses, a região recuperou vida e o período natalino ampliou o movimento de retomada do centro. A cidade recebeu o maior projeto de iluminação de Natal de sua história, com 500 mil lâmpadas apenas nas regiões central e da avenida Paulista e mais de 50 pontos com arcos luminosos, árvores decoradas e projeções mapeadas.
Na praça da Sé, todas as árvores receberam iluminação especial, enquanto as palmeiras formam um corredor de luz em direção à catedral da Sé, que ganhou projeção mapeada diária. O viaduto Santa Ifigênia, recentemente restaurado, foi decorado com arcos e guirlandas, e o histórico edifício Martinelli recebeu luzes verdes e vermelhas. Há também projeções no Theatro Municipal, nos Correios, no Pateo do Collegio e no edifício Matarazzo, sede da prefeitura.
O circuito natalino inclui atividades gratuitas como a pista de patinação no largo São Bento, brinquedos infantis, presépios, espetáculos culturais, cortejos e apresentações de corais e orquestras entre 27 de dezembro e 6 de janeiro.
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A revitalização do centro é resultado de ações em diferentes frentes: segurança pública, assistência social e combate ao tráfico de drogas. Paralelamente, houve a desburocratização dos investimentos na região.
"Nós vemos empresas abrindo, pessoas vindo morar no centro e um conjunto maior de conjuntos habitacionais sendo entregues", afirma Marcone Moraes, presidente da Associação Pró-Centro. De acordo com ele, o excesso de burocracia se iniciou na gestão de Luiza Erundina, então no PT, no início dos anos 1990, quando foram criados 86 conselhos municipais.
Nos últimos anos, no entanto, algumas iniciativas têm facilitado a manutenção de imóveis tombados. Entre elas, programas como o Requalifica Centro, de incentivos fiscais e edílicos para a requalificação de imóveis na região.
"Vemos a abertura de novas lojas e empresas no centro histórico, policiamento ostensivo com monitoramento por câmeras inteligentes através do Smartsampa e ações de zeladoria com limpeza e recolhimento de lixo", ressalta Roberto Mateus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Ordine cita ainda as melhorias no setor de iluminação pública, para além da decoração de Natal, e o grande número de funcionários da prefeitura atuando diariamente na região. “Circulam pelo centro mais de 600 mil pessoas, sendo 11 mil funcionários da prefeitura. Na avenida 25 de março, o número de compradores cresceu muito, e o de moradores também vem aumentando. Esse conjunto de fatos indica que o centro da cidade está revitalizado”, avalia.
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Para Robson Mendonça, ex-morador de rua e presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, os dependentes químicos que antes ficavam na cracolândia migraram para outras áreas da cidade. "Este ano teremos um Natal de turista, não para os pobres”, critica. “Com o Natal Iluminado, com presépio e enfeite em tudo quanto é canto, a população de rua foi expulsa desses locais", opina.
Mendonça relata que a Guarda Municipal de São Paulo e a Polícia Militar intensificaram as fiscalizações na região, chegando a realizar quatro rondas por noite em locais críticos, como embaixo do elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão.
Apesar das queixas, especialistas defendem que espaços como a praça da Sé, que durante anos foram ocupados por pessoas em situação de rua e dependentes químicos, devem cumprir a função social de lazer para os cidadãos. A população vulnerável, ainda conforme os analistas, deve ser encaminhada para locais com cuidados adequados e infraestrutura para acolhimento dessas pessoas.
Em 2026, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) realizará o leilão do novo centro administrativo, que transferirá para a região central a nova sede do governo do estado de São Paulo. Orçado em R$ 6 bilhões, o projeto será uma parceria público-privada (PPP) responsável por construir e gerir o complexo. Mais uma iniciativa que promete revitalizar e trazer movimento para o centro da capital.








