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O programa Café com a Gazeta do Povo recebeu nesta quarta-feira (25) a promotora do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) Celeste Leite. Na entrevista, a promotora alertou para a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) em 28 países.
Em uma análise sobre o combate ao crime organizado, Celeste destacou a expansão internacional do PCC e os principais desafios enfrentados pelas autoridades no Brasil e no exterior. A promotora lembrou que a facção surgiu em 1993 “como uma forma de resposta ao que ocorreu no Carandiru, com apenas oito detentos”, o que fortaleceu a união entre os presos sob supostos ideais de justiça, paz e união.
Segundo Celeste, a principal fonte de renda do PCC é o tráfico de drogas. “Não que ele se restrinja a essa modalidade criminosa, mas é a principal”, afirmou. Ela apontou a Bolívia como o “principal parceiro comercial de cocaína” da facção, já que o país não tem acesso ao mar, depende do Brasil para enviar a droga à Europa e à Ásia. O Paraguai, segundo maior produtor de maconha do mundo, também é um aliado importante".
Um dos maiores desafios no combate ao crime organizado, segundo a promotora, é a “grande fragilidade nas fronteiras”. Embora exista um projeto piloto em andamento no Mato Grosso do Sul, com uso de tecnologia avançada, a previsão para a implementação de uma gestão eficiente em todo o país é apenas para 2035. “O crime organizado não acompanha essa amorosidade que temos”, alerta a promotora.
Ela apontou ainda o funcionamento da “sintonia” do PCC, um sistema que opera como “departamentos dentro do PCC”, funcionando “justamente como uma empresa bem organizada”. É a sintonia que transmite ordens e comunicados aos integrantes da facção.
Além do tráfico, Celeste destacou a atuação da organização criminosa em extorsões. Ela revelou a existência de uma investigação sigilosa sobre um banco, indicando “que de fato houve financiamento de candidatos, do PCC”.
Apesar dos obstáculos, a promotora vê sinais de avanço. “Essas estratégias estão sendo descobertas. É preciso investir em capacitação dos policiais, utilizar inteligência artificial, seguir o dinheiro, mesmo no ambiente digital, o dinheiro sempre deixa rastros”, concluiu.
O Café com a Gazeta do Povo vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 10h, ao vivo de Curitiba, com apresentação de Guilherme Oliveira, e de São Paulo, com Lucas Saba.
Assista o Café com a Gazeta do Povo desta quarta-feira (25) na íntegra.




