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A prefeitura de São Paulo criou um grupo de trabalho intersecretarial para desenvolver estudos e propor diretrizes para viabilizar a implantação e operação das aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOLs), os “carros voadores”. Esse é considerado um passo importante, pois a capital paulista é apontada como um dos principais cenários para receber essa tecnologia.
Os eVTOLs são aeronaves voltadas especialmente para o transporte de passageiros nos grandes centros urbanos. Eles são mais econômicos, silenciosos e emitem menos gases do efeito estufa na comparação com os helicópteros. Além disso, têm a capacidade de decolar e pousar verticalmente, dando vantagens para a operação em cidades com muitos prédios.
De acordo com a portaria da Secretaria do Governo Municipal, o grupo de trabalho vai envolver seis secretarias e órgãos da administração municipal, como São Paulo Urbanismo, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Agência São Paulo de Desenvolvimento. Cada órgão terá dois representantes para discutir os próximos passos para a implantação dos eVTOLs na cidade.
A capital paulista é apontada como um dos principais cenários para receber a tecnologia dos carros voadores.
A portaria ainda abre a possibilidade de "convidar representantes de órgãos federais e estaduais, da sociedade civil, da academia, bem como especialistas e entidades do setor privado com notório conhecimento técnico para colaborar com os estudos e elaboração de propostas". O grupo tem um prazo de 12 meses para concluir os trabalhos, contando a partir da publicação no Diário Oficial da prefeitura, feita em 7 de julho.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está avançando com regulamentações específicas para esse novo mercado dos "carros voadores". Neste ano, lançou um sandbox regulatório que prevê a construção em ambiente experimental de dois vertiportos — locais de pouso e decolagem dos eVTOLs — para ajudar na construção das regras para infraestrutura.
Um dos vertiportos será construído no aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo. Além disso, a agência avançou com propostas de regulamentos para pilotos e segurança de operação.
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A Eve Air Mobility, empresa do grupo Embraer, está fabricando o seu eVTOL para quatro passageiros. O primeiro protótipo deve voar ainda este ano e a previsão é de que a entrada em operação ocorra em 2028, começando pelo Brasil. A empresa é a principal fabricante do mundo em número de intenções de compra — são cerca de 3 mil. Outras fabricantes estão em processo mais avançado de certificação e devem voar comercialmente em 2026 no Oriente Médio e nos Estados Unidos.
A empresa do grupo Embraer estima que, em 2045, o setor dos eVTOLs deve contar com uma frota de 30 mil aeronaves em todo o mundo. Entre 2026 e 2045, a expectativa é de que 3 bilhões de passageiros sejam transportados, gerando uma receita de US$ 280 bilhões para os operadores.
A América Latina deve responder, em 2045, por 7% de toda a frota, o equivalente a 2.060 aeronaves. E São Paulo deverá ser a principal cidade, com voos entre aeroportos (Campo de Marte, Congonhas e Guarulhos), entre pontos de interesse e para cidades próximas, como Jundiaí. A Gol, por exemplo, planeja voar entre os aeroportos de Congonhas e Guarulhos — a companhia aérea usará um eVTOL da fabricante britânica Vertical Aerospace.
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