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O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, afirmou nesta segunda-feira (21) que o próximo papa da Igreja Católica pode vir de qualquer continente e ser "africano ou asiático". A declaração ocorreu durante uma coletiva de imprensa sobre a morte do papa Francisco, na Catedral da Sé, em São Paulo.
Segundo Scherer, a diversidade de nacionalidades entre os cardeais pode influenciar o resultado do Conclave. "Ninguém deveria se surpreender se fosse escolhido um cardeal africano para ser papa ou um cardeal asiático para ser papa ou novamente um cardeal italiano para ser papa. Está nas possibilidades. Se isso acontecer, não significará que a igreja voltou-se só para África ou voltou-se apenas para Ásia, voltou às costas para América ou voltou a se centrar na Europa”, disse.
Em seguida, o arcebispo afirmou que a internacionalização no Colégio Cardinalício é reflexo direto do pontificado de Francisco. “O que mudou é que, desde o papa Francisco para cá, o colégio dos cardeais hoje está muito mais internacionalizado do que antes. A grande maioria dos cardeais não são mais os europeus. As Américas Latina e do Norte têm um grande peso. A África tem um peso significativo e a Ásia também tem um peso no Colégio Cardinalício”, explicou.
O cardeal, nomeado por Bento XVI em 2007, ressaltou que ainda não é possível prever quem será o novo papa, tampouco seu perfil político ou nacionalidade. No entanto, fez questão de enfatizar que ele será distinto de seu antecessor.
Dom Odilo frisou que, apesar das especulações que devem surgir nos próximos dias, a escolha do novo pontífice será pautada pela oração e responsabilidade coletiva dos cardeais.
“A escolha do papa não é um conchavo feito anteriormente, já pronto. Isso é fantasia. A escolha do papa vem de um discernimento que se faz em um clima de oração e de um auto-senso de responsabilidade em relação à Igreja. A responsabilidade é pela Igreja, não de salvar uma ideologia ou um partido ou um gosto. Não é uma campanha eleitoral”, explicou.
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Possível perfil do novo papa
Ao comentar sobre os critérios esperados para o novo líder da Igreja Católica, dom Odilo disse que certos princípios são básicos e esperados, independentemente do perfil do eleito.
“Ninguém espera um papa a favor da guerra. Ninguém espera um papa que não cuide dos pobres. Ninguém espera um papa que não diga aos padres para que sejam bem formados. Isso é a norma geral. Portanto, o próximo papa será alguém que vai cuidar bem da vida da Igreja e da missão da Igreja. Porém, o próximo papa será uma pessoa humana, não será um robô”, reforçou.
Questionado sobre o rótulo de “progressista” ou “conservador”, dom Odilo minimizou a relevância dessa divisão dentro da Igreja.
“A preocupação na escolha do papa, com toda certeza, não é a questão se ele é progressista ou conservador. Esta é uma preocupação externa. O evangelho é tanto progressista quanto conservador. Claramente a opção pelos pobres, a atenção à justiça social, o cuidado dos migrantes e a preocupação com a paz do mundo não são posturas progressistas ou conservadoras, são posturas do evangelho”.
Com a morte de Francisco, as discussões em torno do futuro da Igreja ganham força, mas, segundo dom Odilo, é fundamental que os fiéis confiem no processo que guia a escolha de um novo pontífice — um processo espiritual e não político.








