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A Bancada Feminista do PSOL da Câmara Municipal de São Paulo apresentou uma denúncia à Corregedoria da Casa contra cinco parlamentares que exibiram cartazes com os dizeres “greve é vagabundagem” durante a votação do reajuste salarial dos servidores públicos, na última quinta-feira (23).
Foram alvo da representação os vereadores Lucas Pavanato (PL), Rubinho Nunes (União Brasil), Cris Monteiro (Novo), Amanda Vettorazzo (União Brasil) e Adrilles Jorge (União Brasil). Para as parlamentares do PSOL, o ato caracteriza quebra de decoro parlamentar. Elas pedem a abertura de um processo disciplinar.
A sessão em questão foi marcada por protestos de servidores, que exigiam um aumento de 12,9% nos salários. O projeto aprovado, de autoria do prefeito Ricardo Nunes (MDB), concedeu apenas 5,2% de reajuste, dividido em duas parcelas anuais — 2,6% ainda este ano e 2,55% em maio de 2026.
Além da denúncia coletiva, a vereadora Luana Alves (PSOL) protocolou outra representação individual contra a vereadora Cris Monteiro. O motivo: uma fala de Monteiro durante outra sessão, em que afirmou que causava incômodo por ser “uma mulher branca, bonita e rica”. Para Luana, a declaração foi racista e fere o decoro parlamentar.
Os vereadores criticaram as denúncias e mantiveram suas posições, segundo a Folha de S.Paulo. Ao ser questionado pelo jornal, Pavanato reagiu de forma irônica: “Estou cagando para a denúncia”. Adrilles defendeu o conteúdo do cartaz: “O princípio da greve, não adequado a uma circunstância legítima e justa, é uma vagabundagem”.
Rubinho Nunes, presidente da Corregedoria, classificou a acusação como “tão estúpida quanto todos os atos e opiniões dessa gente”. Ele, no entanto, ficará impedido de atuar no processo disciplinar por estar entre os denunciados. Vettorazzo também minimizou a denúncia e criticou os manifestantes presentes na sessão: “Eram sindicalistas que vivem às custas do trabalhador através de aberrações como o imposto sindical”.
Já Cris Monteiro, em nota à imprensa, lamentou a repercussão de sua fala. “Reforço que em nenhum momento tive a intenção de ofender qualquer pessoa”, afirmou. Ela, porém, não comentou diretamente a denúncia sobre os cartazes.
A sessão que aprovou o projeto foi marcada por confusão. Em meio à votação, Rubinho Nunes e Toninho Vespoli (PSOL) chegaram a trocar empurrões. Rubinho tentou arrancar das mãos de Vespoli um cartaz que dizia: “vagabundagem é vereador que quer lacrar na internet”. Toninho reagiu puxando o cartaz de volta e atingiu Rubinho nas costas com o papel.
Agora, cabe à Corregedoria da Câmara decidir se as representações seguirão adiante e quais medidas disciplinares poderão ser aplicadas.
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